sábado, 31 de janeiro de 2015

Recorte temático: funk carioca& indústria cultural


Leia tudo e mais o que quiser.

Fenômenos de massa como o funk carioca podem criar novos fenômenos que promovam a participação da sociedade? Ou, servem apenas para alienar a sociedade? http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=12258#sthash.KjdeTaNL.dpuf]


Por muito tempo, os antropólogos acreditaram (com argumentos muito parecidos com aqueles utilizados pela teoria apocalítica da indústria cultural) que o mundo caminha para a homogeneização definitiva. Por isso a pressa de estudar as outras culturas antes que elas desapareçam, antes que tudo fique igual para sempre. O estudo de fenômenos como o mundo funk carioca mostra que novas diferenças podem ser criadas a qualquer momento, mesmo dentro de uma realidade “controlada” pelas multinacionais . do disco e da televisão. Talvez seja a hora de deixar de lado os preconceitos e a procura da pureza perdida. Para isso, basta seguir o velho e bom conselho de Lévi-Strauss: “é preciso também estar pronto para considerar sem surpresa, sem repugnância e sem revolta o que essas novas formas sociais de expressão não poderão deixar de oferecer de inusitado” (Lévi-Strauss, 1976:328-366).
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........................................................Formado pela tradicional Escola de Frankfurt, fundada em 1923, o filósofo e sociólogo alemão Theodor Adorno vivenciou nos Estados Unidos experiências singulares que não eram possíveis na Europa, trazendolhe percepções que outorgaria a indústria cultural. Em seu livro Dialética do esclarecimento, Adorno define esse conceito de maquinismo midiático que comanda multidões, massas, enfim, que rege a sociedade e serve de alicerce para o capitalismo.
Quando migrou aos Estados Unidos, entre 1938 e 1946, foi trabalhar em um projeto na Radio Research Projet, que tinha como finalidade saber tudo sobre os ouvintes estadunidenses. Logo se tornou diretor musical do setor de pesquisa da Rádio Princeton.
Acostumado ao exigente e refinado gosto artístico europeu, que cultivava sonoridades como o compositor austríaco Alban Berg e do músico erudita Schönberg, Adorno sentiu-se deslocado e, sobretudo, causava-lhe espanto perceber que, em uma megalópole como os Estados Unidos, onde todas as pessoas buscavam histericamente meios de se tornarem únicas e singulares, os produtos fossem tão massificados, dentro de um padrão que ele (ainda) não entendia.
Em seus estudos, aprofundou-se na mídia americana e notou que ela não se voltava apenas para preencher despretensiosamente as horas de lazer aos seus espectadores, mas tinha como intenção domesticá-los. Percebera então que, mascarado em meio aos programas de TV, filmes, rádios, revistas e jornais estava uma força regida em função do lucro.
Entendera que ao chegar em casa, um indivíduo (ou uma família) tinha o seu momento de lazer controlado por uma força maior, que o bombardeava a todo o momento, por meio da mídia, com anúncios e clichês que garantiam o seu comprometimento com a produção e o consumo.
Ao compreender esse sistema, denominou-o de “indústria cultural” que, meticulosamente, condensa todos os seus consumidores a uma visão restrita de mundo, voltada às futilidades e obviedades, encorpando o ciclo vicioso em busca do lucro financeiro e o bom saldo econômico das grandes empresas e instituições.


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NOVOS MEIOS informacionais surgiram ao longo do século XX e início do século XXI, como é o caso da própria rede mundial de computadores (internet, mp3, mp4, televisão digital, etc.), bem como novas formas de produção cultural, como o avanço das técnicas musicais que utilizam aparelhos eletroeletrônicos com tecnologia avançada – o que fez que a indústria cultural ampliasse a difusão dos seus produtos e seu domínio. Assim, na sociedade atual, há uma rede de produção e difusão que busca vender seus produtos em todos os lugares do mundo, independente das particularidades regionais de cada país.
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A quantidade de notícias a que se tem acesso na sociedade capitalista atual é diversificada, como também são diversificados os veículos que levam estas informações. Esta multiplicidade de dados é, na realidade, voltada para confundir a mente de grande parte da sociedade. Afinal, os veículos não conseguem analisar a sociedade de forma coerente com a sua realidade. Ao contrário, atendem um interesse comum, que é o da classe dominante.
O que existe na realidade concreta da sociedade são diferenças sociais, políticas, econômicas e culturais, razões pelas quais cada classe social utiliza os produtos da indústria cultural de forma diferente. São vários os exemplos a serem dados na sociedade atual, a partir da própria televisão – principal veículo de comunicação integrante da chamada indústria cultural e que produz programas diversificados, porém repetitivos –, que não atingem a todas as classes sociais de forma coerente e homogênea.
Suas novelas, com receitas repetitivas, não conseguem atingir o todo da sociedade. Além das classes sociais pensarem diferente, elas também têm gostos diferentes, não sendo possível atingir toda a sociedade. Aliás, algumas classes sociais são críticas em relação à televisão, bem como seus produtos. Dieter Prokop nos oferece elementos interessantes para esta análise.
Ele aponta outro caminho em relação à indústria cultural e seus produtos, que vai além da análise proposta por Adorno e Horkheimer. A postura teórica de Prokop é a ruptura com todas as ortodoxias. Neste caso, como bem afirma Ciro Marcons Filho, em A análise do produto cultural, Prokop analisa a teoria da indústria cultural a partir de uma perspectiva materialista.
Para ele, o espectador e consumidor dos produtos da indústria cultural não são um simples receptáculo como quer a indústria cultural, mas um ser pensante e crítico em relação aos seus produtos, seja negando ou mostrando a possibilidade de consumir outros produtos, ou sendo críticos em relação à repetição imposta pela indústria cultural. Segundo o pensador, mostrar as contradições existentes na indústria cultural é um bom ponto de partida para quem quer romper com esta fábrica de fantasias, pois o consumidor pode, sim, ter autonomia na escolha dos seus produtos e se apresentar de forma crítica perante a indústria cultural.
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Ministério Público pede proibição do show de Mc Pedrinho em Fortaleza

leia aqui
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A nova moral do funk

