sábado, 31 de maio de 2014

TEMA. REDE SOCIAL E A PERDA DE TEMPO.

A riqueza de informação cria a pobreza de atenção”
Hebert Simon, economista, vencedor do Nobel.
 “No começo desta década, a contagem de mensagens de texto mensais disparou para 3.417, o dobro do número de apenas poucos anos atrás. Enquanto isso, o tempo que passam ao telefone caiu. O adolescente médio americano recebe e envia mais de cem mensagens de texto por dia, cerca de dez a cada hora acordado. [....]
 As crianças de hoje estão crescendo numa nova realidade, na qual estão conectadas mais a máquinas e menos a pessoas de uma maneira que jamais aconteceu antes na história da humanidade. Isso é perturbador por diversos motivos. Por exemplo: o circuito social e emocional do cérebro de uma criança aprende através dos contatos e das conversas com todos que ela encontra 
durante um dia. Essas interações moldam o circuito cerebral. Menos horas passadas com gente — e mais horas olhando fixamente para uma tela digitalizada — são o prenúncio de déficits.” Daniel Goleman, FOCO, Ed. Objetiva.
PROPOSTA: Com base nas informações do texto e em outras de seu conhecimento sobre o assunto, elabore um texto dissertativo 
que apresente considerações sobre o seguinte fato:
O impacto da quantidade de informação e os estímulos gerados pelas redes sociais consomem 
a atenção do indivíduo, distanciando-o do seu foco da realidade.
http://cpv.com.br/vestibulares/ESPM/2014/semestre2/resolucoes/resolucao_redacao_espm_2014_sem2.pdf

TEMA. BOICOTE À COPA

Você acha válido aproveitar o evento que é a Copa do Mundo para fazer protestos ( interrogação).
Escreva um texto dissertativo que busque analisar as consequências prováveis desses protestos.

TEXTO 1
Para compartilhar esse conteúdo, por favor utilize o link http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/02/1414901-manifestacoes-contra-a-copa-planejam-ate-apagao-durante-jogo.shtml ou as ferramentas oferecidas na página. Textos, fotos, artes e vídeos da Folha estão protegidos pela legislação brasileira sobre direito autoral. Não reproduza o conteúdo do jornal em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br). As regras têm como objetivo proteger o investimento que a Folha faz na qualidade de seu jornalismo. Se precisa copiar trecho de texto da Folha para uso privado, por favor logue-se como assinante ou cadastrado.
TEXTO 2
Seis meses após as manifestações que tomaram as ruas de junho, ativistas marcam uma manifestação nacional para este sábado (25). Trazendo de volta questionamentos anteriores acerca da qualidade da saúde e educação no país, o evento foi Marcado como o primeiro contra a Copa do Mundo em 2014, e a página do evento no facebook já conta com mais de 20 mil confirmações.
Segundo o texto do evento nacional, assinado pelo grupo de cyberativismo Anonymous, as manifestações acontecem pela falta de serviços públicos básicos no país, como a saúde: "Observando o tamanho das filas e a quantidade de mortes por falta de atendimento em hospitais, percebe-se que a necessidade de cuidar do povo como principal tesouro do país não tem sido considerada".
Problemas
O grupo alerta tambem para o aumento da prostituição infantil, da fome, e para os problemas da educação, entre outros. "Enquanto isso, Junho passou. Cadê a reforma política prometida pela presidenta Dilma? Via plebiscito ou não, desapareceu. Não houve nenhuma mudança real no parâmetro político ou social desde o começo dos levantes. Durante os jogos da Copa das Confederações em Junho, todas as cidades lutaram pelo fim dos jogos. O Brasil precisa mudar, e não é no futebol. O clamor popular de Janeiro em diante terá apenas uma voz: NÃO VAI TER COPA. ", afirmam eles.
Além do evento nacional, há páginas marcando manifestações em muitas cidades do brasil, e em quase todas as capitais. Em So Paulo a marcha irá coincidir com o aniversário da cidade, e o evento já conta com 23 mil confirmados. No Rio de Janeiro 5 mil pessoas confirmaram e no resto do Brasil algo em torno de 2 MIL.  .http://www.carosamigos.com.br/index.php/cotidiano/3856-primeira-manifestacao-nacional-contra-a-copa-acontece-neste-sabado-25

TEXTO 3
Há um pensamento em voga entre nós: devíamos sabotar a Copa, torcer contra, colaborar para que “não haja” Copa. Isto seria a coisa cívica e correta a fazer – usar a Copa do Mundo no Brasil não para vender ao mundo uma imagem boa do país, mas, ao contrário, para revelar nossas mazelas, para admitir nossas iniquidades diante do planeta.
Isto seria um levante contra “tudo isso que está aí” – o maldito padrão Fifa que não conseguimos alcançar e que nos humilha; nossa incapacidade histórica de fazer qualquer coisa honestamente, sem cobrar ou pagar propina; a economia que não anda; nossa ineficiência estrutural e nossa leniência crônica que nunca cumprem o que promete, que perdem prazos e desrespeitam contratos; nossa falência como nação que não consegue andar para frente em tantos aspectos essenciais; nossa incompetência em superar essa fenda social profunda que nos divide há séculos em duas castas que se odeiam, às vezes em silêncio, às vezes nem tanto.
Mas sabotar a Copa funcionaria também como uma espécie de autoexpiação pública e mundial, transformando nossas questões nacionais, internas, num inesquecível fiasco global. Como se a Copa do Mundo deixasse de ser uma festa para virar uma chibata. Como se o maior evento do planeta, que nos foi confiado e que nós brigamos para receber, não representasse um momento de alegria mas sim uma oportunidade de gerar constrangimento, vergonha, decepção e má publicidade.
Sorrir virou uma assunção de cretinice. Torcer pelas cores nacionais na Copa virou um crime. Exercer o gosto pelo futebol, um traço nacional, virou coisa de gente pusilânime.
Ao mesmo tempo, ver o Brasil mal retratado na imprensa de outros países virou uma alegria. Passamos a gostar da ideia de esfregar nossos aleijões na cara da audiência internacional – tendo especial regozijo ao ver a classe média do resto do mundo virar de lado e tampar o nariz. Adoramos jogar lama no próprio rosto. E convidamos os outros a nos enlamear também. Estamos torcendo para que as coisas funcionem mal, e para que tudo dê errado, e para que não consigamos fazer nada direito, para que tragédias aconteçam, para que tudo mais vá para o inferno.
Estamos vibrando com a derrocada daquilo que mais odiamos. E o que mais odiamos parece ser o Brasil. Como se o Brasil não fôssemos, tão e simplesmente, nós mesmos.
Tenho muita dificuldade de entrar nessa onda de autoimolação. E na inconsequência juvenil dessa postura “quanto pior, melhor”. Há um niilismo contido nesse pensamento, e um masoquismo meio piegas e vazio nessa proposta, um espírito de porco oco e doentio, que me desagradam profundamente. Talvez porque haja muita destruição aí – e eu seja um construtor. Talvez porque haja muita coisa prestes a ser posta abaixo, indiscriminadamente, e eu seja um criador que gosta de erguer obras. Não sou um demolidor de paredes. Então não consigo achar que botar fogo no circo com todo mundo debaixo da lona possa ser uma boa ideia. Talvez por já ter vivido fora do país, e visto o Brasil lá de fora. E por ter dois filhos brasileiros, que terão seu futuro próximo acontecendo por aqui. E por já estar vivendo meu 43. ano de vida. Já estou muito velho para achar que arrasar a terra possa facilitar o nascimento de alguma outra coisa sobre ela.
Fico imaginando esse mesmo pensamento noutros países. Cito apenas alguns. Você completa o quadro.
Na Copa de 2002, o Japão deveria, logo na abertura, fazer menção a seus crimes de guerra, que não foram poucos, pelos quais jamais se desculpou. Ou então alertar para o tratamento discriminatório até hoje imposto aos burakumin – pessoas  que exercem profissões “impuras”, como coveiros e açougueiros. Ou protestar contra a xenofobia, e o sentimento de isolamento (quando não de superioridade) racial que ainda hoje permeia a sociedade japonesa.
A Coréia, no mesmo ano, deveria denunciar seu patriarcalismo opressor e a violência doméstica contra mulheres que é uma espécie de direito adquirido dos homens por lá até hoje – quase 60% das esposas afirmam sofrer algum tipo de abuso dentro de casa.
Os Estados Unidos deveriam ter encerrado a Copa de 1994 com uma apoteose em forma de perdão pela barbaridade das duas bombas atômicas que atiraram covardemente sobre a população civil de duas cidades, em nome de um teste científico (afinal, gente amarela não é gente, né?) e de um aviso nuclear aos novos inimigos. Foram 250 000 mortos, entre crianças, mulheres, bebês, velhos, gestantes, recém nascidos. Ou então a apoteose deveria representar uma elegia às populações indígenas americanas massacradas. Ou aos mortos de todas as ditaduras que os Estados Unidos apoiaram ao longo de décadas, inclusive ensinando as melhores técnicas para “prender e arrebentar”, para vigiar e punir e esganar. Os Estados Unidos também poderiam se retirar da Copa, e também das Olimpíadas, bem como de todas as competições internacionais em que costumam brilhar, em protesto contra o fato de serem a maior economia do mundo e até hoje não terem tido a capacidade de oferecer um sistema público de saúde universal aos trabalhadores que produzem essa riqueza toda – quase 50 milhões de americanos simplesmente não tem a quem recorrer se ficarem doentes.
A África do Sul, em 2010, deveria ter alardeado sua liderança mundial em estupros – 128 estupros por 100 000 habitantes. (Ah, sim. Na Nigéria, que receberemos esse ano, o estupro marital não é considerado crime. A delegação nigeriana, composta de maridos, deveria entrar no Itaquerão empunhando essa bandeira?)
A Itália e a Espanha, as duas últimas campeãs mundiais, nem deveriam vir à Copa. Na Itália, o desemprego entre os jovens é de 38,5% – no Sul, a região mais pobre do país, a taxa é de 50%. Ano passado, 134 lojas fechavam diariamente na bota – mais de 224 000 pontos já fecharam no varejo italiano desde 2008. Na Espanha, o desemprego está batendo em 30% na população em geral. Entre os jovens, já encostou também nos 50%.
Ou seja, se fossem países sérios, Espanha e Itália não perderiam tempo e recursos participando de um evento da Fifa, essa corja internacional, e se dedicariam com mais a afinco a resolver seu problemas, que são muito graves. Trata-se de países à beira da bancarrota. (Só para comparar, a taxa de desemprego no Brasil, esse fim de mundo em que vivemos, é de 4,9%). Os americanos, se merecessem os hambúrgueres que comem, deveriam usar a visibilidade da Copa, já que nem gostam de futebol mesmo, para chamarem a atenção para a tremenda injustiça e para o absurdo descaso que enfrentam em seu sistema público de saúde. E, se tivessem um pingo de vergonha na cara, espanhois e italianos se recusariam a vir para a Copa, a torcer por suas seleções na Copa, e se postariam de costas para os televisores e sairiam quebrando vitrines (das lojas que ainda lhes restam) a cada gol de Iniesta ou de Balotelli. Mais ou menos como estamos planejando fazer por aqui em represália aos êxitos de Neymar e cia.
Eis a lição que o Brasil está prestes a dar ao mundo.

