domingo, 29 de junho de 2014

PRECONCEITO LINGUÍSTICO.


DISSERTAÇÃO


TEXTO 1

O preconceito linguístico deveria ser crime


por Marta Scherre

Basta ser homem, estar em sociedade e estar rodeado de pessoas falantes que a língua - este sistema de comunicação inigualável - emerge. Ela se instaura e toma conta de todos nós, de nossos pensamentos, de nossos desejos e de nossas ações. Falar faz parte do nosso cotidiano, de nossa vida. A troca por meio das formas linguísticas é a nossa dádiva maior, nossa característica básica. É por meio de uma língua que o ser humano se individualiza, em um movimento contínuo de busca de identidade e de distinção. É isso, enfim, que nos torna humanos e nos diferencia de todos os outros animais.

Não existe homem sem língua. Mesmo as pessoas com deficiências diversas adotam um sistema de comunicação. Quem é surdo, por exemplo, usa a linguagem de sinais. Sendo assim, não existe razão para que tenhamos preconceito com relação a qualquer variedade linguística diferente da nossa. Preconceito linguístico é o julgamento depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, consequentemente, humilhante da fala do outro ou da própria fala. O problema maior é que as variedades mais sujeitas a esse tipo de preconceito são, normalmente, as com características associadas a grupos de menos prestígio na escala social ou a comunidades da área rural ou do interior. Historicamente, isso ocorre pelo sentimento e pelo comportamento de superioridade dos grupos vistos como mais privilegiados, econômica e socialmente.

Então, há críticas negativas em relação, por exemplo, à falta de concordância verbal ou nominal (As coisa tá muito cara); ao "r" no lugar do "l" (Framengo); à presença do gerúndio no lugar do infinitivo (Eu vô tá verificano); ao "r" chamado de caipira, característico da fala de amplas áreas mineiras, paulistas, goianas, mato-grossenses e paranaenses - em franca expansão, embora sua extinção tenha sido prevista por linguistas. Depreciando-se a língua, deprecia-se o indivíduo, sua identidade, sua forma de ver o mundo.
Binho Barreto

O preconceito linguístico - o mais sutil de todos eles - atinge um dos mais nobres legados do homem, que é o domínio de uma língua. Exercer isso é retirar o direito de fala de milhares de pessoas que se exprimem em formas sem prestígio social. Não quero dizer com isso que não temos o direito de gostar mais, ou menos, do falar de uma região ou de outra, do falar de um grupo social ou de outro. O que afirmo e até enfatizo é que ninguém tem o direito de humilhar o outro pela forma de falar. Ninguém tem o direito de exercer assédio linguístico. Ninguém tem o direito de causar constrangimento ao seu semelhante pela forma de falar.

A Constituição brasileira estabelece que "ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante''. Sendo assim, interpreto eu que qualquer pessoa que for vítima de preconceito linguístico pode buscar a lei maior da nação para se defender. Até porque, sob essa ótica, o preconceito linguístico se configura como um tratamento desumano e degradante - uma tortura moral. Se necessário for, poderíamos até propor uma lei específica contra esse tipo de preconceito, apenas para ficar mais claro que qualquer pessoa tem o direito de buscar a justiça quando for vítima de qualquer iniciativa contra o seu modo de se expressar.

Sei que muitos devem achar que isso é bobagem, que todos devem deixar de falar errado. Mas todo mundo tem direito de se expressar, sem constrangimento, na forma em que é senhor, em que tem fluência, em que é capaz de expressar seus sentimentos, de persuadir, de manifestar seus conhecimentos. Enfim, de falar a sua língua ou a sua variante dela. http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI110515-17774,00-O+PRECONCEITO+LINGUISTICO+DEVERIA+SER+CRIME.html


 TEXTO 2 
http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/vale-a-pena-ler-de-novo/preconceito-linguistico-na-balada-2/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+SobrePalavras+%28Sobre+Palavras%29


texto 4

http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/preconceito-linguistico

terça-feira, 24 de junho de 2014

Proposta de redacão. Tema.Liberdade.

Escreva um texto sobre a liberdade. Leia todos os textos. Desenvolva um ou dois deles, desde que estejam concatenados. Preste bastante atencão à unidade do texto.
Não quero uma dissertacão expositiva mas arguentativa, fica claro, portanto, que , depois de escolher uma das teses aqui presentes, você a assume para si. E só lhe restará argumentar. Bom trabalho!

texto1

Não creio, no sentido filosófico do termo, na liberdade do homem. Todos agem não apenas sob um constrangimento exterior mas também de acordo com uma necessidade interior."Fonte - Como Vejo o MundoAutor - Einstein , Albert

texto 2

"Não existe nenhum passeio fácil para a liberdade em lado nenhum, e muitos de nós teremos que atravessar o vale da sombra da morte vezes sem conta até que consigamos atingir o cume da montanha dos nossos desejos."Autor - Mandela , Nelson

texto 3
"Nunca se pode concordar em rastejar, quando se sente ímpeto de voar."Autor - Keller , Helen

texto 4

A falta de liberdade não consiste jamais em estar segregado, e sim em estar em promiscuidade, pois o suplício inenarrável é não se poder estar sozinho."Fonte - Recordações da Casa dos MortosAutor - Dostoievski , Fiodor

texto 5
A renúncia é a libertação. Não querer é poder."
Fonte - Livro do DesassossegoAutor - Pessoa , Fernando

texto 6

"Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir."Autor - Orwell , George


Proposta de carta dissertava. Tema . Vaia.