Gênero modificou a natureza clandestina da pornografia
Marcia Tiburi
A afirmação adorniana de que após Auschwitz toda cultura é lixo não perde sua atualidade. Se, de um lado, a frase implica que a cultura não vale mais nada, de outro quer dizer que “lixo” é a melhor categoria explicativa da cultura como “aquilo que se rejeita”.
Mas vem significar também que cultura é a experiência do que sobra para os indivíduos levando em conta as condições socioeconômicas e políticas marcadas pela divisão de classes, de trabalho, de sexos, da própria educação dirigida de maneira diferente a pobres e ricos.
A partir da elevação do lixo à categoria de análise, podemos com tranquilidade ecológica (aquela que faz a separação dos descartáveis por categorias) partir para uma brevíssima investigação daquilo que se há de nomear como “moralina funk”, a performance corporal-sonora que se apresenta como o ópio do povo de nosso tempo.
Muito já se escreveu sobre o fenômeno que merece atenção filosófica urgente desde que se tornou a “cultura” que resta para uma grande camada da população de classes menos favorecidas econômica e politicamente.
Muitos afirmam que “o funk carioca também é cultura”, mas pouco comentam sobre seu sentido como capital cultural justamente porque seu único capital implica uma contradição: pobreza material e espiritual. Ou seja, capital nenhum.
Na ausência desse capital sobressai o que resta aos marginalizados. Eles descobriram o valor daquilo mesmo que lhes resta. Eis o capital sexual.
A performance da moralina funk depende desse capital sexual. Explorado, ele é a única mercadoria da consciência e do corpo coisificado. Seu paradoxo é parecer libertário quando, na verdade, é a nova moral.
Pornografia moralizante
Produto dos mais interessantes da sempre moralizante indústria cultural da pornografia, a esperteza do funk carioca é transformar em regra aquilo que foi, de modo irretocável, chamado por seus adeptos pela categoria do “proibidão”. A versão da coisa que não é para todo mundo.
A fórmula do funk é tão imbatível quanto a lei do estupro das histórias do Marquês de Sade. É o barulho como poder, ou melhor, violência. Nenhum ouvido escapa da moralina funk na forma de disfarçadas ladainhas em que as mesmas velhas “verdades” sexistas se expoem, como não poderia deixar de ser, pornograficamente.
A economia do proibidão
Mandamento sagrado da performance é que ninguém ouse imputar marasmo ao tão cultuado quanto profanado Deus Sexo.
Não existe uso da pornografia autorizado, pois a regra de sua moral é a clandestinidade. Daí a função do proibidão na economia política do funk. A história da pornografia oscila entre ser o outro lado da lei e ser apenas outra lei.
Foi isso que fez seu sucesso político em sociedades autoritárias contra o princípio publicitário que lhe deu origem. É o que está dado em sua letra: porno (prostituta) e grafia (escrita) definem, na origem, a mulher que pode ser vendida. E que, para ser vendida, precisa ser exposta.
A pornografia é, assim, uma espécie de exposição gráfica da mercadoria humana. Não é errado dizer que a lógica que transforma tudo em mercadoria tem seu cerne na “prostitutabilidade” de todas as coisas. Nada mais simples de entender em um mundo de pessoas confundidas com coisas.
Que a pornografia esteja ao alcance dos olhos, dos ouvidos, de todos os sentidos, exposta em todos os lugares, significa apenas que a regra do ocultamento foi transgredida. Mas implica também sua efetivação como publicidade universal. Isso explica por que ela não choca mais.
Na performance do funk carioca ela é altamente aceita em escala social. Seja pela pulsão, seja pela acomodação, se o imoral torna-se suportável é porque ele tomou o lugar da moral. É a nova moral.
A pornografia de nossos dias é tão bárbara quanto a romana pornocracia, com a diferença de que não temos mais nada que se possa chamar de política em um mundo comandado por regras meramente econômicas.
Daí que todo funkeiro ou seu empresário saibam que seu negócio é bom pra todo mundo.
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FUNK: O LIXO DA “CULTURA” BRASILEIRA

 
 
 
 
 
 