Proposta de redação. Tema. Linchamento.



http://www.contextolivre.com.br/2014/05/o-linchamento-e-o-linchamento-dos.html

Sei que não se deve dar conteúdo da Veja. Ocorre que a Fuvest usa a revista nas suas propostas de redação. Então, aí vai, pessoal! 

texto 2
http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/lei-e-ordem/o-horror-o-horror-a-besta-humana-e-o-linchamento-publico-na-era-das-redes-sociais/





Fabiane, 33, era mãe de duas garotas - de 12 anos e 1 ano -, esposa dedicada à rotina de casa, diarista eventual em casas de famílias e de turistas de fim de semana e religiosa.
Ela viu-se confundida com o demônio que só existia na alma fria e inconsciente da internet alimentada por algum irresponsável, paradoxalmente responsável pela fanpage "Guarujá Alerta", e no subconsciente de um povo que ainda crê ser possível reeditar a Lei do Talião – "olho por olho, dente por dente" – e o princípio bárbaro de quem imagina ser possível fazer justiça com as próprias mãos.
A raiz da tragédia vivida por Fabiane em sua morte selvagem é social, sem dúvidas, mas sua raiz é tecnológica: a internet democrática por natureza, aberta por definição, desfazedora de arranjos sociais confortáveis ao poder estabelecido por missão (afinal, dá voz igual a todos, e tem de ser assim).
A rede carece de padrões de credibilidade que definam o que é joio e trigo, como desde que o mundo é mundo se faz nos veículos tradicionais de comunicação. E que ajudem a separar joio de trigo, fazendo germinar o trigo, disseminando-o, e incinerando o joio.
O corpo disforme e conspurcado de Fabiane, jovem que surgia doce nas fotos inocentes de uma vida plácida em família, publicadas depois da tragédia por reportagens que tentaram explicar o inexplicável e resgatar o que já se alienou, tem de ser o derradeiro sinal de alerta para a sociedade brasileira: internet é capaz de matar. No caso dela, matou com requintes flagrantes de crueldade e vileza.

texto 4 ( é bem longo, leia se tiver tempo. Mas ele é bom demais)
O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://alias.estadao.com.br/noticias/geral,quinhentos-mil-contra-um,125893
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Proposta da Fuvest. 1996


Vídeo pode ajudar na escrita. Se tiver tempo, veja-o. 

1. Leia atentamente os textos dados, procurando identificar a questão neles tratada.
2. Escreva uma dissertação em prosa, relacionando os dois textos e expondo argumentos que sustentem seu próprio ponto de vista.
Texto 1
Entre os Maoris, um povo polinésio, existe uma dança destinada a proteger as sementeiras de batatas, que quando novas são muito vulneráveis aos ventos do leste: as mulheres executam a dança, entre os batatais, simulando com os movimentos dos corpos o vento, a chuva, o desenvolvimento e o florescimento do batatal, sendo esta dança acompanhada de uma canção que é um apelo para que o batatal siga o exemplo do bailado. As mulheres interpretam em fantasia a realização prática de um desejo. É nisto que consiste a magia: uma técnica ilusória destinada a suplementar a técnica real.
Mas essa técnica ilusória não é vã. A dança não pode exercer qualquer feito direto sobre as batatas, mas pode ter (como de fato tem) um efeito apreciável sobre as mulheres. Inspiradas pela convicção de que a dança protege a colheita, entregam-se ao trabalho com mais confiança e mais energia. E, deste modo, a dança acaba, afinal, por ter um efeito sobre a colheita.
[George Thomson]

Texto 2
A ciência livra-nos do medo, combatendo com respostas objetivas esse veneno subjetivo. Com um bom pára-raios, quem em casa teme as tempestades? Todo ritual mítico está condenado a desaparecer; a função dos mitos se estreita a cada invenção, e todo vazio em que o pensamento mágico imperava está sendo preenchido pelo efeito de uma operação racional. Quanto à arte, continuará a fazer o que pode: entreter o homem nas pausas de seu trabalho, desembaraçada agora de qualquer outra missão, que não mais é preciso lhe atribuir.[Hercule Granville]

Marcelo Gleiser - Ciência e religião: em busca do desconhecido


Escreva um texto que contenha uma Proposta de Intervenção para o bullying.

Leia o comecinho do texto e depois acesse o site.  Há filmes.Se tiver tempo , veja-os.
A defesa da adolescente de 14 anos que agrediu a colega de classe Ágatha Luana Roque, 15, dentro da sala de aula da Escola Estadual Castelo Branco, em Limeira, afirma que o caso foi motivado por ofensas raciais. Acusada de lesão corporal, a menor está apreendida em uma unidade da Fundação Casa e aguarda sentença judicial sobre o caso. A família da vítima nega a versão e mantém a informação de que o crime teria sido motivado pela inveja das meninas,causada pela beleza de Ágatha.
Segundo José Renato Pereira, advogado da menor de 14 anos, a agressão, ocorrida em 8 de abril, foi antecedida por uma série de ofensas raciais. A menor apreendida teria sido chamada por Ágatha de "neguinha do cabelo duro". "Não foi só no dia da agressão, isso já vinha de antes. Minha cliente foi provocada, com insultos raciais. Há, no processo, testemunhas que comprovam isso", disse.
FILME 'O CLUBE DOS CINCO ( P VER NO FIM DE SEMANA )'. http://www.assistirfilmesantigos.net/2013/03/clube-dos-cinco-dublado.html

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Greves.

