terça-feira, 25 de novembro de 2014

Escreva uma carta ao governador de São Paulo pedindo soluções urgentes para o problema da água

VOCÊ É DONO DE UM HOSPITAL E TEME QUE A FALTA DE ÁGUA POSSA COMPROMETER O TRATAMENTO DE SEUS PACIENTES

USE TODOS OS ELEMENTOS PRESENTES NESTE QUESTIONÁRIO DE PESQUISA. 



1. O quanto você está preocupado com a atual crise de água em São Paulo?
2. Entre as opções abaixo, marque aquelas que, na sua opinião, estão entre as principais causas da crise de água em São Paulo. Você pode marcar mais de uma opção:

sábado, 22 de novembro de 2014

DISSERTAÇÃO. CARTA ABERTA AOS JOVENS MÉDICOS LEITURA


Eduardo Aquino

Carta aberta aos jovens médicos (parte 2)
PUBLICADO EM 02/02/14 - 03h00

Meus jovens colegas: darei prosseguimento a esta missiva, que pretende partilhar minha vivência na arte médica aos que começam a trilhar essa caminhada densa e desafiadora. São tantas as experiências, sofrimentos, superações e gratificações que desejaria doar, que resolvi condensar em pílulas, vivências e observações. Então, vamos lá.

1. Medicina não é profissão. Que me desculpem a maioria dos doutores, mas sem dom, vocação, talento, não haverá faculdades que transforme qualquer outra atividade humana em médicos! Da mesma forma que um músico já nasce com ouvido absoluto o artista com traços perfeitos e naturais, verdadeiros médicos já nascem com a intuição, humanismo, compreensão e altruísmo para curar ou acolher seus semelhantes.

Forçar uma atividade tão multifacetada e sensível, equivale a forçar um destro a escrever com agilidade e espontaneidade com sua mão esquerda. E minha vida ensinou que médicos são minoria em relação aos técnicos de medicina, não a toa uma pesquisa de uns três anos atrás mostrou que após 10 anos de formado,67% se arrependeram de ter escolhido a medicina.

2. Em medicina, a clínica é fundamental. A escuta do paciente, a valorização de sua história clínica, o exame físico apurado, sua historia pessoal e familiar são essenciais para o raciocínio clínico e hipótese diagnóstica. Como diz a OMS, consulta com menos de 30 minutos é má pratica. E o que dizer das estatísticas americanas que mostram que 83% dos exames são normais e 65% das cirurgias desnecessárias?

3. Nunca busque o raríssimo, pois isso significa exames demais, e resultados de menos e paciente insatisfeito. Quem dizia isso eram os grandes mestres da UFMG, nos idos de 70-80. Assim como diziam que bons médicos passariam 80% do seu tempo corrigindo diagnósticos dos maus médicos, que sempre seriam a maioria. Quase 3/4 dos que buscam auxílio médico tem disfunções comuns, a maior parte, sintomas físicos de origem psíquica, fruto de sono ruim, sobrecarga no trabalho e outros problemas.

4. Medicina não é lugar para ficar rico. Ganhar dinheiro tem que ser uma consequência e nunca uma motivação para atender alguém. Na mercantilização da medicina, não me estranha que especialidades que mexem com estética ou fazem exames complexos sejam os mais escolhidos pelos residentes, enquanto clínicos gerais, pediatras e psiquiatras estejam em falta.

5. Terceirização e convênios: como tudo que vem dos EUA, a medicina de grupo acabou com a relação médico-paciente, baixou o nível dos atendimentos, criou a judicialização médica, fez um SUS para a classe médica, desprestigiou o médico e tirou sua independência e estímulo.

6. Politização da medicina: as brigas de ego, a vaidade, a busca de poder das entidades que nos representa criam inimizades, eleições tensas, além de ser acusada pela sociedade de corporativismo. Dois exemplos atuais foram a Lei Médica, que buscava dar exclusividade diagnóstica e terapêutica aos médicos em detrimento de outras importantíssimas profissões da área de saúde que devem agir de forma complementar. E o “Mais Médicos” em que as instituições médicas tiveram grande oposição, mas a população esmagadoramente apoiou o governo, pois há uma imensa insatisfação com os médicos públicos. Mas existem razões e erros de todos os lados.

7. Medico erra! O ser humano não é máquina e nem lidamos com uma ciência exata. Infelizmente os processos médicos viraram uma das desgraças americanas, e por temer errar e sob pressão de ser processado, médicos estão se defendendo através de exames excessivos, não assumindo os pacientes, encaminhando em demasia.