51 Votes
Renato A. O. de Andrade
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O funk é um “ritmo musical” bastante popular no Brasil, principalmente nas favelas do Rio de Janeiro. Embora tenha surgido nos EUA, foi gradualmente se modificando dentro das periferias, misturando com outros estilos como Axé, Forró, Rap, Hip Hop, Freestyle e Miami Bass até se tornar o que temos hoje. Porém, mesmo sendo um estilo muito apreciado por jovens e adultos da era moderna, o funk se configurou como o lixo da cultura musical brasileira. A cultura brasileira nunca foi de fato uma cultura, mas uma mistura de costumes que se alinham as mudanças sociais do povo, de acordo com o lugar onde se encontra. O funk é um movimento que joga por terra qualquer definição cultural de música e acaba usando a banalização para fazer sucesso. No funk, os ritmos são repetitivos, as letras erotizadas e as danças bastante sensuais. E porque isso? Simplesmente porque reflete a vida e o local de quem canta. Que quero dizer com isso, que todos os que morram numa favela são imorais assim como as letras nos sugerem? Não, não é isso. Mas que as coisas que se cantam no funk estão enraizadas no cotidiano dessas pessoas. Embora o estilo tenha vindo dos morros, ganhou surpreendente força dentro dos centros urbanos do Brasil, sendo apreciado até mesmo por pessoas ricas. Basicamente isso ocorre por causa do arquétipo brasileiro (um homem “de bem com a vida”, que “pega” várias mulheres, que vive bebendo com os amigos e cantando sambas nos fins de semana nos bares etc. e mulheres com bumbum avantajados, “corpo violão”, pele morena etc.). Ou seja, uma população que se baseia em suprir diariamente seus prazeres. Uma sociedade estritamente hedonista e sexista. O funk se aproveita desse arquétipo e vai até mais fundo. Uma análise dos aspectos do funk se segue abaixo, para que possamos entender o porque o funk se configura como lixo da cultura brasileira.
O FUNK E A SEXUALIZAÇÃO DAS MULHERES
É sabido de todos que o funk brasileiro tem letras, danças e costumes que banalizam o sexo e promovem a desvalorização do gênero feminino. As letras chamam as mulheres de animais como “cachorra”, “potranca”, “égua”, as danças são quase sempre encenações de pornografia e os costumes que cercam o funk, como vestimentas curtas e claramente sensuais das dançarinas, as qualificações de “mulheres frutas” com conotação sexual, as constantes referências às partes íntimas do corpo feminino tem feito do funk um verdadeiro instrumento de manipulação sexual. A depravação é tal que as próprias mulheres se iludem com os embalos do funk, dançando e crendo que estão sendo valorizadas, mesmo que como objetos sexuais… Não se respeita a dignidade da mulher, não se dá verdadeiro valor às mulheres, somente as reduzem a meros objetos de satisfação sexual masculina. O que se conclui disso? Que o funk é um dos maiores promotores da promiscuidade. Só se tem aumento de gravidez na adolescência, de abortos e de doenças sexualmente transmissíveis entre os jovens porque o funk dá uma grande ajuda. Como o funk ajuda? Ora, o funk canta sexo. Sexo vende e atrai. Assim, o funk ajuda na proliferação da promiscuidade e deturpa a sexualidade. Logo, as meninas ficam tão acostumadas ao sexo explícito entoado nas letras que acabam aceitando aquilo como normal ou até mesmo trivial e os rapazes ardem de desejo ao verem as mulheres se exibirem e se banalizarem daquela forma, que daí para a cama é só um passo a mais. Resumindo: o funk dá uma idéia errada tanto da mulher quanto do sexo.
O FUNK E A VIOLÊNCIA
Algumas letras do funk exaltam as facções criminosas que agem dentro das favelas. Outras fazem referência direta ou indireta ao tráfico, à prostituição e à violência. Mas é nos bailes funk que a coisa fica de fato feia. Na maioria dos bailes dá alguma briga que podem ter vítimas fatais. Depois de beberem tanto e se exporem a violência e ao sensualismo nas letras, os participantes dos bailes funk costumam brigar entre si, que acaba desencadeando outras brigas e por fim, mortes, roubos, estupro e tráfico de drogas e armas. Assim, o funk estimula a violência e o tráfico.
O FUNK E A “CULTURA” BRASILEIRA
Como disse antes, o funk é o lixo cultural da música brasileira. E porque? Como se não bastassem as constantes referências sexualizadas da mulher e ao apoio a violência, as letras do funk não tem conteúdo algum. São letras vazias, sem nenhum tipo de criatividade, somente com repetições ridículas, erros de linguagem, alto nível de decibéis e mesmo ritmo de tom que extrapolam o bom senso. Eu diria que nem merece ser considerada música ou manifestação cultural (deveria se chamar infestação cultural). No entanto, um decreto do Governo do Rio de Janeiro em 2009 promoveu o funk a patrimônio artístico cultural carioca… E porque? Porque com o funk fica mais fácil controlar a população. Controle através do caos. E a mídia, como sempre, dando seu apoio… Até onde eu sei, nenhuma pessoa intelectual gosta de funk. Assim, o funk é um ritmo da ignorância de uma cultura que de fato não é cultura.
O FUNK E AS IGREJAS EVANGÉLICAS
Aqui chego numa parte que me causa revolta. A igreja evangélica tem aceitado diversos ritmos musicais afim de aumentar o número de fiéis. O funk não ficou de fora. Com o intuito de “louvar a Deus” tem sido feito diversas adaptações do funk e denominado “Funk Gospel”. Com os mesmos embalos, somente mudando as letras das músicas mas mantendo a mesma rima. Resultado, temos mais um lixo dentro das igrejas, já não bastassem as músicas absurdas que se cantam por lá. Colocaram funk gospel por simples razão: atrair multidões. Funk é o ritmo do momento, logo, nada melhor do que funk gospel para os crentes de rabo quente… Então, mais dízimos e ofertas… e mais pessoas no inferno… Um absurdo!
Não podemos tolerar mais esse lixo em nosso meio. O funk tem sido a devastação da população brasileira. Temos que mostrar ao povo que existem outras alternativas muito melhores de cultura e música. Mostrar que uma mulher não pode ser tratada como objeto sexual, que elas tem valor e dignidade! De lixo a sociedade brasileira está cheia! Basta!


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

ciência brasileira não é feita por cientistas, afirma professora da UFRJ

 Depois de ter lido esta matéria, você resolve escrever uma carta dissertativa a uma amiga, tentando demovê-la da ideia de se tornar cientista , aqui no Brasil. Use argumentos da professora Suzana Herculano e mais o que achar conveniente.