Uma greve selvagem e seus mistérios

28 de maio de 2014 | 2h 09

Os últimos fatos nos permitem reflexões pouco agradáveis. No Rio de Janeiro e em São Paulo, assistimos a greves que uma autoridade definiu como "greves selvagens" - wild cat strikes, como eram chamadas nos Estados Unidos. A greve selvagem é aquela feita não apenas contra o patrão, mas também contra o sindicato da categoria, já que os trabalhadores que param o trabalho não obedecem mais à direção sindical.
Selvagem ou não, uma greve tem sempre um objetivo e um inimigo. Os grevistas pretendem conseguir melhores salários e condições de trabalho. Tornando-se um instrumento de luta da classe operária, o objetivo (podemos dizer a necessidade) era sempre salário e o inimigo era sempre o mesmo - o patrão. Se a população viesse a sentir falta de algo que pelos grevistas era produzido, isso não seria importante, seria problema menor, pois a greve não duraria o suficiente para que os "civis" contra eles se voltassem. As coisas mudaram de figura quando as greves afetaram setores essenciais à vida da cidade ou feriram os interesses do Estado. Neste último caso, um caráter insurrecional poderia ser-lhe atribuído. Sorel pensou na greve geral como "mito" para fazer a revolução.
No Rio e em São Paulo, os prejudicados foram menos os patrões do que a população. Em São Paulo (no Rio deve ter acontecido o mesmo), os "civis" faltaram ao trabalho, dormiram na rua, arriscaram-se a tudo. O prefeito Fernando Haddad, experimentando sabor amargo, teve reação emocional: "Sabotagem! Guerrilha!". Academicamente, tomemos suas palavras como base de nossa reflexão.
Comentando a greve geral inglesa de 1926, Haya de la Torre fez importante observação que serve aos estudiosos e às autoridades: "O significativo não é que 3 milhões de trabalhadores tenham parado, mas, sim, 3 milhões de trabalhadores em greve tenham voltado ao trabalho. Isso se chama organização!".
Cansamos de ver na TV um comandante fazer a tropa de assalto acertar os relógios para que a operação seja coordenada. A tropa, presume-se, terá sido treinada a obedecer e agir ordenadamente. Vejamos, então, São Paulo. Os ônibus saem das garagens e, logo em seguida, praticamente todos ao mesmo tempo, de maneira ordenada, param nas ruas. Há, portanto, uma organização por trás de todo esse movimento grevista, que pouco se incomoda com o sofrimento da população ou com sua reação. A grande "parada" foi na terça-feira. Na quarta-feira os ônibus começaram a voltar, enquanto os representantes dos grevistas parlamentavam com os representantes patronais, os da Prefeitura e os dirigentes sindicais (estes por que?). A precisão com que os ônibus pararam e depois voltaram a rodar sem que as reivindicações tivessem sido atendidas permite supor que a "tropa" foi treinada a obedecer e a fazer aquilo que todos sabiam dever ser feito. Ou a operação teria sido uma desordem sem fim.
A observação do prefeito sobre "guerrilha" permite essas considerações pouco tranquilizadoras. Inquietantes, sim, porque os fatos levam à conclusão de que existe uma organização não conhecida, talvez ilegal, que pode parar a cidade ou o País sem que haja reação alguma. Não houve reação e não haverá porque o Estado não está preparado para esse tipo de perturbação da ordem, que deixa a população à mercê não se sabe de quem.
Sabemos qual o objetivo expresso: salário maior do que o que foi conseguido pelo sindicato. Não sabemos, porém, quem é o inimigo que se procura atingir com essa demonstração de força - que poderá voltar a repetir-se em outra oportunidade qualquer - nem qual objetivo principal ou acessório possa ter.
Não custa lembrar a História: logo depois da libertação, a CGT francesa (PC) decretou greve geral para mudar a política de austeridade imposta pela guerra e mudar o governo, se possível. Nada mais! O governo mobilizou os grevistas e o movimento acabou - também porque o Exército obedeceu e a população afetada pela greve concordou. Durante a Guerra da Coreia, uma greve paralisou as ferrovias. Truman aplicou a Lei Taft-Hartley, mobilizou os grevistas, e a greve acabou.
O governo francês e Truman sabiam o que estava em jogo. Nós, não! Sabemos apenas que há uma organização, informal que seja, valendo-se das facilidades das redes sociais (hipótese pouco provável) para... Para quê? Não se trata de derrubar o governo nem de mudar a política econômica. Muito menos desacreditar o governador do Estado. Atingir Haddad e outros prefeitos, que não teriam condições (em tempos normais) de fazer os patrões voltarem atrás, desmoralizando acordo feito dentro da lei e aumentando tarifas em tempo de eleição?
O difícil numa guerra (a "luta de classes" é, no fundo, uma guerra) é conhecer os objetivos reais do inimigo e seus planos de ataque. Sem conhecê-los a derrota é praticamente inevitável. Essa é a questão que Haddad trouxe à discussão quando exclamou "guerrilha!": contra quem lutamos? Ou melhor, contra quem e contra que se coloca a organização que programou e realizou a greve em São Paulo e no Rio?
Ao comentar as manifestações de junho passado e a ação dos black blocs, deixei a mesma pergunta no ar, indo ao extremo de falar numa organização de um só homem, o Dr. Fu Manchu. Exagero literário, sem dúvida. Que não elimina a hipótese de haver uma organização capaz de fazer tumulto na hora que lhe parecer conveniente.
Os espíritos que desejam paz a qualquer preço não a terão, mas talvez gostassem muito de ter uma notícia, amanhã: "Por ato da presidente da República, é decretado o estado de emergência em todo o País para garantir a realização da Copa, estando suspensas as garantias constitucionais constantes do artigo 5 da Carta Magna". Ou nisso talvez estejam apostando os próprios agitadores, que desconhecemos e dos quais ignoramos os objetivos.
*
PROFESSOR DA USP E DA PUC-SP, É MEMBRO DO GABINETE E OFICINA DE LIVRE PENSAMENTO
ESTRATÉGICO. SITE: WWW.OLIVEIROS.COM.BR


PROPOSTA DA FUVEST 2006, TEMA: O TRABALHO

http://www.fuvest.br/vest2006/bestred/bestred.stmhttp://www.fuvest.br/vest2006/bestred/bestred.stm

LEITURAS QUE VÃO AJUDAR VOCÊ A ESCREVER MELHOR.

PRIMEIRA LEITURA: " pode-se estabelecer "momentos característicos do processo de trabalho na história do modo de produção capitalista:

*Cooperação Simples- o trabalhador executa diversas atividades, correspondentes às do artesão, utilizando ferramentas deste. O controle capitalista ocorre devido a relação de propriedade, utilizando-se da força de trabalho comprada pelo dono da mesma.

*Manufatura- Há nova divisão do trabalho, na qual os trabalhadores executam tarefas parcializadas , dando início a uma desqualificação do trabalho e aumento da produtividade, ocorrendo a separação entre concepção e execução do trabalho.

*Maquinária- Acentua-se a divisão entre concepção e execução do trabalho, há inserção de máquinas no processo de produção, ocorrendo desqualificação do trabalhador, uma vez que realizam tarefas isoladas, impedindo de conhecer todo o processo de trabalho".

Devido a essas características, a maquinária possibilita diferentes formas de divisões e organizações do trabalho:

- "Maquinária Simples- O trabalhador mantém algum controle no seu ritmo de trabalho, tendo liberdade para acionar as máquinas, fato que é estimulado através de remuneração por produção.

- Organização Científica do Trabalho- O ritmo de trabalho é determinado pela máquina, ocorrendo separação extrema entre concepção e execução do trabalho. No Taylorismo há a redução máxima do tempo gasto para executar cada tarefa, fracionando o processo de trabalho em tarefas simples. Já no Fordismo há um ordenamento seqüencial de tarefas, utilizando-se de uma esteira, que define o ritmo de trabalho."

- Automação- Este item foi incluído neste processo por FREYSSENET, uma vez que através do desenvolvimento técnico-científico, a função do trabalhador se restringe a vigilância do processo produtivo.

Com a evolução tecnológica do processo de produção, há alterações na organização do trabalho, com o objetivo de aumentar a produtividade para garantir o lucro. http://www.hospvirt.org.br/enfermagem/port/orgtrab.html
.........................................

TECNOLOGIA CAUSA DESEMPREGO?