AQUI , UM MODELO DE CARTA DA UNICAMP , O VESTIBULAR É ANTIGO.  É SÓ P VOCÊS TEREM UMA BASE.
É PROPOSTA 3.  VEJAM O ENUNCIADO E A REDACÃO QUE GANHOU NOTA BOA.
http://vestibular.uol.com.br/redacao/ult2821u15.jhtm

PROPOSTA 

Leia neste link um texto que desaprova a vaia que foi dada à Presidente Dilma, por ocasião da abertura da Copa do Mundo.
Leia todos os textos aqui copiados. 
Escreva uma carta a Hildegard Algel.Posiciones-se firmemente a respeito da tese dela. 
De 25 a 30 linhas.

TEXTO 1
http://www.hildegardangel.com.br/?p=39778

Agora leia este e-mail  escrit a ela:


TEXTO 2
Á Hildegard Angel,
Resolvo lhe escrever com o lápis da polidez. Prezada, eu discordo de você . 
Buscarei argumentar a contento. Começo pela palavra ‘vexame’ a que você atribuiu à atitude dos que vaiaram a presidente.
 Pense, mulher, que todo espetáculo é passível de vaia. Surgisse no palco o Tim Maia, atrasado e bêbado, e o público vaiaria. A vaia faz parte do show. E, no show da Copa, estava ela, a rainha de copas do baralho brasileiro. Reflita: não se pode dizer que a Copa fosse só uma copa. Tal efeméride envolve-se com uma hora atritada no país. Não há como separar a bola do campo com a bola da vez que é o governo representado ali pela Presidente. Ela não é apenas uma mulher com sua família, mas, a responsável pela Copa. Claro que ali estavam pessoas de classe-média. Olha o preço alto dos ingressos!
Acorde,meu anjo, o tempo passa no marcador. Estamos cansados do governo e o vaiamos, assim como fazíamos panelaço no tempo do Sarney.
Vaiar é direito de todos. Faz parte do show, é democrático. Gutural, o inominável, o sem palavras. O instante em que a coisa é! Viva! Água Viva!
Não estamos na sala de visita, mas, na arena do pão e circo. Com todo o respeito lhe afirmo que é melhor vaiar do que atirar cristãos aos leões. Atear fogo no caixa do banco.
Sem essa de pensar que a classe-média é isso ou aquilo. O pior: que é a elite branca que vaia. Querida, esse modo de pensar faz parte das palavras de ordem dos anos setenta! Não há mais – e penso que os sociólogos tenham dificuldade nisso – como colocar gente em cumbucas e rotular os malvados ricos e brancos. Pensar assim é muito rasteiro – perdoe=me o jeito. 
Estudei em colégio de freiras, não no Sion, mas, num colégio custoso pro meu pai pagar. Conheco os bons modos, não precisei ler o livro da Danuza! Mas perco as estribeiras vira-e-mexe! Não está fácil pra mim e pra outros da classe-média pagar os impostos, enfrentar filas. Ver o povo morrendo nas filas do Sus e nós no meio. Parei de pagar plano de saúde Estou velha - oscilo entre a palidez branca e o vermelho de raiva. Ralamos muito. Nem toda classe-média é filha da puta e branca. Erro bobo o seu.
Outro ponto: essa sua história de gente fazer feio lá fora. Não há mais lá fora.Tudo virou um mundo só. Estude a globalizacão, ache no Google. E, sem essa de nacionalismo! Pense como VivianeWestwood – aí, escolho alguém da moda que tanto representa pra você. Essa grande artista da costura vem batalhando para acabar com a ideia de nacionalismo .Leia o que ela diz. Nacionalismo é engodo que põe fogo nas massas, por causa, não de pensamento racional, mas, da euforia que assanha as massas.
Minha mãe mandava colocar almofadas sobre os furos do sofá quando vinham visitas em casa. Eu abominada isso.Sejamos o que somos como furos no sofá e na língua. Pelo direito de urrar! Fazer cara de fino pra visitas é coisa de babaca ( desculpe a gíria mas, se o Lula a usa, quem sou eu pra não usa-la).
Você se refere aos poderosos ali sentados vendo a Copa como o creme do creme. Estamos na lama, dear, cherry. Nosso creme é ter o direito a urrar, berrar.E só o que podemos, amarrados que estamos sem poder fazer mais nada. Talvez xixi na arquibancada. Feio isso, mas, os esfíncteres são a essência das gentes.
Fico por aqui, que não quero falar muito.Não é de bom tom. Uma vaia vale mais que mil palavras e mando uma pra você.Desculpe.
 Marininha da Polca, estilista de papel. Uma mulher desbocada.


TEXTO 3
''Vergonha!, por Ricardo Noblat
Vaia é uma manifestação legítima. Mas nada justifica o uso de baixarias para atingir a presidente da República ou quem quer que seja. Nada.
É lamentável que Dilma tenha sido vítima, no jogo de abertura da Copa do Mundo, da incivilidade da maioria das pessoas reunidas ali.
Como milhares de jornalistas ocupados com a transmissão do maior evento do mundo reproduziram o insulto a Dilma e aos bons modos?
O que pensarão outros povos do comportamento do nosso?
Vergonha!''

TEXTO 4
Vaiar é democrático, inibe que se coloquem fogo no banco. Vaiar é um jeito educado de dizer que não se gosta. Seja na Copa ou na Cozinha. Já se bateram panelas aqui em São Paulo ( 1980). Melhor bater panelas à janela ou dar vaias no campo, na fazenda ou na casinha de sapé. É tão gostoso vaiar! É um direito de gente educada dizer sem passar p forca bruta.Foi bonita a vaia, um descarrego, uma catarse, estivesse lá vaiava vaiava com alegria grande feito a de andar na chuva em dia de verão. Vaiamos, logo, existimos. Não somos uma massa combinada,ainda podemos nascer pro lado contrário do que foi planejado pelo jardiNHEIRO. Durma com nossa vaia, amor.