C&T Educação - BR
Para Suzana Herculano-Houzel, o fato de não haver regulamentação da profissão cientista atrasa o desenvolvimento tecnológico do Brasil. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos DeputadosPara Suzana Herculano-Houzel, o fato de não haver regulamentação da profissão cientista atrasa o desenvolvimento tecnológico do Brasil. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos DeputadosNos últimos anos, o Brasil vem acumulando bons resultados em rankings de produção científica. No último levantamento feito pela consultoria Thomson Reuter, entre 2007 e 2011, o País correspondeu a 2,6% da produção científica global. No entanto, esses artigos, que ultrapassam a barreira das 25 mil publicações por ano, não são feitos por cientista e sim por professores.
A avaliação foi feita pela neurocientista e professora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Suzana Herculano-Houzel. Para ela, o fato de não haver regulamentação da profissão cientista atrasa o desenvolvimento tecnológico do Brasil.
“Não posso dizer que neurocientista é minha profissão, porque a minha profissão de cientista não existe no Brasil. Não está na tabela das profissões regulamentadas pelo Ministério do Trabalho (MTE). Para poder atuar como cientista, eu atuo como professora de nível superior, eu literalmente faço ciência nas horas vagas”, expôs.
A professora explicou que a maior parte da ciência no Brasil por professores universitários ou por pessoas que não tem emprego nenhum, jovens cientistas chamados estudantes de pós-graduação. “A produção científica cresce ao longo dos anos por causa do número de mestres e doutores que são formados no Brasil. São esses jovens que produzem o conhecimento cientifico”, disse.
Para ela, o trabalho que os jovens exercem não é chamado de trabalho e sim estudo. “É como se eles investissem na educação deles. Outros países já não cometem mais esse erro.  O erro é não reconhecer esse trabalho como qualquer outro”, lamentou. “É um esforço laboral que gera um produto científico. Por que o jovem cientista recém graduado precisa passar pela humilhação de continuar sendo estudante?”.
Baixa remuneração
Suzana Herculano-Houzel contou que durante uma graduação o jovem já faz ciência como aprendiz, ou seja, um estagiário durante a iniciação cientifica, ganhando uma bolsa que tem o valor menor que o salário mínimo muitas vezes. Para trabalhar com ciência, quando ele se forma tem que entrar para pós-graduação.  “Isso significa se sujeitar a uma bolsa de mestrado  de R$ 1,5 mil reais mensais fixos pelos próximos dois anos sem qualquer direito trabalhista ou qualquer outro trabalho para complementar a renda”, observou .
A professora criticou ainda a obrigatoriedade em assinar uma declaração de que não vínculo empregatício do pesquisador com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e/ou com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “É preciso passar por mais uma humilhação: o atestado de pobreza. Enquanto isso seus colegas recém formados em engenharia e direito, por exemplo, já têm trabalho de verdade, ganhando de verdade”.
Para o jovem continuar trabalhando como cientista, ele precisa ingressar num programa de doutorado. “É a única atividade de emprego se ele quiser atuar como cientista. A bolsa também tem valor mensal de R$ 2,2 mil, sem nenhum vínculo empregatício e benefícios trabalhistas”, comentou.
Sugestões
De acordo com Suzana, é possível fazer contratações por fundações e institutos  de ciências ligados as universidades,  que poderiam receber dos governos os valores que hoje são pagos como bolsa, com contrato de trabalho e todos os direitos empregatícios. “Com a obrigatoriedade de contratação virá a possibilidade de salários com valores competitivos”, decsreveu.
Para ela, dessa forma, a ciência caminha e a sociedade cresce. “É fundamental para a soberania de uma população que ela valorize  a produção de conhecimento cientifico. Isso começa por valorizar seus cientista. Fazer ciência no Brasil hoje,  infelizmente, é uma péssima decisão profissional com pouquíssimas perspectivas”, finalizou.

vÍDEO.A história mundial da violência

http://globosatplay.globo.com/globonews/v/3572698/

ABC. COMO COMBATER O DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS. VÍDEO.

VEJA ISTO


http://globosatplay.globo.com/globonews/v/3629650/

ABC. Rede Sarah, uma referência no campo da neurociência

AINDA NÁO ES´TA PRONTO, MANDO AMANHA , TERÇA


http://globosatplay.globo.com/globonews/v/3584948/

ABC. CONSUMO DE ORGÂNICOS

Escreva sua redação com uma tese que mostre a importância do consumo de orgânicos. Aponte impedimentos para tal prática e, em seguida, apresente proposta de intervenção que evidencie a possibilidade da introdução deste costume no Brasil.


Moda verde: mercado em ascensão no Brasil

Lã orgânica; Foto: Robert Price
Também conhecida como ecofashion, a moda sustentável visa a confecção de vestimentas que utilizem matérias-primas ecologicamente corretas, respeitem as leis trabalhistas, levem em consideração o impacto da produção no meio ambiente e garantam a cooperação entre produtor e comunidade local. No Brasil, a questão da sustentabilidade vem se tornando essencial para várias marcas nacionais. 

Um dos maiores nomes da moda verde brasileira é a carioca Osklen. No São Paulo Fashion Week de janeiro de 2007, a marca mostrou pela primeira vez sua coleção sustentável, intitulada “Amazon Guardians”, que tinha como principal objetivo convocar “uma brigada urbana contra a degradação do meio ambiente”. Inspirada pelo punk rock, a coleção exibiu um ativismo pró-sustentabilidade, com roupas feitas de algodão orgânico, malha de PET reciclada e látex natural da Amazônia. Desde então, o estilista responsável pela criação das peças, Oscar Metsavaht, fez da sustentabilidade uma das marcas registradas da Osklen. No mesmo São Paulo Fashion Week, em sua versão de 2011, a grife reforçou mais uma vez sua preocupação ambiental, utilizando palha, seda e algodão orgânicos, couro de pirarucu, lona de eco juta e malhas de PET reciclada.