 Marcelo Vinícius 

Você já ouviu afirmações como: a tecnologia está acabando com os empregos? É um assunto muito famoso e até polêmico, não é? Como escrevo artigos com diversos temas – envolvendo tecnologia e psicologia – sempre interajo com meus leitores e leio materiais de outros autores também. Resolvi escrever este depois que li num blog um artigo intitulado “A globalização no mercado de trabalho”, que abordava o desemprego tendo como causa a evolução tecnológica.
Não estou querendo defender a tecnologia, não me entenda mal. Mas há fatos que passam despercebidos quando temas dessa natureza são abordados. Afirmações como está já são comuns! A evolução é contínua. Os processos de evolução sempre ocorreram na humanidade, porém, a partir da Segunda Guerra Mundial, os progressos culturais e as inovações tecnológicas começaram a ocorrer num ritmo incrivelmente acelerado, provocando impactos cada vez mais significativos no mundo do trabalho.
Considerando estudos da psicologia, temos que o homem também está criando, percebendo novas relações, inovando, interagindo e evoluindo a cada instante. As células, o corpo do homem também está em mutação constante. Na verdade, a natureza, o tempo, está sempre mudando. A mudança é um estado natural, não só dos sistemas e modos de vida, como da própria existência.
Antigamente, a agilidade do datilógrafo, juntamente com o seu certificado, o destacava no mercado profissional. Quem não tinha esta qualificação ficava para trás. Hoje não é tão diferente, quem tem conhecimento em informática ou outro ramo da tecnologia, se destaca. E o segundo grau (atual ensino médio), que bastava, deu lugar ao terceiro grau (nível superior).  Primeiro grau então, nem se fala mais! Num futuro próximo, será imprescindível ter pós-graduações, sendo que hoje já é um diferencial. Tudo evolui!
O sociólogo Álvaro Comin, no Seminário Nacional de Trabalho e Gênero da Universidade Federal de Goiás, afirmou que “sem dúvida, o nível superior continua sendo o grande degrau. O ensino médio é que já apresenta claramente sinais de perda de importância, tanto que, quando olhamos os dados de desemprego para os últimos 15 anos, vemos que é nesse segmento que ele mais cresce”. Mas, mesmo assim, sempre ouvimos falar que tecnologia, automação e coisas do gênero são os principais vilãos do desemprego.
Se a automação é vilã, por que nos países com os parques fabris mais modernos as taxas de desemprego não são tão altas? O que dizer a respeito de países ou continentes de primeiro mundo, ao exemplo do norte-americano? Você encontra uma economia altamente automatizada, inclusive no ramo de logística, uma população economicamente ativa superior à população total do Brasil e, ainda assim, o nível de desemprego é um dos mais baixos no mundo. Se a tecnologia fosse tão vilã assim, lá deveria ter um dos maiores índices de desemprego, não acha?
O problema é bem mais amplo e histórico do que parece. Como não considerar o sucateamento do parque fabril brasileiro e a falta de estabilidade econômica que rondava o país até poucos anos? Isso não tem nenhuma influência no desemprego? E as questões que envolvem o declínio na taxa de crescimento econômico mundial, principalmente dos Estados Unidos... Não influenciam?
É preciso entender que a tecnologia – os computadores e seus softwares, por exemplo – pode até tirar o emprego do montador de peças de uma indústria de automóveis, ou qualquer ramo industrial, mas também cria oportunidades. Quem monta os computadores, quem desenvolve os softwares, quem fabrica as peças dos mesmos e até os robôs que são manipulados por um determinado software?
As pessoas continuam sendo necessárias. Para ser “peão” não precisa ser muito especializado, tendo casos em que não há necessidade de especialização nenhuma. Mas, quando se fala em produção de tecnologia a especialização é um fator fundamental. A maioria das tecnologias de ponta são produzidas em outros paises, visto que o Brasil não tem mão-de-obra qualificada para tal.
Com a minha experiência no mercado, pude observar – e é um fato – o baixo nível de qualificação da mão-de-obra. Acredito que esse sim é um dos fatores que mais pesa nesta questão. A solução para o desemprego não é banir a tecnologia, que é impossível e seria insano, mas cobrar das autoridades competentes a melhora na educação do brasileiro e na qualificação da mão-de-obra.
Há um ano e meio, quando eu estava na sala de aula da faculdade de tecnologia, um professor anunciou duas vagas na área de tecnologia em Salvador-BA, com salário de R$ 8.000,00. Claro, isso chama a atenção de muita gente, um salário desses! Daí, apareceram muitos candidatos, com formação até (3º grau), mas não eram capacitados para preencher as vagas.
Noutro momento, quando eu trabalhava no setor de tecnologia de um banco, precisava contratar dois funcionários para trabalhar com banco de dados. Simplesmente, passei mais de seis meses e não consegui um profissional com qualificação pelo menos aceitável para atuar na área. Fica claro que há oportunidades e falta mão-de-obra especializada.
Iniciativas que ajudam a qualificação do profissional são bem-vindas para um país que gera desemprego por falta de oportunidade de estudos, iniciativas como a do Portal Educação (www.portaleducacao.com.br) que usa a própria tecnologia para oferecer cursos à distancia. A educação é extremamente importante para solidificar o desenvolvimento de um país.
Então, precisamos parar de pôr a culpa na tecnologia e pensarmos no investimento do nosso país. Um país só se desenvolve com estudo, qualificação e tecnologia de ponta e para que isso seja uma realidade tem que haver investimento, ou iremos sempre ver brinquedos, robôs, computadores, peças, entre outros, com a famosa etiqueta: Made In China.

O professor Helio Waldman, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), numa entrevista ao Jornal da UNICAMP, fez uma colocação que considero pertinente acrescentar como afirmação ao que abordei no artigo. Dessa forma, resolvi colocá-la como complemento para quem interessar ler um pouco mais! Segue...

“Quanto ao desemprego tecnológico, ele existe, mas não está claro que seja o responsável como um todo. A tecnologia cria deslocamento de empregos. Os economistas nos dizem que a questão do emprego está ligada ao crescimento da economia. A tecnologia, nesse raciocínio, acabaria com determinados postos de trabalho, mas criaria outros. Ela necessariamente não aumenta a taxa do desemprego. O que aumenta a taxa do desemprego é a incapacidade que a economia tem em sustentar a atividade produtiva. O caso brasileiro, assim como o dos países que importam tecnologia, acaba criando níveis de produtividade artificialmente altos. Isso acaba gerando uma dificuldade de absorção pela indústria. Dependendo de como é feita a gestão ou da própria força da economia, você poderia gerar empregos em outras áreas, como a de serviços. Mas basicamente a dificuldade está na gestão da economia. Por outro lado, quanto mais o sistema educacional preparar as pessoas, mais você pode ter acesso ao mercado globalizado. Na região de Campinas, por exemplo, temos um pólo de comunicações. À medida que você adquire visibilidade, você mostra o seu potencial. Mas é preciso criar também, no Brasil, empregos de baixa capacitação, porque senão você não vai resolver o problema do emprego, uma vez que grande parte da população não tem qualificação.”

*Graduando em Administração com Ênfase em Sistemas, certificado na área de tecnologia e empreendedorismo; é estudioso da psicologia oriental, física quântica e parapsicologia. marcelovmb@gmail.com

 BIBLIOGRAFIA

GOIS, Antônio; SOARES, Pedro.  Mestrado dobra renda do trabalhador.  FolhaOnline, Rio de Janeiro, 15 fev. 2006.  Dinheiro.  Capturado em 20 de dezembro. 2007. Online. Disponível na Internet: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u104260.shtml

KASSAB, Álvaro. Novas tecnologias e a nuvem dispersa do conhecimento. Jornal da Unicamp, São Paulo, 25 maio 2003.  Sala de Imprensa.  Capturado em 20 de dez. 2007.  Online. Disponível na Internet: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/maio2003/ju213pg06.html



Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado 
http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/3501/tecnologia-causa-desemprego#ixzz33FE3Waq8

PROPOSTA DE DISSERTAÇÃO, TEMA, LEITURA.

PROPOSTA

ESCREVA UM TEXTO DISSERTATIVO COM PROPOSTA DE INTERVENÇÃO, ELA, DEVERÁ APRESENTAR DUAS SOLUÇÕES PARA INCENTIVAR A LEITURA.