O

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

CARTA AO DEPUTADO FELICIANO. ASSUNTO: O ENSINO DE CRIACIONISMO NAS ESCOLAS


Texto 1

O projeto de Lei apresentado pelo deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) na Câmara dos Deputados sugere tornar obrigatório na grade curricular de escolas públicas e privadas no Brasil o estudo sobre criacionismo. A teoria trata da interpretação bíblica da origem do universo e dos seres vivos.
De acordo com o texto, os ensinamentos devem incluir noções de que “a vida tem origem em Deus, como criador supremo de todo o universo e de todas as coisas que o compõe”.
O projeto, apresentado na última quinta-feira (13), será encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Na justificativa do texto, Feliciano sugeriu que a maioria da população brasileira crê no ensino criacionista.
“Este ensino tem como fundamento o livro de Gênesis contido no livro dos livros, a saber, a Bíblia Sagrada que é a verdadeira constituição da maioria das religiões do nosso país”, diz o pastor, no documento.
Outra justificativa apresentada pelo deputado é que as crianças “tem se mostrado confusas” em relação ao assunto. “As crianças aprendem nas suas respectivas escolas noções básicas de evolucionismo, quando chegam a suas respectivas igrejas aprendem sobre o criacionismo em rota de colisão com conceitos de formação escolar e acadêmica”, disse Feliciano.
Para o diretor do Sindicato dos Professores do Distrito Federal e docente em Filosofia Cleber Soares, o projeto proposto por Feliciano afronta o estado laico. Ele defende a construção da educação a partir, principalmente, do respeito da diversidade.
“Esse projeto questiona como construímos o estado brasileiro, que é diverso. Sou católico, mas não posso concordar com essa imposição”, afirma o professor.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o ensino religioso é, de forma facultativa, parte da formação básica do cidadão. As aulas sobre religião são garantidas em escolas públicas de ensino fundamental como forma de respeitar a diversidade cultural religiosa do Brasil. É vedada, segundo a lei, qualquer forma de proselitismo nessas aulas.
Segundo Soares, os professores não fazem objeção ao ensino religioso, mas sim ao doutrinamento. Ele explica que a inclusão do ensino religioso na grade curricular foi feita de forma a discutir a diversidade e não a imposição.
“Uma imposição como essa vai gerar mais intolerância em relação a opinião do outro”, defende Soares.
Para a Sociedade Brasileira do Design Inteligente, o criacionismo pode ser ensinado e discutido, juntamente com evidências científicas, em aulas de filosofia e teologia, não na disciplina de ciências.
“Ensine somente ciências em aula de ciências. É um erro colocar criacionismo em aula de ciência. Devemos discutir na ciência o que o mundo empírico nos revela”, defende Marcos Eberlin, integrante da sociedade.
Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias


texto 2

Quando Darwin lançou A Origem das Espécies, em 1859, o primeiro de seus livros que explicam a teoria da evolução, cientistas e intelectuais de todos os matizes foram obrigados a se posicionar diante dos argumentos do naturalista. Apesar do rigor científico das pesquisas que conduzira, suas conclusões ofendiam a todos. Conceitos arraigados havia séculos na biologia, como o de que as espécies não mudam ao longo do tempo, caíram por terra diante dos argumentos de Darwin. A criação do mundo como descrita na Bíblia foi desmontada. Entre todas as suas propostas, a mais difícil de engolir por seus contemporâneos foi a de que o homem não é um animal superior a todos os outros e tem ancestrais em comum com os macacos. "A publicação de A Origem das Espécies destituiu a vida humana de qualquer superioridade em relação aos animais, enterrou o conceito de divindade e pôs fim a milhares de anos de irracionalidade na comunidade científica e em parte da sociedade", disse a VEJA o filósofo Philip Kitcher, da Universidade Columbia e autor do livroLiving with Darwin (Vivendo com Darwin). Os ataques às idéias de Darwin prosseguiram por todo o século XX. O naturalista foi acusado de solapar os valores tradicionais da sociedade e de defender o determinismo genético. Os sociólogos o criticavam por reduzir a complexidade social ao resultado de ações individuais, instintivas e egoístas.
Depois de quase 150 anos da publicação de A Origem das Espécies, a vitória das idéias de Darwin é inequívoca. Entre os grandes nomes que revolucionaram a maneira de pensar, como Karl Marx e Sigmund Freud, Darwin é o único cujas idéias ainda servem de base sólida para avanços extraordinários do conhecimento. Até a teoria geral da relatividade, de Albert Einstein, tem de travar uma queda-de-braço constante com seus adversários, os teóricos da física quântica. Darwin só tem inimigos fora da ciência.

(...)

As escolas infantis russas também vêm sendo palco de campanhas contra o darwinismo. Há poucos meses, manifestando seu apoio a um grupo de pais de alunos que processou uma escola por manter apenas a teoria da evolução das espécies no currículo, o patriarca da Igreja Ortodoxa russa declarou que a teoria de Darwin é "baseada em argumentos deturpados" e que "não há provas concretas de que uma espécie possa se transformar em outra". O episódio que melhor simboliza a resistência das religiões a Darwin ocorre atualmente no Quênia e envolve o mais completo esqueleto humano pré-histórico já descoberto, desenterrado em 1984 e batizado de Turkana Boy. Um dos principais líderes evangélicos do Quênia, o bispo Boniface Adoyo, recusa-se a expor o achado arqueológico. Ele alega que não descende do Turkana Boy nem de algo que se pareça com ele.
(...)

É provável que o embate entre Darwin e as religiões nunca arrefeça. A fé humana já se provou resistente a todos os argumentos da lógica. Por outro lado, o edifício científico construído por Darwin, como se pode observar na exposição montada no Masp, é grande demais para ser renegado. Revista Veja. 

TEXTO 2
O papa Francisco afirmou na segunda-feira (27) que as teorias científicas da evolução e do Big Bang estão corretas e que não são incompatíveis com a existência de um criador.
"Quando lemos sobre a criação no Gênesis, corremos o risco de imaginar que Deus era um mágico com uma varinha capaz de fazer tudo. Mas não é isso", disse.
AFP
Papa Francisco inaugura busto do seu antecessor, papa Bento 16, no Vaticano
Papa Francisco inaugura busto do seu antecessor, papa Bento 16, no Vaticano
Segundo o papa, a teoria do Big Bang, que explica a origem do mundo, não se opõe à ideia de um criador divino –justo ao contrário, exige um criador.
A evolução, diz Francisco, também requer que antes os seres tenham sido criados.
"Deus criou os seres humanos e permitiu que se desenvolvessem de acordo com leis internas que deu a cada um para que alcancem sua realização", disse o papa na Academia Pontifícia de Ciências.
OUTROS PAPAS
Antes de Francisco, o papa Pio 12 já havia recebido bem as ideias do evolucionismo e do Big Bang.
O papa João Paulo 2º chegou a dizer em 1996 que a evolução era um "fato comprovado".
Já o papa Bento 16 defendia a tese de que a seleção natural por si só não explicaria a complexidade do mundo e, assim, haveria um "design inteligente" implícito na evolução.
Ou seja, a evolução não seria um processo do acaso, totalmente não planejado.
BUSTO
O papa Francisco inaugurou um busto do seu antecessor na sede da Academia Pontifícia de Ciências, no Vaticano, e disse algumas palavras em homenagem a Bento 16.
"Ninguém pode dizer que o estudo e a ciência fizeram com que ele e seu amor por Deus e pelo próximo diminuíssem. Ao contrário, o conhecimento, a sabedoria e a oração ampliaram seu coração e seu espírito", disse. 





quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Escreva uma carta à mãe de Brittany. Pode apoiá-la, ou não.

http://www.paulopes.com.br/2014/11/papa-foi-imoral-ao-impor-sua-crenca-diz-mae-de-brittany.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+blogspot%2FLHEA+%28Paulopes+Weblog%29#.VG59xTTF_LI

Dissertação. Obsolescência programada NÃO ESTÁ PRONTO

TEXTO 1


Líquido-moderna é uma sociedade em que as condições sob 
as quais agem os seus membros mudam num tempo mais 
curto do que aquele necessário para a consolidação, em 
hábitos e rotinas, das formas de agir. A liquidez da vida e 
da sociedade se alimentam e se revigoram mutuamente. A 
vida líquida, assim como a sociedade líquido-moderna, não 
pode manter a forma ou permanecer em seu curso por muito 

tempo. Zygmunt Bauman – Vida Líquida 




texto 2
“Os relacionamentos, assim como as mercadorias, passam por um período de intensa descartabilidade. O cientista social polonês Zygmunt Bauman já apontou a íntima relação entre as práticas de consumo contemporâneas e a fragilidade dos laços humanos na atualidade. O consumo é pautado pela obsolescência planejada e pelo desejo intenso por novidades, mudanças e, principalmente, novos desejos. Para ele, a satisfação dos desejos é angustiante na medida em que nos obriga a eleger um novo objeto de desejo; aponta que atualmente “o desejo não deseja a satisfação; o desejo deseja o desejo”. Daí a sensação constante de angústia e a incessante busca por novos desejos e realizações. O mesmo acontece com os relacionamentos atuais. As relações amorosas, as amizades, os contratos de trabalho e até mesmo os laços familiares são afetados por essa lógica da descartabilidade e da efemeridade do consumo, ou melhor, do consumismo.”
Rita Alves é antropóloga, professora do Departamento de Antropologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e integra o grupo de pesquisa Imagens, Metrópole e Culturas Juvenis.

TEXTO 3
“A grande dificuldade da atualidade parece ser lidar com frustrações. Muitas pessoas se acostumaram a descontar as frustrações do dia a dia comprando. Sair de uma loja com várias sacolas pode gerar uma enorme sensação de felicidade, ainda que se compre coisas desnecessárias, que talvez nunca sejam usadas. Mulheres geralmente buscam peças de vestuário, cosméticos e tratamentos de beleza, enquanto os homens preferem produtos eletrônicos e carros. Depois, a culpa pelo consumo excessivo ainda pode ser expiada atirando-se os restos dos produtos mal utilizados na lata dos recicláveis. Para que enfrentar crises em busca de uma solução se é tão mais fácil apenas ir ao shopping center e mudar de assunto?”
Cristiane Costa Cruz é psicóloga e presidente da Associação MENSA Brasil para pessoas com alto QI (superdotados).

Exercício de redação. Resumo curto. No máximo 10 linhas. Tema: presença onipotente do Outro ( tecnologia, fone etc)

Extraia a tese do texto. Resuma-a, expondo também os principais argumentos dados pelo autor.

Ninguém pode se ausentar...
A carta simples e registrada tem a mesma previsão de entrega, mas a registrada você pode rastrear. Sem contar que existe a carta registrada com Aviso de Recebimento (AR), "na qual o destinatário assina um documento ao receber, que depois é enviado para o remetente" (assim explicam os Correios).
Imagino que o primeiro uso da registrada com AR tenha sido jurídico: o aviso assinado prova que o destinatário foi devidamente informado.
Mas o uso afetivo deve ter vindo logo depois. Você escreve a um ser amado; cinco dias leva a sua carta para ir; digamos, dois dias para ele escrever; mais cinco dias para a resposta chegar até você"¦ A partir de quando você vai se desesperar, achando que ele escolheu o silêncio? Com o AR, no mínimo, você sabe quando a missiva foi entregue.
Pode ser que o outro não responda e desperdice assim a chance de um grande amor, mas não será por causa do desserviço do correio.
O telegrama também garantia a entrega, mas, justamente, tinha o defeito de ser telegráfico e era indiscreto: funcionários desconhecidos leriam seu texto, para poder transmiti-lo.
O e-mail aboliu o tempo de viagem das missivas. Mandou, chegou. Mesmo assim, seu percurso encontra armadilhas. As desculpas clássicas (desculpe, não acesso meu computador há dias) não valem mais, agora que o e-mail chega ao smartphone. Mas ainda é possível dizer que seu e-mail caiu no anti-spam, ou, então, eu me confundi, não entendi que era seu e apaguei sem querer. Por isso, aliás, há os que mandam um e-mail e logo telefonam para perguntar: recebeu?
O telefone evoluiu na mesma direção. Houve a chamada interurbana e internacional diretas, sem reserva prévia; houve a secretária eletrônica, e há, enfim, o celular. Não contentes de alcançar o outro e de estarmos disponíveis em qualquer momento, lamentamos que a tecnologia GPS não nos diga também onde está nosso interlocutor; por isso, imagino, quem liga para nosso celular, começa por perguntar, quase furioso por não saber: onde você está?
De qualquer forma, a ideia de que alguém possa ser inalcançável por algum tempo se tornou intolerável. O mesmo vale para a ideia de que a gente possa estar fora de alcance durante as duas horas de um filme, de uma peça de teatro ou de uma aula.
Nossa disponibilidade ininterrupta talvez revele um tremendo medo de sacrificar sonhos e desejos (que nem sabemos quais seriam), porque deixaríamos passar cavalos encilhados (que passam uma vez só: ligaram, você não atendeu, já foi).
Mas talvez haja, sobretudo, nessa tentativa de estarmos sempre presentes caso alguém nos contate, uma espécie de horror fundamental da ausência, que vale para nós e para os outros. Ninguém é autorizado a "não estar"; nem nós, nem os outros, nem Deus. O deus dos evangélicos, que interviria na vida dos fiéis e se manifestaria quando invocado, é mais próximo de nossa época do que o deus um pouco escondido e silencioso dos católicos e das denominações protestantes tradicionais.
Não sei se inventamos, aos poucos, a tecnologia que corresponde à nossa necessidade de estarmos e de ter o outro sempre ao alcance, ou se a tecnologia, mudando, fez com que nos acostumássemos à presença constante de todos, sempre alcançáveis.
Seja como for, nossa marcha avança na direção de uma presença sem silêncios e sem esconderijos. A última novidade do WhatsApp é um bom exemplo. No WhatsApp, que está se tornando hoje o sistema de diálogo mais popular, você pode saber imediatamente se sua mensagem foi recebida e lida. Não adianta ficar calado: eu sei que você me leu.
Um leitor, Eduardo Monteiro, sugere que eu fale de como o sistema carcerário "molda a sociedade". Pois é, o sistema em que o preso seria sempre visível (como os cidadãos das cidades vigiadas pelas telecâmeras) transforma-se num sistema em que devemos estar sempre alcançáveis, caso a Justiça queira nos prender.
Uma pequena estratégia de resistência. Aparece, na tela de seu smartphone, a notificação de que chegou uma mensagem de WhatsApp. Você quer um pouco de tempo para pensar na resposta, ou seja, quer lê-la sem que o outro saiba que você a leu. Pois bem, coloque seu celular em modo avião, abra e leia –enquanto você permanecer em modo avião, nenhuma notificação será encaminhada ao seu correspondente.
Moral da história: o avião é mesmo um maneira eficaz de se afastar, de vez em quando. 
contardo calligaris
Contardo Calligaris, italiano, é psicanalista, doutor em psicologia clínica e escritor. Ensinou Estudos Culturais na New School de NY e foi professor de antropologia médica na Universidade da Califórnia em Berkeley. Reflete sobre cultura, modernidade e as aventuras do espírito contemporâneo (patológicas e ordinárias). Escreve às quintas.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