Segundo Nina Braga, diretora da ONG Instituto-E, que tem como meta transformar o Brasil em referência de desenvolvimento sustentável, a Osklen é “uma vitrine do que se pode fazer pela moda sustentável”. Desde a criação da ONG em 2007, a marca é a principal parceira do Instituto-E no mundo da moda. Enquanto a organização oferece à Osklen conteúdos relacionados à utilização de e-fabrics(ecological fabrics ou tecidos ecológicos, em português), a marca, destinada a consumidores de alto poder aquisitivo, incentiva a promoção da moda ecologicamente correta, direcionando parte de suas vendas para o Instituto-E. 

Látex natural e couro de peixe de salmão; Foto: Robert PriceCorantes naturais

Além da Osklen, outras marcas brasileiras também buscam atender às demandas ecologicamente corretas. A estilista Flavia Aranha, por exemplo, iniciou sua marca com o intuito de fazer uma moda que contribuísse para a preservação ambiental. O traço mais marcante de suas coleções são as cores, produzidas a partir de pigmentos naturais de plantas, cascas de árvores e raízes. A ideia de utilizar corantes naturais nos tecidos veio quando Flavia percebeu que podia criar cores vivas e naturais que não estavam presentes no arsenal de cores usadas pela indústria tradicional.

Durante sua pesquisa, a estilista conheceu o maior especialista em tintas naturais no Brasil, Eber Lopes, com quem desenvolveu suas primeiras cores. “O corante natural, além de ser esteticamente fascinante, não polui a natureza nem a água. O processo é todo natural, inclusive o de fixação”, garante Flavia. Na grande indústria, a fixação das cores nos tecidos é frequentemente realizada com o uso de metais pesados que, segundo a estilista, prejudicam não somente o meio ambiente, mas também a saúde.

Mercado brasileiro

A marca de Flavia também tem representantes na Alemanha pela pdb – piadobrasil, em Nurembergue, no sul do país. Em 2010, ela participou também da feira de moda sustentável The Key, realizada em Berlim, paralela à Berlin Fashion Week. A estilista acredita que, na Europa, há maior conscientização e preocupação em relação aos produtos consumidos. No entanto, ela se mantém otimista em relação ao mercado da moda ecológica no Brasil: “Acredito que seja uma tendência mundial e o Brasil é muito rico em matéria-prima e criatividade. Acho que, com o aquecimento da nossa economia, mais projetos irão acontecer daqui para frente”, comenta.
Franciscus Prins, um dos fundadores da agência de consultoria em moda sustentável Beyond Berlin, localizada em Berlim
; Foto: Nico OswaldFranciscus Prins, um dos fundadores da agência de consultoria em moda sustentável Beyond Berlin, localizada em Berlim, também tem perspectivas positivas quanto ao mercado brasileiro de moda ecologicamente correta. Em maio de 2011, ele esteve em São Paulo, onde ofereceu a oficina “Moda Verde: mercado, valores, perspectivas”, voltada para temas como o desejo por uma vida mais saudável e sustentável na indústria da moda e para as demandas do mercado e dos profissionais do setor. De acordo com Prins, o que é mais marcante no mercado brasileiro é o fato de o país apresentar simultaneamente uma cena de moda muito viva e um crescente número de consumidores. Portanto, ele defende que a moda sustentável no Brasil é viável e deve ser levada adiante. 

Falta de incentivos

Nina Braga argumenta, contudo, que falta incentivo para o mercado de moda sustentável. A diretora do Instituto-E defende a criação de políticas públicas como um “ponta-pé inicial” para a moda ecologicamente correta, a fim de que esta consiga se sustentar de maneira independente no futuro. Como exemplo, ela afirma que o governo poderia facilitar e incentivar empréstimos para os fornecedores de algodão orgânico.
Moda por Flávia Aranha; Foto: Fernando PastorelliSegundo Braga, a produção desta matéria-prima não é suficiente para atender todo o mercado brasileiro de moda sustentável. Se um fornecedor de algodão orgânico quiser pedir um empréstimo em um banco para aumentar sua produção, por exemplo, o preço sairá mais alto, pois a produção é realizada sem agrotóxico e, portanto, não há garantias de colheita. Este é um dos motivos que influenciam o preço das roupas ecologicamente corretas, geralmente mais caras do que as normais. A própria cadeia de produção exige um investimento maior, devido à extração da matéria-prima, que é renovável, e também das condições de trabalho, que são baseadas em condições trabalhistas justas.

“O Brasil está perdendo uma grande oportunidade, pois ainda há tempo de preservar e valorizar a biodiversidade brasileira”, afirma Braga. Para ela, este é o momento de o país rever as relações de custo-benefício na indústria da moda. Embora a produção de roupas sustentáveis realmente seja mais cara, ela ainda é mais vantajosa em termos ambientais, pois os custos que resultam do modo de produção do fast fashion certamente serão mais altos com a degradação do meio ambiente. Mas Braga se mantém otimista quanto ao futuro da moda sustentável no país. Ela acredita que há seguramente um mercado interno interessado neste segmento e que, no futuro, haverá mais investimento no setor, capaz de viabilizar cada vez uma “moda verde” brasileira.
Júlia Braga
é jornalista e tradutora freelancer. Vive entre Brasília e Berlim.