O homem é o único animal que lê , Cora Rónai

Não, a internet não está matando os livros. Pelo contrário: minha impressão pessoal é que nunca se leu tanto

Na semana passada estive em Campos, participando da 8ª Bienal do Livro; já havia estado lá há dois anos e, como daquela vez, fiquei muito bem impressionada com a sua organização e simpatia, para não falar na atenção e na participação do público. De acordo com os dados oficiais, mais de 150 mil pessoas visitaram a feira, que a essa altura começa a se transformar em festa regional, com a associação de 18 outros municípios.
Ontem me encontrei com Tatiana Salem Levy (autora do excelente “A Chave de Casa”), que veio de Portugal, onde vive hoje, para participar da Feira Pan-Amazônica do Livro em Belém amanhã — e, já no domingo, de uma feira parecida em Porto Alegre, no outro extremo do país.
Tenho acompanhado, às vezes por relato próprio, às vezes pelas colunas no GLOBO, as andanças de Zuenir Ventura pelo Brasil afora, falando sobre a arte de escrever, que ele tão bem conhece.
Volta e meia encontro amigos que estão indo ou vindo de bienais, feiras e festas do livro nos lugares mais improváveis do Brasil, alguns deles até aqui no Rio — eu mesma já participei, com espanto, de uma mini Feira do Livro realizada num gigantesco condomínio da Barra da Tijuca. Estranhei o convite mas, quando cheguei lá, percebi que fazia todo o sentido, já que o condomínio tem mais habitantes (e certamente mais recursos) do que muitas cidades pequenas.
Ora, nada disso me parece coisa de uma arte, ou de um produto, que esteja morrendo. Mas a pergunta que invariavelmente me fazem, em cada evento do gênero de que participo, é se a internet não está matando os livros. E, de cada vez, me vejo obrigada a responder da mesmíssima forma:
— Não, a internet não está matando os livros; pelo contrário.
Há quem argumente que as pessoas têm lido menos, que não têm mais o foco e a concentração para ler que tinham antes, que as crianças estão crescendo num ambiente de tablets, games e smartphones que joga os livros para escanteio. E, no entanto, a Humanidade nunca teve tantos e tão bons livros à sua disposição — graças, justamente, à essa internet, tão vilipendiada como Fonte Maior de Todas as Distrações.
Antigamente, podíamos passar a vida sem conseguir um livro que estivéssemos buscando; hoje a Amazon está aqui, aí, ali: havendo conexão e cartão de crédito, qualquer livro se materializa no mesmo instante, se estiver em formato eletrônico, ou em alguns dias, se estiver em papel. E, se estiver esgotado, há uma grande chance de encontrá-lo na estantevirtual.com.br, que reúne sebos de todo o país.
A minha impressão pessoal é que nunca se leu tanto. Nunca houve tantos livros em circulação, o que significa que nunca houve tantos leitores, porque ainda que muita gente escreva só para si, editores estão longe de ter esse hábito. Sempre que escrevo sobre e-books e livros em papel na internet, e escrevo bastante, a resposta invariável que recebo de usuários de Kindles e similares é que nunca leram como hoje. Faz sentido: agora podemos carregar bibliotecas inteiras no bolso.
E as pesquisas que apontam o contrário?
Tenho para mim que são mais ruído do que fato. Google-se “brasileiro lê menos”, e aparecerão pesquisas negativas sobre os hábitos de leitura do país; google-se “brasileiro lê mais”, e aparecerão outras tantas positivas.
Hoje, é verdade, temos mais distrações do que jamais tivemos. Os livros enfrentam concorrência pesada com tantos games, seriados, redes sociais e canais a cabo, para não falar em shows, cinemas, barzinhos e teatros. Mas sempre haverá quem escreva histórias, e sempre haverá quem queira lê-las.

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PROPOSTA DE DISSERTAÇÃO: ANALISE O BOLSA FAMÍLIA.

Bolsa Família. Ajudando o Brasil que você não conhece…

POR SAMY
24/05/13  07:00
Há mais bilionários no Brasil do que na França e Espanha juntas, alerta uma pesquisa feita pela revista Forbes. Há quem veja esse tipo de notícia como uma coisa boa…
E seria! Não fosse o fato de que o Brasil possui também mais miseráveis do que a Europa inteira. Com esse fato vemos que uma economia que cresce vigorosamente desde os anos 90, sofre de um problema muito maior: o de desigualdade social e distribuição de renda.
Como diria o falecido presidente americano John Kennedy “Se uma sociedade livre não pode ajudar os muitos que são pobres, não pode salvar os poucos que são ricos”. E nesse sentido temos que assumir: o bolsa família apresenta um lado brilhante.
Antes que se queira dar um tom político ao assunto queremos dizer que ela é apartidária. Até porque o Programa Bolsa Família criado no governo Lula, nada mais é do que a junção do “Bolsa Escola”, “Auxílio Gás” e “Cartão Alimentação”;  criados no governo FHC, unificados e renomeados como Bolsa Família.
Mas para que possamos emitir qualquer opinião, temos que conhecer o programa em seus detalhes[1].
A quem se destina
  • As famílias com renda de até R$ 70,00 por pessoa, por mês;
  • As famílias com renda entre R$ 70,01 a R$ 140,00 por pessoa, por mês, e que tenham crianças e adolescentes com idade entre zero e 15 anos ou gestantes;
Tipos de Benefício
  • Básico: Concedido às famílias em situação de extrema pobreza. O valor desse benefício é de R$ 70,00 mensais, independentemente da composição e do número de membros do grupo familiar.
  • Variável: Destinado a famílias que se encontrem em situação de pobreza ou extrema pobreza e que tenham em sua composição gestantes, nutrizes, crianças e adolescentes até 15 anos. O valor mínimo é de R$ 32,00 e cada família pode acumular até cinco benefícios, ou seja, R$ 160,00.
Condições
  • Comparecimento às consultas de pré-natal para os gestantes
  • Manter em dia o cartão de vacinação das crianças de 0 a 6 anos.
  • Garantir frequência mínima de 85% na escola, para crianças e adolescentes de 6 a 15 anos.
Com todas essas informações, superficial é dizer que a função do Bolsa Família é ser um programa assistencialista que acomoda certa parte da população. Pelo contrário, nas palavras do próprio jornal Le Monde “O programa Bolsa Família amplia, sobretudo, o acesso à educação, a qual representa a melhor arma, no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, contra a pobreza”.
Para se ter uma idéia em 10 anos de Programa temos alguns números: O índice da população vivendo em situação de pobreza extrema caiu de 12% (2003) para 4,8% (2008). 27,9 milhões de pessoas superaram a pobreza e 35,7 milhões ascenderam para classes sociais mais elevadas. A taxa de analfabetismo e frequência na escola caiu drasticamente, bem como a mortalidade infantil.
Portanto muito mais do que uma simples quantia em dinheiro, é uma maneira barata do governo de levar educação e saúde básica a grande parte da população de baixa renda.
Sobre a falácia de que esse benefício acomoda as pessoas aqui vai um dado: 1,69 milhões de famílias beneficiadas pelo programa foram até às prefeituras de suas respectivas cidades para abrir mão do mesmo pois não estavam mais precisando do benefício.
Não é a toa que o Bolsa Família foi elogiado por órgãos como Banco Mundial, ONU e FMI. Mais do que isso ele tem sido copiado ao redor do mundo por diversos países, entre eles os Estados Unidos e tem disso destacado como um exemplo de programa de distribuição de renda, combate a fome e acesso a educação e saúde básica.
É redundante dizer que o programa não é a solução dos problemas do Brasil, todos sabemos que temos que investir em educação e saúde além de infraestrutura. Mas negar um programa como esses seria o mesmo que indicar a alguém com uma febre de 40 graus apenas uma alimentação balanceada.
A nossa desigualdade é a doença e o remédio para abaixar essa febre são os programas de distribuição de renda.
Post em Parceria com Leonardo de Siqueira Lima, Economista pela FGV-EESP.

[1] Informações encontradas no próprio site da Caixa Econômica Federal

http://carodinheiro.blogfolha.uol.com.br/2013/05/24/bolsa-familia-ajudando-o-brasil-que-voce-nao-conhece/

Desculpe mas o  texto seguinte está mal formatado. Vai assim mesmo, estou com pouco tempo p fazer isso..