TEXTO 5


Nem xingamento nem vitimização - RONALDO CAIADO


FOLHA DE SP - 22/06

Acreditar que aqueles que xingaram Dilma são integrantes da "elite branca e conservadora" é um insulto à inteligência do brasileiro

É inaceitável numa democracia que um presidente da República seja xingado publicamente de modo grosseiro, especialmente num evento do porte da abertura da Copa do Mundo, vista por mais de 3 bilhões de pessoas em todo o planeta.

É grosseiro, merece nosso repúdio, mas não podemos esquecer o contexto que levaram milhares de pessoas a xingar a presidente Dilma Rousseff no Itaquerão. E muito menos aceitar a "vitimização" que o PT pretende impor à sociedade em mais uma de suas "armadilhas" em lançar falsas questões em falsos debates, com falsos argumentos.

Acreditar que aqueles que a xingaram são "cretinos", "facínoras", integrantes da "elite branca e conservadora" é um insulto à inteligência do brasileiro e é imaginar que ele não tem memória ou capacidade de interpretar gestos políticos.

Por anos o PT e seus principais dirigentes atacaram duramente a figura do presidente da República, qualquer que fosse o ocupante da principal cadeira do Palácio do Planalto. Os ex-presidentes José Sarney, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, todos eles sofreram agressões grosseiras de Lula e de outros próceres do partido. Na fila de desafetos petistas incluem-se Mário Covas (chegou a ser agredido fisicamente), José Agripino e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, inclusive ameaçado de morte.

Essa sempre foi a estratégia política do partido da atual presidente da República, desde a sua fundação. A de agredir quem pensa diferente, a de acirrar os conflitos em dicotomias simplistas --"elite branca" versus "maioria negra"-- e a de não respeitar a decisão da maioria, como nos episódios da campanha do "Fora FHC" e da Constituição de 1988, que resistiram a assinar.

Agora tentam utilizar o episódio do Itaquerão para reverter a situação e "vitimizar" a presidente Dilma Rousseff na figura de mulher, "mãe de família", "avó indefesa", para obter ganhos políticos eleitoreiros. Esquecem, propositadamente, que a própria Dilma Rousseff usou o dinheiro público na rede nacional de rádio e TV para estimular o conflito. Contribuiu com uma safra de ofensas que incluiu expressões pouco republicanas para a liturgia de seu cargo, como "derrotados", "fantasmas do passado".

Tentam, ao vitimizá-la, ludibriar a opinião pública e fazer com que se esqueça que, por trás das vaias e dos grosseiros xingamentos, existem insatisfações concretas na população, que já se materializaram nas ruas em junho do ano passado.

A economia vai mal, a inflação recrudesce, os juros sobem e a corrupção grassa solta. Os gastos astronômicos e superfaturados das obras da Copa, o inexistente legado e a incompetência em cumprir o prometido comprometeram a imagem do governo e do país, aqui e no exterior, como indicam as pesquisas.

Mesmo assim, numa vã tentativa de iludir a população, eles fingem que essas informações não se referem à gestão deles. Esse é o quadro, inaceitável numa democracia. Não podemos deixar mais esse exercício cínico de vitimologia do PT prosperar. Precisamos desmascará-lo e garantir um regime democrático pleno, sem xingamentos, mas sem mentiras nem vitimização.
Postado por MURILO às 08:04http://www.hojeemdia.com.br/noticias/politica/aliado-minimiza-vaia-a-dilma-e-opositor-ve-insatisfac-o-1.135622



TEXTO 6
Aliado minimiza vaia a Dilma e opositor vê insatisfação

Eduardo Bresciani, Débora Álvares e Ricardo Della Coletta 



A presidente Dilma Rousseff foi vaiada duas vezes na cerimônia de abertura da Copa das Confederações hoje, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. O presidente da Fifa, Joseph Blatter, também alvo da manifestação, chegou a reclamar do público pelo microfone, pedindo "fair play". Para aliados da petista, houve erro da assessoria em expô-la diante de um público de classe média alta. Na oposição, o entendimento é de que o descontentamento com a presidente é crescente.



A vaia, alta e ouvida em todo o estádio, começou no momento em que os nomes de Blatter e Dilma foram anunciados para dar início ao torneio. O presidente da Fifa iniciou sua fala, em português, afirmando que havia ali uma reunião para uma "verdadeira festa do futebol no país pentacampeão". Agradeceu as autoridades brasileiras e citou Dilma, momento em que o público vaiou novamente. Blatter, então, reclamou do comportamento: "Amigos do futebol brasileiro, onde está o respeito e o fair play?".

Dilma ficou com o semblante fechado ao lado do presidente da Fifa e apenas cumpriu o protocolo, sem discursar. "Declaro oficialmente aberta a Copa das Confederações Fifa 2013", disse, visivelmente constrangida. Do outro lado dela estava também o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local, José Maria Marin, com quem Dilma evitou manter qualquer contato público até então.

Aliados da presidente acreditam que a vaia se deveu às características do público. "Vaia de playboy não vale", disse o deputado Dr. Rosinha (PT-PR) por meio do Twitter. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a situação deveria ter sido evitada pela assessoria de Dilma. "Faltou avaliação política. Era um evento com ingresso caro, com classe média alta, classe A, não é essa a turma da Dilma e do Lula", afirmou Lindbergh. Presente no estádio, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) minimizou o fato. "Político no estádio é sempre vaiado, porque o povo ali quer ver futebol", disse. Os petistas lembram ainda que na abertura dos Jogos Pan-americanos de 2007, no Rio de Janeiro, o então presidente Lula foi vaiado, mas isso não impediu a eleição de sua sucessora.

Na oposição, a manifestação do público foi "comemorada". "Essa vaia é um sentimento do País. A gente vê nas ruas que a situação é diferente de três anos atrás. Ali estava a classe média, mas as outras classes também estão sofrendo os efeitos da má administração do PT", afirmou Nilson Leitão (PSDB-MT), líder da minoria na Câmara. "A presidente conseguiu uma antipatia suprapartidária. Os fatores vão se acumulando, como a inflação, e isso pode levá-la a uma derrota", disse o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO).