PROPOSTA PARA O ABC: CIRURGIA PLÁSTICA



ESCREVA UM TEXTO ARGUMENTATIVO EM QUE VOCÊ FAÇA CONSIDERAÇÕES ÉTICAS SOBRE A CIRURGIA PLÁSTICA REALIZADA EM PACIENTES DE  TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL. 

ESCREVA UMA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA SOBRE O TEMA: A ÉTICA E A CIRURGIA PLÁSTICA.

"O Brasil é um dos líderes mundiais da indústria de cosméticos e ocupa o segundo lugar no ranking da cirurgia plástica, perdendo apenas para os Estados Unidos", observa o sociólogo. "Muitas vezes, o recurso a remédios, tratamentos e cirurgias é encarado como uma solução mágica para problemas emocionais ligados à auto-estima, que se manifestam na insatisfação com o próprio corpo e levam ao desejo de transformá-lo. Assim, mesmo que um tratamento estético ou um procedimento cirúrgico seja bem-sucedido do ponto de vista médico, pode não trazer a satisfação esperada pelo paciente e resultar na negação do corpo metamorfoseado".

O caso das cirurgias plásticas mal-sucedidas é mais grave, porque pode não só aprofundar como criar problemas emocionais que estão na origem da insatisfação com o corpo. "A pessoa que se submete a uma cirurgia desnecessária não pode ser criticada porque optou por correr, em nome da beleza, os riscos comportados em uma intervenção cirúrgica", argumenta o pesquisador. "O questionamento recai sobre a forma como estes riscos são apresentados pelos meios de comunicação. As cirurgias plásticas hoje são vendidas a prazo e encaradas como um procedimento simples, como se não existisse uma recuperação demorada e a possibilidade de ocorrerem complicações médicas".

Neste ponto, a busca da beleza coloca um dilema ético ligado à idéia de mercantilização da medicina. "Quando um médico não questiona a ausência de necessidade de uma cirurgia desejada pelo paciente, ou não chama a atenção para os riscos implícitos nos procedimentos, deixa de lado os preceitos éticos e se torna um comerciante da medicina. Este é um problema de saúde pública que não pode ser resolvido facilmente. Se por um lado o desejo de um corpo perfeito é constantemente estimulado por estereótipos divulgados na mídia e o fato de fazer uma cirurgia plástica deixou de ser motivo para segredo, por outro a mercantilização da medicina não está ligada ao despreparo dos profissionais, que recebem formação ética, mas à ganância de alguns deles".
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TEXTO2

O transtorno dismórfico corporal (TDC), também chamado de dismorfia, é um quadro no qual a pessoa se torna patologicamente preocupada com uma característica física imaginada ou pouco perceptível em sua aparência. Ele costuma ser associado ao transtorno obsessivo compulsivo (TOC), à ansiedade e à depressão e, nos casos mais graves, ao risco de suicídio.
 Embora na opinião de alguns profissionais como a dermatologista Luciana Conrado, doutora em ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o termo “dismórfico” não seja necessariamente o mais adequado para descrever o transtorno, ela reconhece que a insatisfação é a “massa de trabalho” dos profissionais que atendem pessoas em busca de correções físicas. “O limite é tênue, mas em certos casos, a diferença entre a maneira que o indivíduo vê o próprio corpo e a maneira como os outros o enxergam é muito distante”, observa a médica, pós-graduada em psicossomática psicanalítica pelo Instituto Sedes Sapientiae.
O interesse por compreender melhor o que estava por trás da preocupação exagerada com um defeito pequeno ou inexistente apresentada por alguns pacientes que chegavam ao seu consultório a motivou a estudar esse “problema secreto”, que muitas vezes os pacientes escondem e, não raro, os próprios profissionais têm dificuldade de identificar e manejar.
Segundo ela, na população em geral, 2% das pessoas apresentam o transtorno; entre pacientes dermatológicos 7% se enquadram no diagnóstico e quando consideramos os que buscam tratamentos cosméticos esse percentual chega a 14%, um índice considerado bastante alto. Para chegar a esses resultados, a dermatologista desenvolveu uma pesquisa, inspirada no estudo da psiquiatra americana Katherine Phillips, para a conclusão de seu doutorado, em 2009, levando em conta o enquadre diagnóstico, a epidemiologia e a avaliação do nível de crítica dos voluntários, usando testes psiquiátricos para fazer a avaliação.
Na ocasião, entrevistou 350 pessoas: 150 pacientes dermatológicos, outros 150 que haviam procurado tratamento cosmético e 50 provenientes da ortopedia, que compuseram o grupo de controle. Luciana Conrado salienta ainda que não apenas dermatologistas e cirurgiões plásticos recebem essas pessoas, mas também otorrinolaringologistas, oftalmologistas, dentistas e mesmo profissionais que trabalham com estética devem ficar atentos aos clientes que nunca parecem satisfeitos e continuam pedindo novas intervenções.