O Bolsa Família e seus inimigos

O pensamento conservador brasileiro – na política, na mídia, no meio acadêmico, na sociedade – tem horror ao Bolsa Família. É só colocar dois conservadores para conversar que, mais cedo ou mais tarde, acabam falando mal do programa.
Não é apenas no Brasil que conservadores abominam iniciativas desse tipo. No mundo inteiro, a expansão da cidadania social e a consolidação do chamado “Estado do Bem-Estar” aconteceu, apesar de sua reação.
Costumamos nos esquecer dos “sólidos argumentos” que se opunham contra políticas que hoje em dia são vistas como naturais e se tornaram rotina. Quem discutiria, atualmente, a necessidade da Previdência Social, da ação do Estado na saúde pública, na assistência médica e na educação continuada?
Mas todas já foram consideradas áreas interditas ao Estado. Que melhor funcionariam se permanecessem regidas, exclusivamente, pela “dinâmica do mercado”. Tem quem pode, paga quem consegue. Mesmo se bem-intencionado, o “estatismo” terminaria por desencorajar o esforço individual e provocar o agravamento – em vez da solução – do problema original.
O axioma do pensamento conservador é simples: a cada vez que se “ajuda” um pobre, fabricam-se mais pobres.
Últimos artigos de Marcos Coimbra:

Passaram-se os tempos e ninguém mais diz essas barbaridades, ainda que muitos continuem a acreditar nelas. Hoje, o alvo principal das críticas conservadoras são os programas de transferência direta de renda. Naturalmente, os que crescem e se consolidam. Se permanecerem pequenos, são vistos até com simpatia, uma espécie de aceno que sinaliza a “preocupação social” de seus formuladores.
Mas é uma relação ambígua: ao mesmo tempo que criticam os programas de larga escala, dizem-se seus mentores. Da versão “correta”. Veja-se a polêmica a respeito de quem inventou o Bolsa Família: irrelevante para a opinião pública, mas central para as oposições. À medida que o programa avançou e se expandiu ao longo do primeiro governo Lula, tornando-se sua marca mais conhecida e aprovada, sua paternidade começou a ser reivindicada pelo PSDB. Argumentavam que sua origem era um programa instituído pelo prefeito tucano de Campinas, José Roberto Magalhães Teixeira, em 1994.
Ele criou de fato o Programa de Renda Mínima, que complementava a receita de pessoas em situação de miséria. Por razões evidentes, limitava-se à cidade e beneficiava apenas 2,5 mil famílias, com uma administração tão complexa que era impossível expandi-lo com os recursos da prefeitura.
Tem sentido dizer que o Bolsa Família nasceu assim? Que esse pequeno experimento local é a matriz do que temos hoje? O maior e mais bem avaliado programa do gênero existente no mundo e que serve de modelo para países ricos e pobres?
O que a discussão sobre o Renda Mínima de Campinas levanta é uma pergunta: se o PSDB estava convencido da necessidade de elaborar um programa nacional baseado nele, por que não o fez?
Não foi Fernando Henrique Cardoso quem venceu a eleição de 1994? O novo presidente não era amigo e correligionário do prefeito? Ou será que FHC não levou o programa do companheiro para o nível federal por ignorá-lo?
Quem sabe conhecesse a iniciativa e até a aplaudisse, mas não fazia parte do arsenal de medidas que achava adequadas para enfrentar o problema da pobreza. Não eram “coisas desse tipo” que o Brasil precisava.
Goste-se ou não de Lula, o fato é que o Bolsa Família só nasceu quando ele chegou à Presidência. E é muito provável que não existisse se José Serra tivesse vencido aquela eleição. 
Fazer a arqueologia do programa é bizantino. Para as pessoas comuns não quer dizer nada. Como se vê nas pesquisas, acham até engraçado sustentar que o Bolsa Família não tem a cara de Lula.
Não é isso, no entanto, o que pensam os conservadores. Para eles, continua a ser necessário evitar que essa bandeira permaneça nas mãos do ex-presidente. O curioso é que não gostam do programa. E que, toda vez que o discutem, só conseguem pensar no que fazer para excluir beneficiários: são obcecados pela ideia de “porta de saída”.
Outro dia, tudo isso estava em um editorial de O Globo intitulado “Efeitos colaterais do Bolsa Família”: a tese da ancestralidade tucana, a depreciação do programa – apresentado como reunião de “linhas de sustentação social (?) já existentes” –, a opinião de que teria ficado “grande demais”, a crítica de que causaria escassez de mão de obra no Nordeste, e por aí vai (em momento revelador, escreveu “Era FHC” e “período Lula” – como se somente o primeiro merecesse a maiúscula).
Para a oposição – especialmente a menos informada –, o Bolsa Família é o grande culpado pela reeleição de Lula e a vitória de Dilma Rousseff. Não admira que o deteste. 
Para os políticos, as coisas são, porém, mais complicadas. Como hostilizar um programa que a população apoia?
Por isso, quando vão à rua disputar eleições, se apresentam como seus defensores. Como na inesquecível campanha de Serra em 2010: “Eu sou o Zé que vai continuar a obra do Lula!”.
texto longo demais...mas leia o que aguentar

Bolsa-Família: Efeitos Colaterais

Por: Daniel Jorge Caetano em seu blog
28/09/2010
Não gosto muito de tratar assuntos políticos aqui; a razão para isso é que gosto de estimular a reflexão sobre o que observo no dia-a-dia e, acredito, falar sobre política sai um pouco desta linha, dado que nela o mote principal não é a razão e reflexão, mas a negociação de interesses.
Vou abrir uma exceção desta vez, devido a uma conversa que ouvi ontem.
Conversavam sobre a ineficiência, ineficácia do “bolsa-esmola” e toda a falácia que supostamente cerca o referido programa (positivas e negativas). O que me permite abrir essa exceção é o fato de que todos os candidatos parecem estar apoiando esta iniciativa – ainda que, em alguns casos, esse apoio seja motivo de riso para muitos.
Sou uma pessoa técnica, não gosto de fazer política. Minha experiência no campo político me proporcionou muita angustia pessoal; foi quando descobri que não tenho fígado para isso1. Assim, há algum tempo, seguindo a minha visão técnica e sem conhecer muita coisa da realidade brasileira, eu questionava muito o tal do Bolsa Família; em especial, quanto à sua eficácia.
Avaliando superficialmente, o Bolsa Família é “um programa assistencialista e populista, uma forma legal de compra de votos”, como ouvi alguém colocar.
Não há como negar que é possível – e alguns diriam provável – que essa é a índole do programa, isto é, que essa é a motivação primordial por trás do programa. Por outro lado, vem a dúvida: será que esta é a característica mais relevante em uma análise mais ampla?
Depois de viajar pelo interior do Brasil, por lugares como o Vale do Jequitinhonha no norte de Minas Gerais ou o interior da Bahia, regiões extremamente mais pobres que a em que vivo – São Paulo -, conversar com os habitantes destes lugares e ouvir da boca deles como a vida da comunidade melhorou (e não apenas das famílias diretamente beneficiadas pelo programa), me convenci que a avaliação “rasa” do programa era falha, e comecei a procurar entender melhor suas consequências.
A conclusão a que cheguei é que ele tem efeitos muito mais relevantes do que aqueles normalmente explicitados. Aqueles que consideram que se trata apenas de um programa eleitoreiro, podem considerar que esses “efeitos”, na verdade, são apenas “efeitos colaterais”. Mas isso não invalida, de forma alguma, as conclusões sobre a validade do programa.
Antes de mais nada, gostaria de dizer que, me parece, o segredo por trás do sucesso do programa é o valor que foi definido para a bolsa, além dos critérios para sua concessão. Os critérios são relevantes, mas dependem de controle – algo difícil de se conseguir, dada a amplitude de programa. O valor da bolsa, entretanto, tem um efeito auto-regulador interessante, que dispensa controle ativo.
Que efeito auto-regulador é esse? É o efeito de ser uma bolsa de um valor alto o suficiente para permitir que as famílias saiam da miséria absoluta, mas baixo o suficiente para que, assim que a situação melhora, seja para a pessoa ou para a comunidade em que ela vive, a bolsa se torna desprezível.
Para entender essa afirmação, é preciso avaliar os efeitos todos do programa, o que tentarei apresentar em diversos níveis, sempre com foco nos benefícios sociais que ele proporciona (e não nos ganhos políticos decorrentes).

Efeitos de Primeira Ordem

Os efeitos de primeira ordem são aqueles diretos, ou seja, uma melhoria da qualidade de vida dos mais miseráveis. Em tese, os beneficiários diretos são apenas as famílias que recebem a bolsa e é este tipo de efeito que leva a uma definição, talvez precipitada, de que se trata de um programa “populista e eleitoreiro”.2

Efeitos de Segunda Ordem

Os efeitos de segunda ordem são aqueles observados na sociedade, em um curto intervalo de tempo, após a implementação do programa.