Festa e protesto

A vaia para a presidente aconteceu depois de o público ter demonstrado empolgação com o evento, distribuindo aplausos para voluntários e até para o hino japonês. A cerimônia de abertura da competição, dirigida pelo carnavalesco Paulo Barros, procurou vender a principal festa popular do País. Voluntários realizaram mosaicos no gramado, houve espaço para homenagem às oito seleções participantes e a conclusão com bonecos similares aos do Carnaval de Olinda disputando uma partida de futebol sob um campo formado em mosaico.

Do lado de fora, porém, o público que acessou o estádio presenciou um protesto reprimido com força pela Polícia Militar do Distrito Federal, estado governado pelo petista Agnelo Queiroz. Os manifestantes foram dispersados com bombas de efeito moral e disparos de bala de borracha. A PM usou também gás lacrimogêneo. Ao todo, 3 mil homens participaram da segurança do jogo.

O primeiro confronto ocorreu quando um grupo tentou acessar a área onde o protesto estava concentrado, em frente ao estádio. Houve tumulto e a PM soltou bombas de gás lacrimogêneo. Um jovem foi ferido na perna. Até as 15h30 já haviam sido presos 17 adultos e apreendidos 10 menores, de acordo com o advogado dos manifestantes, Gilson dos Santos.

Depois dessa ação, uma parte dos manifestantes voltou a se reunir em frente ao estádio. A PM deu ordem de dispersar e agiu novamente, desta vez com vários disparos de bala de borracha e com bombas de efeito moral. Os manifestantes reclamam que os recursos gastos na construção dos estádios deveriam ser revertidos para áreas como saúde e educação. A organização surgiu a partir de redes sociais e houve ainda demonstrações de apoio ao movimento em São Paulo e em outras capitais do País pela redução da tarifa de ônibus. A manifestação em Brasília teve início com cerca de 350 pessoas, mas outras foram chegando durante as mais de cinco horas de protesto.http://www.hojeemdia.com.br/noticias/politica/aliado-minimiza-vaia-a-dilma-e-opositor-ve-insatisfac-o-1.135622


segunda-feira, 16 de junho de 2014

Os problemas da educação no Brasil

Escreva um texto opinativo em que você  escolha três dos problemas da educação no País.
Na Introducão, você precisa evidenciar  o porquê de ter elegido esses três problemas.

PRIMEIRA LEITURA.FONTE: CARTA CAPITAL 

responsabilidade de educarem os seus filhos

por Paulo Yokota — publicado 14/04/2014 13:19
Quando se pergunta à população brasileira, em uma pesquisa de opinião, qual seria o problema fundamental do Brasil, a maioria indica a precariedade da educação. Os entrevistados costumam apontar que o sistema educacional brasileiro não é capaz de preparar os jovens para a compreensão de textos simples, elaboração de cálculos aritméticos de operações básicas, conhecimento elementar de física e química, e outros fornecidos pelas escolas fundamentais.
Esses conhecimentos são testados em pesquisas internacionais como o PISA (Programme for International Student Assessment) da OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico e coordenado no Brasil pelo INEP - Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
No PISA os países asiáticos estão apresentando os melhores resultados, possivelmente diante do valor atribuído à educação por influência de nomes como o filósofo Confúcio, que não se restringe ao conhecimento formal, enquanto o Brasil não apresenta resultados satisfatórios.
Certa vez, participava de uma reunião de pais e professores em uma escola privada brasileira de destaque e notei que muitos pais expressavam o desejo de ter bons professores, salas de aula com poucos alunos, mas não se sentiam responsáveis para participarem ativamente das atividades educacionais, inclusive custeando os seus serviços. Se os pais não conseguiam entender que esta aritmética não fecha e que a sua aspiração estaria no campo do milagre, parece difícil que consigam transmitir aos seus filhos o mínimo de educação.
Para eles, a educação dos filhos não se baseia no aprendizado dos exemplos dados pelos pais.
Que esta educação seja prioritária e ajude a resolver os outros problemas de uma sociedade como a brasileira parece lógico. No entanto, não se pode pensar que a sua deficiência depende somente das autoridades. Ela começa com os próprios pais, que não podem simplesmente terceirizar esta responsabilidade.
Para que haja uma mudança neste quadro é preciso que a sociedade como um todo esteja convencida que todos precisam contribuir para tanto, inclusive elegendo representantes que partilhem desta convicção e não estejam pensando somente nos seus benefícios pessoais.
Sobre a educação formal, aquela que pode ser conseguida nos muitos cursos que estão se tornando disponíveis no Brasil, nota-se que muitos estão se convencendo que eles ajudam na sua ascensão social, mesmo sendo precários. O número daqueles que trabalham para obter o seu sustento e ajudar a sua família, e ao mesmo tempo se dispõe a fazer um sacrifício adicional frequentando cursos até noturnos, parece estar aumentando.
A demanda por cursos técnicos que elevam suas habilidades para o bom exercício da profissão está em alta. É tratada como prioridade tanto no governo como em instituições representativas das empresas. O mercado observa a carência de pessoal qualificado para elevar a eficiência do trabalho.
Muitos reconhecem que o Brasil é um dos países emergentes que estão melhorando, a duras penas, a sua distribuição de renda. Mas, para que este processo de melhoria do bem estar da população seja sustentável, há que se conseguir um aumento da produtividade do trabalho, que permita também o aumento da parcela da renda destinada à poupança, que vai sustentar os investimentos indispensáveis.
A população que deseja melhores serviços das autoridades precisa ter a consciência de que uma boa educação, não necessariamente formal, é fundamental para atender melhor as suas aspirações.
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Segunda leitura.Acesse o link

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Proposta de carta dissertativa . Ney Matogrosso.