Übersetzung: Matthias Nitsch

Copyright: Goethe-Institut Brasilien
Julho de 2011

Você tem alguma dúvida sobre esse assunto? Escreva para nós!
feedback@saopaulo.goethe.org

MITOS E VERDADES SOBRE OS ORGÂNICOS
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Alimentos orgânicos: prós e contras
por Alex Botsaris

Há um aumento do interesse e do consumo de produtos orgânicos. Cada vez mais eles são falados, em geral, sem muito conhecimento de suas reais vantagens para a saúde. Por isso vale fazer uma revisão do que existe de conhecimento científico sobre o tema. 
O que é um produto orgânico?

Produto orgânico é todo produto agropecuário em cujo sistema de produção não foram utilizadas 'técnicas alienígenas' de aumento de produção, caracterizadas por drogas, hormônios, adubos, pesticidas ou ainda técnicas de aclimatação e confinamento artificiais como estufas. O sistema orgânico utiliza exclusivamente recursos originários do próprio meio ambiente; manejo do ecossistema; técnicas de interação entre as espécies para auxiliar no cultivo; criação e controle de pragas e doenças.
A principal vantagem para a saúde dos produtos orgânicos é: evitar a contaminação por substâncias utilizadas para aumentar a produtividade na indústria agropecuária. Muitas dessas substâncias têm sido apontadas como causadores de câncer e outros problemas de saúde. Um estudo feito pela escola de saúde pública da Universidade de Washington, mostrou que crianças que se alimentaram com comidas orgânicas, não apresentaram resíduos de pesticidas organofosforados na urina, enquanto nas que ingeriram alimentos convencionais esses resíduos foram identificados. Mesmo em quantidades muito pequenas, essas substâncias podem ser tóxicas e interferir no desenvolvimento normal das crianças.
Outro estudo, esse feito na Universidade Emory, de Atlanta (Geórgia), identificou que crianças que costumam ter alimentação convencional estão contaminadas com pesticidas piretroides, enquanto aquelas que vivem em famílias que adotaram comidas orgânicas estão livres de contaminação. Existem ainda evidências que hormônios esteróides usados para auxiliar a engorda de frangos, possam estar associados ao aumento de câncer ginecológico que vem ocorrendo nos últimos 10 anos.
Há indicativos que produtos orgânicos podem ser mais ricos em nutrientes e minerais. Apesar de alguns estudos mostrarem que a composição nutricional em proteínas, gorduras, carboidratos e algumas vitaminas é semelhante em vegetais orgânicos e convencionais, outras evidências apontam o contrário. Por exemplo, alimentos orgânicos levam mais tempo para se desenvolver, o que aumenta a sua concentração de micronutrientes como selênio, zinco, ferro e magnésio, que são essenciais à saúde. Plantas cultivadas no sistema orgânico ficam em competição acirrada com outras espécies. Por isso, essas plantas colocam suas vias de síntese para produzir substâncias de defesa; e nesse processo aumentam também a produção de antioxidantes e outros nutrientes essenciais. Por isso, um estudo da Universidade de Oslo mostrou que adultos que ingerem habitualmente alimentos orgânicos, possuem mais capacidade antioxidante no sangue que aqueles cuja alimentação é comum. No caso de alimentos orgânicos de origem animal, as pesquisas revelaram que eles possuem mais vitaminas (vitaminas B12, D e E) e outros nutrientes essenciais de origem animal (como a carnitina e o ácido lipóico), comparados aos alimentos de animais criados no regime industrial.
A principal desvantagem é que no alimento orgânico seu custo de produção é bem maior, por isso ele pesa mais no bolso que o convencional. Pesquisas também revelaram que alimentos orgânicos costumam ter mais contaminação por microorganismos que os convencionais e, alguns episódios de verminoses ou diarréia descritos, foram atribuídos a esses alimentos. Entretanto esse problema pode ser facilmente resolvido com lavagem e higiene adequadas.
Várias pessoas preferem alimentos orgânicos porque sua produção é mais correta do ponto de vista ambiental, e não causa danos ao meio ambiente. Considerando os alimentos de origem animal, muitos consumidores de produtos orgânicos justificam sua opção em função de motivos bioéticos. Afinal, as fazendas de produção industrial criam animais em condições tão cruéis, que as pessoas ficam sensibilizadas. Até os autores que publicaram artigos desqualificando os potenciais nutricionais dos orgânicos, admitem que há esses diferenciais.
Atenção!
Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracterizam como sendo um atendimento
 

Para a ABC Ebola.

O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://saude.estadao.com.br/noticias/geral,academia-nacional-de-medicina-critica-acao-do-governo-contra-ebola,1587995
Escreva um texto argumentativo em que analise se é possível que a epidemia do ebola alcance nível mundial. Exponha ações pontuais que possam diminuir o impacto da doença. 

texto 1


texto 2

............................................................................................................................................................O empresário Mark Zuckerberg, um dos fundadores do Facebook, divulgou em sua conta na rede social que ele e sua mulher, Priscilla Chan, vão doar US$ 25 milhões à Fundação Centros de Controle de Doenças (CDC), órgão de saúde americano, para ajudar no combate ao ebola.
“A epidemia de ebola está num ponto crítico. Já infectou 8.400 pessoas até agora, está se espalhando rapidamente e as projeções sugerem que (o vírus) pode infectar um milhão de pessoas ou mais nos próximos meses", ele escreveu.