Na economia

As pessoas que recebem o bolsa família tem, proporcionalmente, um grande aumento em seu poder de compra; essas pessoas, entretanto, não estão em um patamar de consumo em que aumentar o poder de compra significa comprar supérfluos (celulares, carros etc.), mas sim em um patamar onde existe necessidade reprimida por alimentos e insumos básicos para a vida digna (água, limpeza, material escolar, dentre outros).
Como a maioria destas pessoas vivem em lugares muito pobres3, estes produtos, em geral, não são adquiridos em grandes supermercados, mas em pequenas vendas e pequenos comércios locais.
Ora, a “vendinha” da esquina, ao ganhar novos consumidores e ter um aumento substancial do consumo, pode crescer. Se cresce, não apenas pode vir a gerar empregos, mas também movimenta a economia local: o dono da vendinha e seus funcionários também vão comprar em outras lojas.
Adicionalmente, o dono da vendinha tem como negócio o comércio, ou seja, ele não produz o que vende. Se aumentou a venda, ele tem que comprar mais.
Isso movimenta a agricultura e produção local e, em estágios mais avançados, até mesmo aumenta o consumo em outros mercados, de onde o dono da vedinha tem que ir buscar produtos, “na cidade grande”. Em outras palavras, trata-se do surgimento de novos mercados produtores e consumidores, possibilitando inclusive a indução de emprego e melhoria das condições de vida em outras regiões.
Além do efeito óbvio que isso tem para o aumento da qualidade de vida local, a maior parte dessas operações geram impostos para o governo e, embora seja difícil precisar o valor que “volta” para o governo de cada Real gasto com o Bolsa Família, o certo é que uma parte volta. Como são mercados novos, isso significa que o imposto que volta tem o efeito de diminuir o custo do programa, o que para o governo – e para o povo que o financia – é ótimo.
Agora, uma outra coisa que acontece com o aquecimento da economia local é, em geral, uma inflação local. É comum que nas regiões mais pobres tudo custe muito barato, porque as pessoas não têm dinheiro para consumir. Com o dinheiro e a melhoria inicial das condições de vida das pessoas, ocorre um aumento do consumo e, com isso, é normal que exista uma pequena inflação local. Bizarramente, isso é positivo, proporcionando um dos instrumentos de auto-regulação do benefício.
Quando alguém diz que “o cara vai receber a bolsa e não vai mais querer trabalhar”, está ignorando que a economia é dinâmica: com a inflação local  e o aumento do seu padrão de consumo, o poder de compra da bolsa para uma dada família vai cair com o tempo. Como o indivíduo pode trabalhar e receber a bolsa, com o tempo se torna mais interessante manter o emprego - que com o aquecimento da economia local tende a pagar melhor – do que a manutenção da bolsa – que tem valor fixo nacionalmente, não levando em conta as questões locais.
Isso pode acabar se tornando um caminho natural para a “porta de saída” da bolsa, depois de ter estimulado o desenvolvimento local.4

Na política

Uma consquência curiosa – e que só me atentei para ela conversando com pessoas de local onde o coronelismo era muito forte – é que o Bolsa Família tirou poder das oligarquias locais, vulgarmente conhecidas como “famílias de coronéis”.
Historicamente estas famílias dominavam a política local através da compra do voto com coisas pequenas e baratas: pares de chinelos, sacos de farinha, coisas que não lhes custavam nada, mas que lhes permitiam governar uma cidade ou estado, receber verbas federais e desviar recursos à vontade, pois o povo – mantido ignorante e necessitado – via neles salvadores que lhes permitiam beber água da chuva – captada em um açude construído em propriedade particular de político, usando verba pública – a um pequeno custo… ou até mesmo de graça… “como é bom nosso governante!”
Obviamente este problema não acabou com o Bolsa Família, mas aparentemente vem se reduzindo. A razão para isso é que, com aquela pequena ajuda, nestes locais muito pobres onde se comprava um voto com um par de chinelos, as pessoas não têm mais interesse em vender seus votos por essas coisas – agora elas conseguem comprar o saco de farinha, sem precisar implorar ou trocar favores – ou seja, sobrevivem de maneira mais digna.
Assim, comprar o voto tornou-se uma prática naturalmente mais cara – ou seja, o Bolsa Família inflacionou a compra de votos, dificultando ou até mesmo impossibilitando a prática. Com isso, abre-se espaço para uma possível diversificação no espectro político em várias localidades. Surgem novas lideranças locais, municipais, mudando a dinâmica política da região.
Ainda que isso pareça um pouco distante, de médio prazo ao menos, novas lideranças locais têm assumido no lugar de velhas famílias oligárquicas em muitos lugares, o que pode ter como um de seus fatores de influência justamente o Bolsa Família (embora dificilmente seja o único, é claro!)
Alguns podem alegar que deixou-se de vender votos localmente para se vender nacionalmente, uma vez que com o benefício o governo federal estaria comprando votos também. Mas é questionável a validade de se falar em um “coronelismo federal”, dada o baixo contato entre povo e governo federal.5

Na educação

Como o foco do Bolsa Família é na alimentação (faz parte do Programa Fome Zero) e a concessão da Bolsa exige a presença das crianças na escola6, ele contribui para uma melhoria na educação, embora não a garanta.
A combinação da presença e alimentação é importante porque ninguém aprende nada sem ir para a escola e, mesmo indo, não aprende se estiver com fome.
Os efeitos da desnutrição na capacidade de aprendizado são vastos.
Infelizmente isso não é garantia, porque a educação básica em nosso país ainda é extremamente deficiente e, até o momento, por ser competência estadual e municipal, não há nada que o Governo Federal possa fazer a respeito.7

Na saúde

Outra exigência para a concessão da Bolsa são os cuidados com a saúde da criança, regulamentado como exigência de vacinação, por exemplo. Bem alimentada e com orientações mínimas, as pessoas se mantém mais saudáveis e dependem menos do deficiente sistema público de saúde. Isso leva também a uma vida mais digna e traz mais motivação às pessoas.

Efeitos de Terceira Ordem

Os efeitos de terceira ordem são aqueles que decorrem da combinação dos efeitos de segunda ordem, além da universalização destes efeitos com o passar do tempo. Analisarei alguns deles.

Na sociedade

Com todos os efeitos de segunda ordem citados, em especial a geração de condições de vida mais dignas nos mercados locais – dado o seu desenvolvimento -, ocorre a formação de uma consciência de cultura local e, também, a fixação das pessoas onde elas estão, gerando novos pólos de desenvolvimento, produção e consumo.
Essa fixação é fundamental, uma vez que os grandes centros atuais não comportam mais crescimento populacional, já vivendo em uma condição de esgotamento de recursos (congestionamentos, falta de água, alto custo da alimentação, poluição, etc).
Fixando as pessoas em seu local de origem proporciona uma sociedade melhor distribuída, tornando a ocupação e o desenvolvimento nacional menos desigual, possibilitando acesso melhor distribuído aos recursos naturais de todas as regiões do país.

Na política

Com o passar do tempo, as novas lideranças locais podem ser tornar novas lideranças regionais ou até mesmo nacionais. Essa renovação nas lideranças políticas é saudável para a democracia, proporcionando seu amadurecimento.8

Na educação

Um efeito já apontado em algumas análises é que, à medida que as condições de vida das pessoas melhoram, com um crescimento do rendimento per-capita, quando a renda do Bolsa Família passa a não se mais tão importante na alimentação – mas ainda antes de se tornar dispensável -, ela passa a ser utilizada na aquisição de livros e material escolar.
Este efeito, já constatado em alguns locais9, proporciona, juntamente com outros fatores de segunda ordem, um grande ganho na capacidade de aprendizado dos estudantes, contribuindo para a formação de gerações mais formalmente educadas.

Na saúde

Com alimentação, estudo e cuidados médicos básicos, temos um povo mais saudável; e um povo mais saudável é mais feliz, produz melhor e consome mais. Isso tudo já é ótimo para a nação.
Mais que isso, entretanto, os efeitos de longo prazo de políticas da mudança da cultura da população mais pobre – proporcionadas pelas exigências de concessão de bolsas do Bolsa Família -, podem formar gerações não apenas mais saudáveis, mas mais conscientes de sua própria saúde. E pessoas mais conscientes de sua saúde, em geral, cuidam dela, em um nível muito mais alto, como melhor alimentação, atividades físicas etc.