Ela defende o atendimento multiprofissional para esses pacientes. Trabalhando na Universidade Justus Von Liebig, em Giessen, na Alemanha, ela acompanhou o tratamento de pessoas com o transtorno que recebiam atendimento diversificado: acompanhamento dermatológico e psiquiátrico, medicação para conter a obsessão, sessões de terapia de grupo e arteterapia. Ainda que seja difícil falar em cura definitiva, o acompanhamento focado na diminuição da percepção do suposto defeito pode trazer grande alívio ao paciente.
http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/em_busca_da_imagem_perfeita.html

proposta de dissertação ou carta argumentativa. A regulamentação da mídia.

Se optar por carta dissertativa, dirija-se a um dos articulistas da proposta.

Você é um jornalista revoltado ( ou com a possibilidade de regulamentação, ou com a não regulamentação). Mostre sua revolta, usando 3 figuras de linguagem: uma hipérbole, uma ironia e uma metonímia com nome de jornal ou revista.

texto 1

Assimetrias e desigualdades

por Ângela Cristina Salgueiro Marques

No final do segundo volume do livro Teoria da ação comunicativa, o filósofo alemão Jürgen Habermas desenvolve o argumento de que os meios de comunicação desempenham um papel dúbio na configuração dos processos democráticos: se, por um lado, eles tornam públicos os discursos de atores localizados em diferentes arenas comunicativas, libertando as informações de seus contextos de origem e tornando-as acessíveis a uma vasta maioria, por outro lado, o discurso produzido pelos profissionais da mídia é alimentado por atores em busca de acesso e influência.
Banca de jornais
Os meios de comunicação podem se tornar obstáculos para a promoção de processos democráticos quando hierarquizam e priorizam discursos, para privilegiar interesses de grupos e indivíduos. (foto: Leonardo S. Freitas/ Flickr)
Apesar das assimetrias de poder associadas à ação dos agentes midiáticos junto às suas fontes e ao código interno de seleção e enquadramento dos acontecimentos e falas públicas, Habermas atribui aos meios de comunicação um lugar central no processo de organização, divulgação e espraiamento dos debates que ocorrem nas distintas esferas públicas, compostas por agentes institucionais e agentes informais. Os meios de comunicação, porém, podem se tornar obstáculos para a promoção de processos democráticos quando hierarquizam e priorizam discursos, para privilegiar interesses de grupos e indivíduos.
De modo geral, grande parte da sociedade civil (organizada ou não) tem sua fala excluída do espaço de circulação de pontos de vista e argumentos representado pela mídia. 
De modo geral, grande parte da sociedade civil (organizada ou não) tem sua fala excluída do espaço de circulação de pontos de vista e argumentos representado pela mídia
É possível observar como isso acontece nos textos midiáticos, por meio das seguintes características: a) quando o texto se refere a determinado segmento social usando a terceira pessoa, sem se preocupar em trazer as falas dos interessados; b) quando tal segmento raramente (ou nunca) aparece como grupo ao qual os entrevistados ‘institucionais’ se remetem (revelando que não o veem como interlocutor); c) quando há sinais de que esses entrevistados acreditam que prestam contas a esse segmento, tratando seus integrantes como objetos de um debate ou como meros espectadores do processo decisório; e d) quando integrantes desse segmento são convidados a falar, mas percebe-se que raramente é o conteúdo de sua fala que interessa, e sim a possibilidade de esta ilustrar um ponto de vista ou transmitir uma ‘lição’, geralmente ligada à superação de dificuldades pelo mérito individual.
Os veículos não são despidos de ideologias e preferências institucionais internas, e se posicionam politicamente diante dos acontecimentos e polêmicas. Tal fato muito influencia na seletividade das fontes, na inclusão das perspectivas sociais e na escolha dos temas que terão destaque nos enquadramentos. 
Os meios de comunicação articulam o conteúdo discursivo que circula nos espaços de interação cotidiana, permitem a aproximação ou contraposição de perspectivas e promovem a prestação de contas entre vários interlocutores
É preciso, portanto, não perder de vista o fato de que nem todos os segmentos sociais conseguem ter seus argumentos ou suas demandas de validade expostos na mídia. Sobretudo quando a produção de enquadramentos está associada ao discurso de agentes institucionais poderosos, que estão em contínua disputa para atribuir significados aos eventos correntes.
Os meios de comunicação articulam o conteúdo discursivo que circula nos espaços de interação cotidiana (salientando temas que os profissionais julgam relevantes), permitem a aproximação ou contraposição de perspectivas e promovem a prestação de contas entre vários interlocutores. 
Entretanto, nem sempre eles são benéficos aos processos argumentativos. Os filtros e constrangimentos que impõem, ao hierarquizar conteúdos e fontes, por exemplo, produzem invisibilidades que podem ser desastrosas ao processo de construção da opinião pública via debate e reflexão coletiva.
Fluxos comunicativos que surgem na periferia desse processo, sob a forma de conversações informais, raramente têm acesso à arena dos meios de comunicação e, às vezes, sequer demonstram ter sido gerados com a intenção de fazê-lo. Não há como desconsiderar que existem assimetrias no espaço midiático, ou seja, são desiguais as chances de intervenção dos diferentes públicos na produção, validação, regulação e apresentação de mensagens veiculadas.