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O gesto "generoso" do bilionário não é pioneiro. A Fundação Gates, do também ricaço americano Bill Gates e de sua esposa Melinda, anunciou no início de setembro uma doação de US$ 50 milhões para ajudar no combate à epidemia de ebola na África Ocidental. A decisão seguiu outras contribuições dos governos do Reino Unido e dos EUA, bem como a União Europeia.
A entidade não governamental do fundador da Microsoft informou liberaria "imediatamente" fundos para as agências das Nações Unidas e outras organizações envolvidas no trabalho contra o Ebola, a fim de que elas comprassem suprimentos "muito necessários". A fundação também comunicou que vai trabalhar com parceiros para acelerar o desenvolvimento de medicamentos e vacinas contra o vírus, que já custou quase 2.300 vidas até o momento.

Grã-Bretanha já prometeu apoio de US$ 40 milhões, a União Europeia anunciou um financiamento de US$ 180 milhões, e os EUA já gastaram mais de US$ 100 milhões para conter a epidemia. Embora doações sejam sempre bem-vindas, agências humanitárias dizem que a necessidade mais urgente em África é o envio de equipes de peritos em contenção de bioperigo.
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), por exemplo, alertou sobre uma resposta internacional "letalmente inadequada", dizendo que as equipes de resposta a desastres precisavam ser despachado em colaboração com os países africanos afetados.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/mark-zuckerberg-vai-doar-us-25-milhoes-para-luta-contra-ebola-14241561#ixzz3OdR45Z9J 
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O impacto do ebola

Surto da doença na África arruína países já marcados pela pobreza. Em ensaio da CH, cientista alerta para a necessidade de enfrentar essa ameaça por meio de esforço internacional conjunto, de modo a auxiliar a recuperação dessas nações.
Por: Clarissa Damaso
Publicado em 18/12/2014 | Atualizado em 18/12/2014
O impacto do ebola
Em países como Guiné, a falta de alimentos, água e outros produtos básicos deteriora ainda mais o estado de saúde já precário das pessoas. (foto: European Commision DG ECHO/ Flickr – CC BY-ND 2.0)
A infecção pelo vírus ebola causa uma doença grave (doença do vírus ebola ou DVE), que se manifesta por febre alta (acima de 38,5 oC), dor abdominal, fraqueza, vômitos e diarreia. As manifestações hemorrágicas – manchas vermelhas e roxas na pele, sangramento por mucosas, ouvidos, nariz e trato gastrointestinal – ocorrem em cerca  de 40% ou menos dos casos. No período de incubação, que dura de dois a 21 dias, não há sinais ou sintomas e não há transmissão do vírus para outras pessoas. Após a fase de incubação, o quadro evolui rapidamente, em geral em torno de 10 dias, podendo levar à morte em 50% a 70% dos casos, algumas vezes alcançando 90%.
A transmissão do vírus se dá por qualquer fluido corporal: sangue, sêmen, fezes, urina, vômitos, leite, saliva, lágrimas ou suor
A transmissão do vírus se dá por qualquer fluido corporal: sangue, sêmen, fezes, urina, vômitos, leite, saliva, lágrimas ou suor. O vírus se mantém infectante por várias horas, em gotas de suor (que secam depressa), ou por vários dias, em restos de sangue.
O contágio ocorre pelo contato de material contaminado (fluidos corporais ou uma luva de látex, por exemplo) com mucosas ou áreas lesadas na pele, lembrando que mesmo microabrasões, que não percebemos, são ‘portas’ para o vírus. 
No caso de homens em fase de recuperação, é possível detectar vírus no sêmen por cerca de 80 a 90 dias, o que aponta claramente para a necessidade de usar preservativos, nesse período, para evitar a transmissão. O vírus pode ainda ser transmitido pelo contato com animais infectados, como macacos, chimpanzés, gorilas e algumas espécies de morcegos. Acredita-se que os morcegos sejam o reservatório do vírus na natureza. Cabe ressaltar que não há transmissão pelo ar ou pela água.

Contagioso X infeccioso

É importante ter em mente que o vírus ebola não é altamente contagioso, mas é altamente infeccioso. Isso significa que, comparado a outros vírus, como o do sarampo ou o da poliomielite, por exemplo, o ebola tem baixa taxa de transmissão a partir de uma pessoa infectada (essa taxa é conhecida como R0 ou número de reprodução básico). No entanto, após entrar em um hospedeiro, o vírus mostra alta capacidade de infectar e causar uma doença devastadora – portanto, é altamente infeccioso e virulento.
O surto atual começou em dezembro de 2013, mas a comunicação oficial às autoridades sanitárias mundiais só ocorreu em março de 2014
Esses conceitos são importantes porque indicam que o controle da transmissão é mais simples de ser realizado do que se o ebola fosse transmitido pelo ar, como o vírus do sarampo. Além disso, com o início dos sintomas, a pessoa infectada fica debilitada rapidamente, sem condições de se locomover muito, trabalhar ou interagir socialmente. Esse fato já reduz as chances de transmissão para outras pessoas. No caso do ebola, é preciso evitar o contato com fluidos corporais de uma pessoa infectada.
O surto atual começou em dezembro de 2013, mas a comunicação oficial às autoridades sanitárias mundiais só ocorreu em março de 2014. Já foram registrados casos de DVE em oito países: Guiné, Libéria, Serra Leoa, Nigéria, Senegal e mais recentemente Mali (na África), além de Espanha e Estados Unidos. Desses, Senegal e Nigéria já contiveram os surtos e foram oficialmente declarados livres de transmissão pela OMS – respectivamente em 17 e 20 de outubro últimos. Entre todos os países afetados, a situação é mais grave em Guiné, Libéria e Serra Leoa: juntos, eles detinham, até 25 de outubro, 10.114 casos de DVE, ou seja, 99,7% do total de 10.141 casos reportados. 