Efeitos de Quarta Ordem

Os efeitos de quarta ordem são os benefícios intrínsecos da universalização dos efeitos de terceira ordem. Os que imagino mais imediatos são três.
O primeiro é a influência de todos estes fatores nos gastos públicos com saúde. Esta área pode se beneficiar extremamente de uma população mais saudável e bem educada, tanto no aspecto financeiro – menos gastos com saúde pública – quando econômico – com um menor número de pessoas solicitando o sistema público de saúde, aqueles que o solicitam podem ser melhor atendidos, com um investimento público potencialmente menor.
O segundo é que, com uma melhor educação, obviamente combinadas com outras políticas que venham melhorar a cultura dos alunos, teremos uma população mais culta, capaz de escolher melhor seus representantes políticos, buscando um equilíbrio entre renovação e experiência, rumando cada vez mais em direção a uma democracia madura.
O terceiro é a influência de tudo isso nos gastos públicos com o próprio programa. Uma vez que a nossa população já ruma para uma estabilidade numérica e, com essa população cada vez mais educada, saudável e consciente, o número de famílias que precisam do Bolsa Família tende a ser cada vez menor.10

Pontos negativos

Nem tudo são flores, no entanto. Como estes efeitos só podem ser observados com a presença do programa em todo o país, os números de beneficiários são extremamente altos e, assim, o controle dos parâmetros de concessão ficam prejudicados. É praticamente impossível fazer um controle rígido sem que os custos do programa crescam demasiadamente.
Ainda que evidentemente ocorram desvios – devido ao controle precário -, é bastante possível que estes desvios representem um valor financeiro bastante inferior ao custo que teria um controle mais apurado. Esta afirmação não vem meramente de uma eventual fiscalização ter um custo alto, mas também do fato que os valores movimentados individualmente são muito baixos. Para que quantias grandes sejam de fato desviadas, grandes esquemas precisam ser armados.
Contra “grandes esquemas”, mesmo um controle menos sofisticado pode ser capaz de detectá-lo e, convém lembrar, principalmente na hipótese de “programa eleitoreiro para compra de votos” – como dizem alguns -, o governo seria o menor interessado em que exista desvio desta verba específica.
Adicionalmente, tanto o cadastro quanto o controle atuais são feitos pelos estados e municípios, que em grande parte não estão nas mãos dos mesmos partidos que o governo federal, o que dificulta ainda mais a formação de grandes esquemas sem que ninguém tenha conhecimento.
Moral da história: se ocorre desvio, é com o consentimento de todos; isso não torna a preocupação com os desvios menos importante, mas não serve de munição eleitoral contra o programa em si.

Conclusões

Diante do apresentado, afirmar simplesmente que se trata de um programa de esmolas é limitar demais o escopo de um programa que, sendo implantado de maneira generalizada como foi, pode trazer enormes transformações para um país – e, dentro de certos limites, já me parece estar trazendo, ainda que eles sejam pouco visíveis aqui em São Paulo.11
O conjunto de efeitos que o programa traz consigo, cada um deles potencializando fatores fundamentais para o desenvolvimento do país em todos os níveis humanos, aliado ao seu custo relativamente baixo aos cofres públicos, tornam o Bolsa Família não apenas um programa de sucesso momentâneo, mas também uma proposta de estratégia de médio e longo prazo que tem, no meu entender, boas chances de, em conjunto com outras políticas, modificar positivamente a sociedade brasileira.
No fim, fica até difícil dizer qual é o efeito colateral. Seria um programa “populista e eleitoreiro” que, por acaso, melhora a condição de vida da sociedade como um todo, ou será que é um programa que, por melhorar a condição de vida da sociedade, torna-se popular e com dividendos eleitorais óbvios?
Quando ainda não observaram como isso é bom para a vida de todos, alguns dizem que nós não temos que pagar (através dos impostos) um programa como esse, observando apenas os aspectos dos dividendos eleitorais.
Entretanto, esta visão é simplesmente um reflexo da educação míope que nos foi imposta. Fomos educados de maneira bizarra, do ponto de vista social, ensinados que o importante é acumular e, portanto, dividir é mau.
A questão é que muitas vezes é preciso dividir para somar12, ainda que a nossa criação – que define nossos preconceitos e medos – possa tornar dificultosa esta percepção. Nos limitamos a analisar os efeitos diretos, de curto prazo, de primeira ordem.
Porém, é preciso ir além. Desprezar efeitos de ordens superiores pode ser desastroso quando o propósito é planejar o futuro de uma nação.
(1) Um dia eu falo mais sobre isso e, claro, explico a minha visão política. Resumidamente é isso: assuntos técnicos são importantes demais para deixar na mão de políticos e assuntos políticos são importantes demais para serem deixados nas mãos de técnicos. Cada macaco no seu galho.
(2) Em todo caso, no meu entender, é desumano dizer simplesmente que “não temos que pagar por isso”. Quem decidiu isso foi um governo democraticamente eleito pela maioria. Dizer que “não temos” que pagar (através dos impostos) os custos de uma política social do governo, é uma desrespeito ao poder democraticamente concedido. Democracia é o poder da maioria das pessoas (demos, povo), não de quem tem a maioria do dinheiro.
(3) Nos grandes centros, o valor da bolsa não tem grandes efeitos, dado o alto custo de vida.
(4) É claro que vão existir aqueles que são, sim, vagabundos e vão ficar apenas com a bolsa… mas cedo aprendi que não adianta ajudar quem não quer ser ajudado; isso não significa, porém, que não devemos de ajudar àqueles que precisam e querem ajuda, com a justificativa de existem pessoas que não querem a ajuda.
(5) Ainda que aparente uma roupagem de falta de ética, não se faz política de outra forma que não negociando benefícios a determinados grupos. E negociar com base em benefícios ao povo é tão legítimo como negociar com base em benefícios para grandes grupos estrangeiros. A escolha do grupo que o governo pretende beneficiar depende meramente do retorno que ele espera obter.
(6) Cconforme artigo 3o. da Lei No. 10.836 de 9 de Janeiro de 2004.
(7) Além de propiciar vagas em excesso nas universidades, possibilitando baixo custo do ensino superior mesmo para pessoas com deficiências de formação básica. Infelizmente isso é uma medida de curto prazo para minimizar o problema, uma vez que não há como resolver de maneira ideal a situação de centenas de milhares de brasileiros que já perderam anos e anos de sua vida em uma educação básica absolutamente inadequada e ineficiente.
(8) “Alternância de poder” não é um termo de que eu goste, por que em geral leva a uma noção errada de troca entre esquerda e direita; não acho que uma nação precise passar um tempo andando para um lado e depois passar igual período de tempo andando para outro, pouco saindo do lugar, isto é, pouco indo adiante. Mais importante do que alternância de poder entre orientações políticas diferentes é a evolução da cultura política e dos políticos. Neste sentido, a chave para a evolução da democracia são novas lideranças, mais ligadas às necessidades do futuro que aos vícios do passado, sem desprezo do valor da experiência dos políticos mais velhos.
(9) O Google é seu amigo.
(10) Como alguém já comentou, é desnecessário aumentar em demasia o programa Bolsa Família (dobrá-lo, por exemplo), porque seria um contra-senso diante de todo o exposto aqui; para que fosse razoável dobrá-lo, seria necessário que se aumentasse a pobreza e a miséria do país, que é justamente o que se pretende com o programa. Se isso acontecesse, isto é, se a pobreza e miséria aumentasse mesmo com o programa já existente, isso significaria que o programa não funciona e, portanto, também não precisaria ser aumentado. Ainda que no curto prazo talvez possam ser necessários ajustes, com um leve aumento no número de bolsas concedidas, a tendência do programa Bolsa Família deve ser apenas a de queda neste número, ao menos quando se considera um horizonte de 5 a 10 anos.
(11) Aliás, diante da exposição deste texto, a “invisibilidade” das melhorias do Bolsa Família aqui em São Paulo já devem ser óbvias, dado o alto custo de vida. Isso para não falar que o governo do estado de São Paulo e, em especial, a Prefeitura do Município de São Paulo não foram capazes de – ou não se interessaram em – organizar a estrutura necessária para a criação do cadastro de requerentes e o órgão de controle do Bolsa Família por aqui.
(12) Algo tão óbvio quanto dizer que é preciso investir para poder ter lucro.