Ângela Cristina Salgueiro Marques é professora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais
 http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2014/314/midia-e-debate-publico

texto 2

Por que sou contra a regulação da mídia?
Sou contra qualquer criação de órgão para regulamentar os meios de comunicação.

E sou contra por um motivo simples: no Brasil, governo e estado se confundem.


Muito diferente da Inglaterra, por exemplo, onde a BBC é financiada, de fato, pela população através de um imposto que não entra na conta do governo, o Brasil tem o costume de políticas de governo e de estado se misturarem num balaio de gato e de, no momento seguinte, ninguém mais saber o que é de quem. 


Uma atitude republicana de garantir, de fato, um conselho independente do governo é algo quase impossível.


Um órgão 'regulador' da mídia, mesmo de caráter social, sofreria forte influência do governo. E daí para chegarmos à censura é um pulo.


É perigoso.


Vale lembrar, o governo de hoje pode ser a oposição de amanhã. Deixar "desregulado" e nas mãos da justiça quando alguém se sentir prejudicado, para mim, é menor pior do que criar um órgão com um poder de potencialmente censurar idéias diferentes da do governo, por exemplo. 


Para garantir uma democracia saudável, estou com Voltaire: "Discordo daquilo que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito de o dizeres". 


Acredito que uma mudança simples na legislação poderia ajudar muito a imprensa livre e independente no Brasil. 


Instituir o princípio da paridade nos anúncios oficiais.


Pouca gente sabe disso (ou pouca gente fala disso), mas quem define para qual veículo vai o grosso da verba publicitária dos governos são os próprios governantes.


Isso cria uma lógica perversa, principalmente em cidades pequenas. Para manter o negócio, o empresário precisa de dinheiro. Para garantir os anúncios estatais, o governante quer um jornal cuja linha editorial se encaixa nos seus interesses.


Então o empresário adapta ao jornal ao interesse dos governantes para vender espaços e, então, temos a mídia chapa branca. Há até aqueles que assumem um ar de opositor como estratégia para serem cooptados pelo Estado e depois se amansarem. 


Isso acontece com TVs, jornais impressos, sites e até blogs. 


Resolver esse problema é simples: instituir o princípio da paridade na distribuição da verba publicitária. O veículo que circula mais, recebe mais; o veículo que circula menos, recebe menos, sem nenhuma interferência do governante. 


Caberá às secretarias de comunicação a única tarefa de criar o material publicitário e os releases, não a de determinar qual veículo eles vão comprar o espaço.



É hora do Ministério Público e a sociedade abrirem o olho quanto a isso. Uma normatização da verba  pública destinada à publicidade poderá fazer muito bem ao nosso jornalismo. 
..............http://fabiofariasf.blogspot.com.br/2012/05/por-que-sou-contra-regulacao-da-midia.html.....................
Quem tem medo da regulação?
“É sempre preferível o ruído da imprensa ao silêncio tumular das ditaduras”. 
A senhora presidenta disse isso durante a 15ª Conferência Internacional Anticorrupção, em Brasília, e não é a primeira vez que ela fala incisivamente em defesa da liberdade de imprensa.
Em uma dessas intervenções, logo depois de assumir seu cargo, disse que o único controle de imprensa admissível era o controle remoto.
É significativo — e com certeza não é coincidência — que esse pronunciamento tenha sido feito exatamente no momento em que as abelhas do enxame do partido do governo, notadamente seu presidente Rui Falcão, e o condenado ex-ministro José Dirceu, zumbem com insistência a tese de que aquilo que eles chamam de “regulação da mídia” não pode passar deste ano.
Repete-se, como vem se repetindo ad infinitum, a confusão propositada entre a falta de regulamentação do artigo 225 da Constituição, que deveria fixar normas para outorga de concessões públicas e disciplinar a questão da propriedade cruzada dos meios de comunicação, com os conteúdos da mídia.
Os partidários da regulação insistem na tese de que ela nao deve ser confundida com censura. Dizem que os meios de comunicação agitam falsamente o espantalho da censura porque querem fugir da discussão.
É preciso deixar claro que um marco regulatório das telecomunicações está previsto na Constituição, é necessário e saudável. O sistema de outorga de concessões pode e deve ser regulado. A concessão de canais de televisão a igrejas e políticos e a propriedade cruzada de meios precisa ser revista.
Até aí, tudo bem.
Mas por que a discussão ressurge exatamente no momento em que a Suprema Corte está julgando o caso do mensalão?
O que tem a ver a cobertura que a imprensa faz do caso com regulação, se a intenção não é direcionar a opinião dos veículos de acordo com o que interessa ao partido hegemônico no poder?
Em maio deste ano, Rui Falcão deixou claro que o embate nao tem nada a ver com marco regulatório das telecomunicações mas tem tudo a ver com o conteúdo das opiniões políticas que nao agradam ao partido do governo:
“(A mídia) É um poder que contrasta com o nosso governo desde a subida do (ex-presidente) Lula, e não contrasta só com o projeto político e econômico. Contrasta com o atual preconceito, ao fazer uma campanha fundamentalista como foi a campanha contra a companheira Dilma (nas eleições presidenciais de 2010) (…).
“(A mídia) produz matérias e comentários não para polarizar o país, mas para atacar o PT e nossas lideranças.” “O poder da mídia, esse poder nós temos de enfrentar.”
Não se trata, portanto, de regular. Trata-se de enfrentar.
E enfrentar quem tem opiniões contrárias é controlar.
E controlar é censurar.
Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação do jornal O Estado de S.Paulo”. É autor do livro A Ilha Roubada, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez.
E-mail: svaia@uol.com.br

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

PROPOSTA DE CARTA DISSERTATIVA:UNIDADES DE POLÍTICA PACIFICADORA (UPPS)


Proposta: você é um líder comunitário (a) de uma favela. Escreva uma carta ao Governador do Rio de Janeiro apontando problemas das UPPs. Cite o caso Amarildo.