Veja a entrevista de Ney Matogrosso. Escreva uma carta a ele. Posicione=se e argumente.
Em aula vou lhe explicar como escrever essa modalidade de texto.

http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/cultura/ney-matogrosso-detona-brasil-do-pt-e-wagner-moura-pede-para-sair/

Dê sua opinião sobre a literatura simplificada.

TEXTO 1

Literatura simplificada é polêmica nas escolas

VICTOR VIEIRA - O ESTADO DE S.PAULO
12 Maio 2014 | 02h 03

Obras reescritas para facilitar a leitura dividem opiniões de alunos e docentes

Queridos pelos professores, Machado de Assis e José de Alencar não são autores de cabeceira para a maioria dos alunos. A dificuldade de entender obras clássicas, seja pela linguagem ou complexidade das tramas, reaviva o debate sobre o uso de adaptações literárias nas escolas. Embora a ideia das versões seja incentivar a leitura entre crianças e adolescentes, especialistas se preocupam com o empobrecimento dos textos.
Na semana passada foi alvo de críticas o projeto da escritora Patrícia Engel Secco, que teve apoio da Lei de Incentivo à Cultura para adaptar obras de Machado de Assis para uma linguagem atual. Um dos exemplos, que acirrou ânimos nas redes sociais, foi a troca da palavra "sagacidade" por "esperteza", de compreensão mais fácil. A polêmica, entretanto, não é novidade nas escolas.
Iuri Pereira, professor de Literatura do Colégio Equipe, em Higienópolis, na região central de São Paulo, é contrário às adaptações. "Geralmente a mudança reduz, simplifica a obra", diz. "E o mais difícil de Machado, por exemplo, não é a linguagem, mas os temas, que são próprios da maturidade." Segundo ele, uma estratégia para abordá-lo com os mais novos é usar textos menores, como os contos.
Para a aluna do 3.º ano do Equipe Marina Klautau, a aversão aos livros clássicos está ligada às exigências do vestibular. "Muitos colegas acabam mais preocupados em buscar análises sobre o livro do que em ler. Eles se concentram no que é cobrado na prova", lamenta ela, de 16 anos. "A leitura é tratada como obrigação."
Outra barreira nos originais, segundo Marina, é o vocabulário. "Para algumas palavras, tenho de procurar o significado. Mas isso não faz com que eu perca o interesse nos livros. Geralmente as pessoas se desmotivam pelas dificuldades de entender a linguagem", relata.
Evolução. A visita constante ao dicionário, no entanto, pode ser proveitosa. É o que garante Pedro Souza, aluno do 9.º ano do ensino fundamental da escola bilíngue Stance Dual, na Bela Vista, região central de São Paulo. "Às vezes uma palavra desconhecida prejudica o ritmo de leitura, mas é bom para melhorar o vocabulário. Isso você não tem no livro adaptado", diz o adolescente, de 14 anos.
Incentivado pelos pais professores, Pedro já se aventurou além dos tradicionais Machado de Assis e Monteiro Lobato e buscou até clássicos estrangeiros. Entre os colegas, porém, o gosto pelas bibliotecas não é o mesmo e a maioria prefere versões mais simples. "Muitos na turma reclamam de textos longos", diz. "Buscam na internet resumos e até aplicativos que fazem a leitura do livro em voz alta."
A cobrança, afirma o professor de Língua Portuguesa André Oliveira, deve seguir o nível de maturidade da classe. "Depende da idade do aluno, que deve ter repertório para entender a obra", alerta ele, que dá aulas no Colégio Ofélia Fonseca, em Higienópolis, no centro. Segundo Oliveira, o cuidado é escolher adaptações que não descaracterizem os originais. "Uma boa versão em quadrinhos, por exemplo, serve como estímulo para ler o clássico."

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Democracia&embate

Democracia é barulho. Não existe democracia sem embate. A história é produto de tensões e embates.

Abaixo, há três textos interessantes que trazem uma luz a essa discussão.



O discurso da tolerância como domesticação

Por Redaçãomaio 30, 2014 18:46



Apenas uma sociedade profundamente intolerante pode invocar a necessidade da ‘tolerância’. Aceitar o outro por perto, mas não tão perto assim

Por Gabriel Bichir, da Carta Maior

Há certos setores da sociedade que tendem a disseminar uma concepção de política ligada à conciliação, à tolerância e ao bom senso; enfim, todos os valores do autêntico “cidadão de bem”. Contudo, eles partem de um pressuposto equivocado. Se nos voltarmos aos gregos, encontraremos uma concepção muito distinta, que faz apelo à dialética, ao confronto de posições opostas no qual apenas uma sai vencedora. A arte política é, originariamente, conflito.

Insistir nessa noção dialética do conflito é fundamental para dissipar concepções levianas e desmascarar a “bela alma” reacionária. Espinosa já dizia que do choque de duas potências contrárias apenas uma poderia sair vencedora, já que uma potência não seria capaz de maximizar-se por conta própria, sem impor-se sobre alguma outra. Ora, se levarmos isso a sério, será necessário descartar uma série de discursos que circulam sub-repticiamente e são ingenuamente assimilados pelo senso comum.

Um deles é o discurso da tolerância e do respeito. “Sejamos tolerantes com o diferente”, dizem. “Discordo de você, mas respeito seu ponto de vista”. Eis a morte do pensamento em duas únicas frases! Diferença não é algo que se tolera, discurso não é algo que se respeita (ainda que se possa respeitar uma pessoa). Todas essas afirmações partem do pressuposto conciliador de que tudo se resolve na integração; para as pessoas que defendem tais posições o mundo seria um lugar muito mais belo se todos se dessem as mãos. A caridade cristã esconde-se onde menos a esperamos…

Maquiavel já se mostrava um ferrenho crítico dessa posição. Em seus Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, afirma que a cidade está invariavelmente dividida em dois “humores”: aquele dos poderosos e o do povo. A liberdade política surgiria desse embate; com efeito, impõe-se como uma necessidade ao povo refrear a ambição dos mais ricos, os quais, se deixados à vontade para fazerem o que bem lhes conviesse, arruinariam a cidade.Tais opostos não estariam sujeitos à conciliação, pelo menos não de maneira permanente.