Sem controle 

Mas por que a situação está sem controle nesses países? A presença de uma pessoa ou animal portador do vírus e o contato com fluidos dessa pessoa ou animal é suficiente para o surgimento de um novo caso em qualquer país do mundo, mas a infraestrutura de atenção à saúde e a condição socioeconômica do país ou da região ditarão as cenas dos próximos capítulos: contenção ou epidemia. 
Ebola na Guiné
Entre todos os países afetados pelo ebola, a situação mais grave é em Guiné, Libéria e Serra Leoa: juntos, eles detinham, até 25 de outubro, 99,7% dos 10.141 casos reportados. (foto: European Commision DG ECHO/ Flickr – CC BY-ND 2.0)
Os três países mais atingidos têm, além de poucos recursos, um longo histórico de conflitos sociopolíticos e econômicos. A infraestrutura de atenção à saúde é das mais precárias. Há grande carência de profissionais da área médica e também de hospitais e clínicas com leitos disponíveis, equipamentos de proteção pessoal e condições de controle de infecção.
Somado a esse quadro de elevada pobreza, há crenças e costumes diversos (muitas vezes específicos de cada um dos vários grupos étnicos da população), que dificultam a adoção de medidas de controle, como entender e cumprir normas de quarentena, evitar o contato com pessoas infectadas vivas ou mortas, não comer animais silvestres como macacos e morcegos e não ter contato com a carcaça desses animais.
Em surtos anteriores, a DVE nunca havia alcançado centros urbanos e capitais. Os surtos ocorreram em vilarejos rurais, o que facilitou a quebra da transmissão homem a homem, devido ao isolamento. A alavanca propulsora do surto atual foi o alcance de cidades de maior porte e que mantêm níveis de pobreza elevados. A soma desses fatores – cidades mais populosas e imensas dificuldades socioeconômicas e de saúde – favorece a transmissão continuada de um vírus, como o ebola, disseminado por contato. 
Na Libéria, por exemplo, não há leitos disponíveis e as pessoas doentes são levadas pela família em táxis rodando a cidade em busca de um hospital com vaga. Não encontrando leito, os doentes retornam para casa e são tratados, de forma precária e inadequada, pela família, que não dispõe de equipamento e treinamento para tal. 
Os epidemiologistas e a OMS já declararam que a epidemia nesses países está fora de controle e fazem a previsão de milhares de casos ainda para este ano
Todos os que têm contato com a pessoa infectada – familiares, taxistas, pessoas que ajudam a levar o doente ao hospital e até os próximos passageiros do táxi – são pessoas com alto risco de contrair a doença. E assim continua a cadeia de transmissão. 
Os epidemiologistas e a OMS já declararam que a epidemia nesses países está fora de controle e fazem a previsão de milhares de casos ainda para este ano. Na melhor das hipóteses, estima-se um prazo entre nove e 12 meses para o controle da doença. 
Para esses países, as consequências são as piores possíveis. Em números absolutos, a doença mata uma parcela pequena da população de milhões de habitantes. No entanto, hospitais e clínicas estão lotados e não há profissionais suficientes, por causa do surto, e pessoas com doenças comuns não têm sido atendidas. Assim, doenças que não seriam fatais, se o paciente fosse adequadamente tratado, agora vêm matando mais pessoas.

Situação precária 

A economia desses países está seriamente prejudicada. A baixa no número de trabalhadores em vários setores é grande, não apenas porque muitos têm DVE ou já faleceram devido à doença, mas porque outros permanecem em casa para cuidar de familiares doentes ou por ter medo de, no trabalho, contrair o vírus de colegas doentes ou que tenham familiares doentes. Além disso, várias empresas fornecedoras de produtos têm suspendido o comércio com os países majoritariamente afetados.
Começa a faltar comida e insumos básicos em muitas regiões onde o transporte foi suspenso. A falta de alimentos, água e outros produtos básicos deteriora ainda mais o estado de saúde já precário das pessoas. Muitas escolas, com alunos doentes, suspendem as aulas. O número de órfãos é muito grande: são crianças que perderam os pais e, muitas vezes, não são aceitas por parentes ou vizinhos. 
Recuperar a normalidade na Guiné, em Serra Leoa e na Libéria será uma tarefa árdua, que certamente demorará anos
Recuperar a normalidade na Guiné, em Serra Leoa e na Libéria será uma tarefa árdua, que certamente demorará anos. É impressionante assistir à ruína de três países em pleno século 21. A preocupação atual de desenvolver terapias antivirais rapidamente é necessária e louvável, mas é essencial também elaborar um planejamento urgente de recuperação desses países. Além disso, é preciso fazer investimentos preventivos nestes e em outras nações de poucos recursos, para que seja possível evitar que doenças como a DVE se alastrem como fogo em capim seco e destruam um país por completo. 
A dimensão do sofrimento do povo do oeste africano foi claramente traduzida na emoção de um colega nigeriano, que participa do combate à DVE, ao me contar, no dia 20 de outubro, que a OMS declarou seu país livre de transmissão do ebola. 
O olhar do mundo para esses países precisa ser mais atento.

Clarissa Damaso
Laboratório de Biologia Molecular de Vírus
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Universidade FederO material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://saude.estadao.com.br/noticias/geral,academia-nacional-de-medicina-critica-acao-do-governo-contra-ebola,1587995al do Rio de Janeiro

texto 4
 Motivo de preocupação para o Brasil?

http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2014/08/ebola-motivo-de-preocupacao-no-brasil

texto 5 Por que o mundo está perdendo para o ebola?

http://internacional.estadao.com.br/blogs/adriana-carranca/por-que-83-das-criancas-continuam-morrendo-de-doencas-evitaveis/
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