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Imagem: Alberto Costa

Por Gabriel Bayarri
O Programa de Mediação em comunidades atendidas pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) é uma iniciativa destinada a capacitar os policiais integrantes dessas unidades para exercerem, com o uso de ferramentas próprias à técnica da mediação, o papel de mediadores dos conflitos de proximidade nas denominadas favelas cariocas.
A iniciativa faz parte de um acordo de cooperação, celebrado em 2011, entre o Tribunal da Justiça e a Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro. O propósito dos centros de mediação de conflitos diminuir a “judicialização” das controvérsias entre próximosdiminuir o abismo que ainda separa, da sociedade, o Direito e os tribunais.
Nos processos de mediação, as partes implicadas são as responsáveis por alcançar um acordo. O serviço que as UPPs oferecem tem sido constituído sob as técnicas de uma mediação direta, em que as relações humanas e os conflitos não são vistos de forma isoladaBusca-se a justiça por meio de “soluções razoáveis”, construídas sob a lógica da interação como forma de estabelecer sistemas de valores que ajudam no manejo e resolução dos conflitos.
Porém, após a pacificação, existe um primeiro “choque de ordem” – ou seja, uma adaptação às regras, direitos e deveres, entre o favelado e a representação do Estado na favela (ou seja, a Polícia Militar). Este processo pode alterar a parcialidade dos processos de mediação. A condição do favelado como cidadão, acostumado a ser guiado por uma lógica tutelar e a receber seus direitos como concessões, converte-num indivíduo vulnerável diante possíveis arbitragens. Por outro lado, o fato de a polícia ser vista como representação do Estado outorga-se um comportamento tutelar que questiona a eficácia dos mecanismos de mediação imparcial.
Além disso, a hierarquia militar estrita leva uma negação de autonomia no desempenho do trabalho. A conduta do policial na mediação dos conflitos não será medida pela sua criatividade na condução de negociações bem sucedidas, mas pelo grau de obediência a ordens superiores. Assim, a preocupação do mediador policial ficará atrofiada ao cumprimento das regras, deixando relegadas a um segundo plano as regras de caráter moral. É o que o sociólogo canadense Erving Goffman denomina “mercador de moralidade”.
Nas mediações, muitos problemas surgem da ausência de conhecimento de regras “do asfalto”, do não favelado. a polícia, como diria o filósofo alemão Friedrich Hegel, está ainda conhecendo o “bem vivente que protege”, pelo que espera um comportamento de “pessoa de asfalto”, atuando também como educadora, psicóloga ou advogada. O fato de o Estado só estar presente na favela no âmbito da segurança traz como consequência a hipertrofia do papel da polícia, tendo que se apropriar de distintas funções, entre elas o ofício da mediação.
A aparição dos conflitos não deveria ser avaliada necessariamente como um fenômeno negativo: eles mostram que existem interesses incompatíveis, fator fundamental para desenvolver os mecanismos de acompanhamento nas mudanças sociais. No estudo da cosmologia do conflito, este deve ser problematizado através das formas em que é resolvido, da possível arbitrariedade latente em sua resolução, e de sua resolução pacífica. Não obstante, o conflito é um componente de interação humana necessário e o seu surgimento deveria ser entendido, no contexto da pacificação, como forma de liberdade, de acesso do cidadão à liberdade de expressão. No âmbito desta liberdade, surgem necessariamente as diferentes opiniões como princípio do conflito: surge o desacordo.
Porém, o ethos policial está orientado pela lógica do extermínio do conflito e o combate do inimigo, sendo que a resolução de conflitos possui, de acordo com os princípios nativos, um lugar periférico à atuação policial. Conflitos entre vizinhos, parentes, etc. são concebidos pelos policias como “feijoadas”, vistas como desimportantes diante dos “conflitos” concebidos como legítimos (como o combate ao tráfico).
Interessa, portanto, continuar refletindo sobre o modo como os policiais apropriam-se, ressignificam e reinterpretam o princípio da “mediação” no tratamento dos conflitos de proximidade nas favelas “pacificadas”.
TEXTO 2