Na atualidade, o discurso em voga é o do consenso universal, o que se dá tanto na esfera estatal como nos meios de comunicação. No entanto, como nos aponta Maquiavel, nem sempre tal consenso é possível. E mais: nem sempre devemos buscá-lo, pois nessa busca há sempre uma perda irremediável. Perdemos a capacidade de compreender a história como puro movimento, como choque constante entre opostos que batalham por seus interesses e que também foram constituídos historicamente. Ora, de que adianta a esquerda tentar dialogar com quem defende a Marcha da Família com Deus? Os pressupostos de cada lado são absolutamente diferentes, o diálogo já está impossibilitado de antemão e não há aí qualquer possibilidade de consenso. O que fazer em tal caso? Lutar. Lutar e resistir até o fimcontra quem defende a ditadura e sua herança assassina. Apenas assim será possível fazer justiça histórica; ser conivente para com nossos algozes, minimizar seus feitos, tudo isso é um atentado contra a memória do povo brasileiro, de cada mãe que chorou com a morte do filho pelas mãos dos militares. Há certos momentos da história que não podem ser minimizados, nem perdoados. O conflito já está dado, o que não se pode é tentar escapar dele.

De fato, o consenso universal não é só impossível, mas ilusório. Trata-se de uma forma de mascarar o problema político, de fraudá-lo, isto é, colocá-lo em termos incorretos e vazios de significado, o que inviabiliza uma análise consistente. Tais discursos são incapazes de dar conta da complexidade do campo político e, não raramente, recaem em seus contrários. Apenas uma sociedade profundamente intolerante e segregacionista pode invocar a necessidade da “tolerância”; ser tolerante significa, em essência, aceitar que o outro esteja por perto, mas não tão perto assim. Uma sociedade que tolera o homossexual é uma sociedade homofóbica, da mesma forma que uma sociedade que tolera o negro é uma sociedade racista. Repensar esse paradigma significa recolocar o problema da alteridade e do sentido da diferença no horizonte político.

Muito ganharíamos ultrapassando essa visão estreita. A diferença não seria mais vista como algo a ser “tolerado”, mas como afirmação do puramente diferente, inassimilável. Na atual conjuntura, isso não se configura como algo provável ou sequer possível. As vendas do consenso impedem-nos de pensar essa alteridade radical, a qual aparece sempre nas “formas terroristas que nos obsessionam”, como diz Baudrillard. Já o negro ou o homossexual constituem diferenças plenamente assimiladas no esquema vigente de dominação. Integradose devidamente “domesticados” no horizonte normativo do branco heterossexual, eles não constituem grande problema, sua diferença está sob controle. O problema é que essa tentativa de “domesticação” sempre traz em seu bojo um efeito colateral: surgem, paralelamente a conquistas de importantes direitos, novas formas de racismo e homofobia com um teor fascista cada vez mais intenso.

Evidentemente, tal esquema conciliador não produz esses movimentos como uma causa produz seus efeitos. De fato, é a própria tentativa de assimilação que falha; não pode ser plenamente levada a cabo porque a alteridade resiste, e nesse movimento de choque surge, então, uma fissura, uma excrescência do sistema. Ora, como seria possível a ascensão de tantos grupos racistas e homofóbicos extremamente violentos em países como a França,marcados historicamente pela constante presença do Estado de bem-estar social e da luta por direitos? Some-se a isso o crescimento expressivo na Europa de partidos de extrema direita (como o Front National francês) em eleições recentes. Trata-se de um fenômeno que não pode ser explicado apenas pelo viés financeiro, da atual crise econômica que remonta a 2008, ou por uma suposta “decadência” da esquerda atual.

Apenas reestabelecendo o laço essencial entre teoria e práxis será possível recolocar o problema da significação do campo político de forma a evitar discursos reducionistas e a combater o fantasma reacionário da “bela alma” e sua tolerância infinita.

(Foto de capa: Reprodução/Carta Maior)






“Curtindo” um castigo
No Brasil, a violência não é uma qualidade das “pessoas más”, mas o fator estruturante da sociedade. É tão presente que se torna invisível aos olhos da maioria e se manifesta cada vez mais em discursos nas redes sociais

Rodrigo Elias
10/2/2014

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Após apanhar de grupo de 'justiceiros', adolescente é preso nu em poste, no Rio / Foto: Yvonne Bezerra de Melo



“A democracia é um erro estatístico, porque na democracia decide a maioria e a maioria é formada de imbecis”. Esta é uma frase atribuída a um dos mais geniais escritores de todos os tempos, o argentino Jorge Luis Borges (1899-1986), com a qual não posso concordar publicamente. É possível, entretanto, fazer uma analogia entre a premissa matemática do silogismo pseudoborgeano e a relação entre discurso e violência no mundo que estamos criando.

Vou tomar como referências algumas respostas ao texto do meu colega Bruno Garcia recentemente publicado aqui, sobre as reações à barbaridade cometida contra um menor supostamente infrator no Rio de Janeiro (texto com o qual concordo), e algumas reflexões sobre a transformação nas relações humanas a partir da alteração das chamadas “tecnologias do intelecto”.

Vivemos, os brasileiros, em uma sociedade na qual a violência é erroneamente interpretada, na maioria das vezes, como uma dimensão da vida social, que surge episodicamente e que, portanto, precisa ser reprimida topicamente e de forma espetacular, como forma de satisfazer uma pedagogia da exemplaridade. Um modo de pensar que vigorou nas formações estatais entre a Antiguidade (basta lembrar das crucificações promovidas pelos romanos) e o século XVIII (lembremos das mulheres queimadas em praças públicas) – a partir daí, como qualquer pessoa que é conscientemente herdeira das tradições ditas iluministas deve saber, a ideia de punição-exemplaridade (que também tem o seu fundo religioso – a vingança divina contra os pecados) foi substituída (nas tradições racionalistas, obviamente) pela constatação de que os seres humanos são animais sociais e culturais e, logicamente, seria mais útil para toda a sociedade que o indivíduo que não está adequado às normas socialmente aceitas deve ser reeducado e utilizado em benefício da própria sociedade, o que também quer dizer em benefício de si mesmo (àqueles que, por infeliz exceção, não estão familiarizados com esta ideia, ou acreditam que ela é uma invenção de acadêmicos de países subdesenvolvidos que querem defender bandidos, ou “dessa gente de Direitos Humanos”, sugiro uma googlada no nome de Cesare Beccaria). O declínio da pena de morte no ocidente não é um fato da 

natureza, é um avanço civilizacional.



Violência estrutura a sociedade brasileira

A violência, enfim, não é uma qualidade metafísica das “pessoas más”. Ela é o principal fator estruturante da nossa sociedade (também não é apenas “resultado das desigualdades e da corrupção”, argumento que, quando usado como fator exclusivo, tem servido a partidos políticos de todas as colorações com notável aproveitamento; ela é a causa das desigualdades e suas mazelas paralelas). Não vou gastar muito tempo para justificar esta afirmação; vou apenas lembrar que a formação do que atualmente conhecemos como “sociedade brasileira” é, respeitando-se as matizes históricas regionais, resultado de um processo de colonização que tem como base dois elementos que são a materialização mais genuína da violência: a guerra de conquista e a escravidão (esta não é uma interpretação, mas um fato frio indisputável).

Estes dois elementos se sobrepuseram, de alguma maneira, entre a chegada dos europeus ao nosso atual território (havia guerras de conquista entre os indígenas no período pré-cabralino, mas estas são incomparáveis à escala genocida global da expansão ibérica) e o avanço do “desenvolvimento” promovido pelo estado na Amazônia durante o regime militar, já na década de 1970 (consideremos o massacre de dois mil waimiri-atroaris com gás venenoso e napalm para a construção da BR-174, no estado do Amazonas, entre 1972 e 1975, apenas um episódio do processo).

Supondo, como se fechássemos os olhos, que estes dois elementos deixaram de existir no Brasil (guerra por território e escravidão com patrocínio ou tolerância das estruturas estatais), temos aí 470 anos de herança da mais perfeita violência. Essa estrutura é tão presente (logo, tão invisível, pois estamos imersos nela) que não estranhamos nem um pouco o fato de que a Força Nacional de Segurança Pública foi criada por decreto pelo líder de um partido tradicionalmente identificado com as demandas dos setores mais oprimidos da sociedade, e a expansão do seu uso está ocorrendo sob a gestão de sua herdeira política.

Acontece que esta violência estruturante se desdobra não apenas na configuração do estado brasileiro desde o início do século XIX (ao qual se acoplaram interesses econômicos bastante evidentes, embora diversos historicamente). Ela também assume a forma de uma cultura da violência, mais ou menos visível em uma certa aprovação popular, durante a maior parte da nossa existência enquanto “sociedade civil”, da violência de estado em bases paleo-modernas.

Sérgio Buarque de Holanda estava correto quando, há quase oitenta anos, diagnosticava a nossa dificuldade em compreender o que é uma esfera propriamente pública – e isto está mais do que evidente na confusão que fazemos diariamente entre justiça e vingança, o que é claramente uma permanência de um traço mental medieval entranhado em nossa sociedade, dos mais altos dignitários da República ao mais reles vendedor de narcóticos, passando por todas as outras categorias de indivíduos. Esta concepção privatista do que deve ser a ação na esfera pública é a nossa configuração padrão.

Um exemplo banal: o fato de que 72% das comarcas brasileiras não têm defensores públicos (ou seja, quem é pobre não tem um advogado para enfrentar o processo penal) não é uma questão com a qual os brasileiros nos incomodamos (Pedrinhas é a pontinha do iceberg). Afinal, se há no acusado dois fatores associados à tipologia do medo que vigora no imaginário difundido em nossa cultura (ser pobre e ser preto), isto funciona, dentro da lógica imperante (sobretudo, mas não apenas, nos meios de comunicação), como comprovante de culpa. A sociedade e o estado não se importam com o fato de que a maioria esmagadora da população carcerária não pode se defender de acusações, estando à mercê da força dos agentes públicos (formados na mesma cultura de violência), de criminosos justamente condenados e mesmo de outros interesses – candidatos a cargos eletivos não falam no assunto, eleitores não se importam com isso (de modo que qualquer pessoa que não diga explicitamente que este é um problema político da maior importância também é moralmente responsável por ele).



Bandido x Cidadão de bem

A esta culpa prévia se soma a ideia de que a punição serve exclusivamente, conforme a lógica da justiça pré-iluminista, como exemplo (nem vou começar a falar aqui da dimensão erótica da psicogênese da vingança; sugiro, entretanto, a leitura de qualquer romance do Marquês de Sade, em especial, Os 120 dias de Sodoma, escrito em 1785, ou da análise de Gilles Deleuze, Sacher-Masoch: o frio e o cruel, de 1967). Temos aí, como desdobramento lógico, o argumento fácil (porque não é preciso pensar para que o afirmemos, como todo aquele minimamente versado em retórica deve saber que é o mais eficiente tipo de argumento) segundo o qual “bandido bom é bandido morto”. A anáfora, aliás, facilita a memorização (e, afinal de contas, deve ter restado em qualquer ser propriamente humano, participante da cultura escrita ou oral, a capacidade de gostar de poesia).




"Vivemos, os brasileiros, em uma sociedade na qual a violência é erroneamente interpretada, na maioria das vezes, como uma dimensão da vida social, que surge episodicamente e que, portanto, precisa ser reprimida topicamente"



Como contra-imagem desta figura reificada do “bandido”, binariamente (para a alegria de Lévi-Strauss), vemos a configuração desta outra figura mítica: o “cidadão de bem”. Compreende-se, portanto, o incômodo violento que se expressa em parte dos comentários ao texto do Bruno, bem como em outros lugares do “mundo virtual” – seus autores, na maior parte das vezes, não são essencialmente fascistas (ser fascista de fato requer uma certa elaboração teórica e, portanto, retórica, mesmo que seja essencialmente uma aberração moral); são apenas a manifestação de uma cultura da qual os seus participantes ainda não foram capazes de se libertar – porque assim é mais confortável, como sabemos desde Kant (para fins práticos, estou considerando apenas as pessoas que efetivamente leram o texto; as outras serão mais consideradas no ponto seguinte; não vou considerar os comentários que são resultado de um certo anti-intelectualismo que, por sua vez, é o trágico resultado da existência de uma estrutura de ensino disfuncional no Brasil, do nível básico à pós-graduação, cuja prova estatística são as mídias sociais).

Se compreendemos a base dos “argumentos” presentes nos comentários favoráveis ao justiçamento de “criminosos” e de criminosos (aqueles que atravessaram o processo legal e foram condenados pela estrutura da sociedade constitucionalmente designada para gerir o mesmo), como entender a violência contida nas respostas (por exemplo, a linguagem explicitamente agressiva e a manifestação do desejo latente de que o autor do texto seja objeto da violência que supostamente defende - “é porque não foi com a sua filha ou a sua mãe”)? Aí entram os desdobramentos desta nova transformação estrutural, a plataforma sobre a qual o discurso é produzido – a internet e, mais especificamente, seus mecanismos de interação interpessoal.





Pintura de Debret ilustra escravos no Brasil Colônia / ReproduçãoA internet e os discursos de violência



Coloque em um mesmo tubo de ensaio uma sociedade essencialmente violenta (sob cuja superfície reside uma mescla de ressentimento, medo e impotência) e um meio de interação social que pode prescindir inteiramente do contato pessoal face-a-face. Não é preciso elaborar muito para concluir que as formas de interação discursivas não estarão submetidas ao constrangimento real que poderia ser fruto da presença física do outro (o alvo do discurso violento). Um comediante americano muito famoso, Louis C. K., falou recentemente (e da melhor forma possível) sobre o motivo pelo qual não permite que suas filhas usem telefones celulares, tema que tem sido discutido muito profundamente por gente bastante séria: é preciso, durante o período de formação da personalidade, lidar com o preço emocional das reações dos outros aos nossos atos. Ora, é na infância que os seres humanos aprendemos as mais básicas normas interpessoais regidas pelo afeto – é quando inscrevemos em nossas estruturas psíquicas mais profundas a certeza de que o outro é capaz de sentir o que sentimos. Psicopatas são pessoas incapazes de se identificar com a dor do outro, sendo capazes de formas de violência aos demais indivíduos inexplicáveis, e esta inabilidade (ausência da capacidade de ter empatia) começa a se estabelecer na infância, seja por conta da supressão da interação humana necessária para a educação afetiva, seja por conta da submissão à violência – seres humanos amadurecem emocionalmente em contato com a subjetividade imediata do outro, em um processo que se estende da primeira infância até o final da adolescência.

É claro que uma parte considerável das pessoas que fazem comentários violentos nos meios virtuais (não me refiro a discordâncias ou a argumentações complexas em contrário, mas a respostas discursivas violentas) não é composta por psicopatas (atualmente, estima-se que entre 0,5% e 3% da população seja formada por psicopatas). Estas posturas discursivas violentas só são assumidas, na maioria das vezes, porque a internet poupa seus emissores desta conta emocional do constrangimento presencial – estes indivíduos não serão capazes, portanto, de provocar, eles mesmos, um impacto na sociedade ou em seu meio social mais restrito para além da reiteração de estruturas há muito estabelecidas. Há, entretanto, um lado mais sombrio nessa nova realidade.

Pessoas que estão amadurecendo psicossocialmente dentro desta nova ordem tecno-discursiva estão sendo progressivamente (e, talvez, irreversivelmente) privadas de desenvolver empatia pelo outro – pois o outro está, durante a maior parte das inteirações sociais, ausente, mediado por estas novas tecnologias. E é justamente neste ponto que a trajetória dos valentes virtuais se cruza com a sociopatia e com o crime propriamente dito.

O grupo de “vigilantes” preso recentemente em um bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro é composto por jovens de classe média, menores de idade em sua maioria, expostos desde a infância a uma nova forma de vivência interpessoal, na qual tudo é montado para o aumento do bônus e a extirpação do ônus emocional (já existe uma geração inteira que não aprendeu a experimentar a frustração que pode decorrer de qualquer interação social real e a lidar com isso). Estas pessoas estão começando a fazer no mundo real, com pessoas reais, aquilo que fazem discursivamente através da interação virtual.

É provável que não cheguemos a desenvolver, em um curto prazo, uma estrutura estatal abertamente fascista com a legitimação da maioria da sociedade (o mundo globalizado exigiu o salto civilizacional que pressupõe o fim de regimes fascistas). Mas não será uma surpresa se mais e mais legiões de sociopatas ganharem as ruas dos centros urbanos do país movidos pelo que acreditam profundamente ser um senso de justiça, embora seja apenas uma mera reprodução do que já temos visto há alguns séculos. Será menos surpresa ainda se isto acontecer com certo aplauso (ou uma certa quantidade de “curtidas”) dos cidadãos de bem.