UPPs: retrato de um impasse brasileiro

Há inovações importantes na Polícia Pacificadora. Mas elas se perdem em meio à velha cultura que vê, nos pobres, inimigos do Estado. Por Gabriel Bayarri
por Gabriel Bayarri — publicado 16/06/2014 11:49, última modificação 16/06/2014 12:48
140616ImagemArt01GabrielBayarri.jpg
[Este é o blog do site Outras Palavras em 
O ambicioso plano da Secretaria de Segurança do Estado de Rio de Janeiro para pacificar as favelas cariocas é só a ponta do iceberg de um largo processo. Iniciado em 2008, o programa já foi levado a 36 favelas, das mais de mil comunidades existentes no Estado, segundo a Federação de Favelas do Rio de Janeiro (Faferj). E o debate sobre as novas formas de polícia comunitária, aplicadas no modelo das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), está só começando. As UPPs seguem, por decreto, uma seleção dos territórios nos que se instalar. Devem ser sempre: 1) comunidades pobres 2) de alto grau de informalidade 3) com presença de grupos criminosos fortemente armados. (1)
No processo de implantação, o primeiro passo antes da inclusão da UPP será a intervenção tática, levada a cabo pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e/ou o Batalhão de Policia de Choque, com o objetivo de recuperar o controle estatal sobre áreas ilegalmente dominadas por grupos criminosos altamente armados. Hasteia-se a bandeira do BOPE no morro dominado, e após a demonstração de dominação, procura-se enfrentar o sistema de caos preestabelecido (2). Estabilização, implantação e controle são as etapas levadas a cabo pelos próprios policiais militares que formarão a UPP.
Os policiais que formam parte das UPPs recebem uma capacitação extra em questões como direitos humanos ou polícia cidadã. Trata-se de um curso composto de seis módulos: proteção social; primeiros socorros; gestão do espaço urbano e gênero; juventude e sexualidade. Esta formação complementar pretende acabar com a perspectiva estritamente belicista e punitivo-repressiva que caracteriza a PM. Não raro, a questão da formação policial emerge como uma componente, senão central, profundamente significativa no perfil das polícias brasileiras (em particular a Polícia Militar). Os centros de formação policial são apenas parcialmente capazes de moldar representações e construir conhecimento junto aos agentes de segurança (3). Na polícia, o saber adquirido nos centros de formação, divide espaço, ou mesmo é eclipsado, com os saberes adquiridos “na prática”, no dia a dia das ruas, não raro, transmitidos por policiais mais antigos (4). A Secretaria de Segurança, ciente desta realidade, promove a construção de uma polícia pacificadora jovem, cujos policiais que a constituem possam adquirir novos saberes na prática de seu serviço.
As funções dentro da UPP dividem-se entre o “Grupo de Polícia Pacificadora” (GPP), encarregado de patrulhar a favela, reforçar sua sensação de presença; o Grupo Tático de Polícia Pacificadora (GTPP), que apoia o anterior em situações críticas; e o setor administrativo. A normatização deu-se em 2009, quando o boletim da PM anunciou formalmente a anexação do programa UPP a seu corpo, e um bônus extra de 500 reais para os policiais que tiveram que trabalhar nas favelas recém-pacificadas, sendo o Morro de Santa Marta, localizado na zona Sul do Rio de Janeiro, o primeiro no que se aplicou a política.
Não obstante, a polícia de proximidade não surgiu com as atuais Unidades de Polícia Pacificadora das favelas. A necessidade de integrar polícia e população favelada através de ações colaborativas já tinha sido trabalhadas anteriormente através de dois programas: o Grupo de Aplicação Prático Escolar (GAPE) e os Grupos de Policia em Áreas Especiais (GPAEs), completamente novos para a PM. Nenhum teve continuidade.
Foram lançados no primeiro mandato de Leonel Brizola como governador do Rio de Janeiro, em 1983. Uma de suas prioridades foi tentar romper a lógica repressiva da ditadura militar, reconhecendo novos direitos humanos, opostos à violência policial. Isto levou a uma forte polarização da política de segurança pública. De um lado, os defensores do “discurso social”; de outro, os do “discurso de repressão”. Ante esta política de segurança pública, surge um novo conceito: a Política Pública de Segurança, que entende a pressão social e as ações de integração social como abordagens compatíveis, que contempla a ideia de “processo” e constiu-se, portanto, em contraponto às lógicas do extermínio e do conflito, tão arraigadas na PM. Assim, o desenho e planificação das UPPs, terceira tentativa de pacificação das comunidades, buscava, por primeira vez, uma política interdisciplinar que integrasse as políticas públicas de segurança com outras políticas de acesso a cidadania. Uma gestão integrada do território pacificado. Trata-se de uma transição das políticas de segurança pública para as políticas públicas de segurança. (5)
As UPPs fazem parte desse processo histórico. São construídas sob forte oposição, que parte de uma Polícia Militar com um histórico brutal de violência, treinada sob uma lógica de guerra e combate ao inimigo, atuando como fonte de reprodução de uma estrutura de significados, mas num entorno no qual se debatem vivamente novas formas de polícia comunitária através do tratamento da segurança como uma política pública, integradora. Devido a esse delicado equilíbrio no que se constituem as UPPs, seus objetivos como parte de uma política integradora devem ficar claramente demarcados; seria um retrocesso que acabem se transformando em atores políticos de base, na representação absoluta do Estado dentro das comunidades, correndo o risco de que sua gestão adquira traços totalitários no processo de democratização das relações sociais. A PM ainda está sujeita a uma ordem estatal, e não a uma ordem civil. A polícia enxerga a si mesma como extirpadora de conflitos e não como produtora de soluções — o que dificulta a interação com uma polícia comunitária e a transição de uma ordem repressiva para uma ordem preventiva. Assim, as UPPs constituiriam um “fato histórico” (1) que, em certo sentido, desafia a estrutura de significados construída pela corporação Polícia Militar.
A questão que surge é: como uma pacificação realizada num enfrentamento direto vai conseguir apropriar-se dos mecanismos característicos da polícia de proximidade nas favelas? Pois se entendemos as UPPs como um evento, este estará atrelado de forma indissociável a uma estrutura de significados que lhe precede, relacionando-se com esta de forma dialética. (4)
As UPPs constituem-se, portanto, como um modelo que permite integrar presente e passado através da manipulação de signos. Os próximos passos serão os mais delicados para esta política de segurança, monitorada pelo olhar internacional durante os grandes eventos — os que determinarão se a pacificação pode ser utilizada para conferir novos significados sobre a Polícia Militar ou se, na triste oposição, servirão só para reforçar as antigas formas de definir a realidade das práticas policiais.

Por Gabriel Bayarri
O Programa de Mediação em comunidades atendidas pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) é uma iniciativa destinada a capacitar os policiais integrantes dessas unidades para exercerem, com o uso de ferramentas próprias à técnica da mediação, o papel de mediadores dos conflitos de proximidade nas denominadas favelas cariocas.
A iniciativa faz parte de um acordo de cooperação, celebrado em 2011, entre o Tribunal da Justiça e a Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro. O propósito dos centros de mediação de conflitos diminuir a “judicialização” das controvérsias entre próximosdiminuir o abismo que ainda separa, da sociedade, o Direito e os tribunais.
Nos processos de mediação, as partes implicadas são as responsáveis por alcançar um acordo. O serviço que as UPPs oferecem tem sido constituído sob as técnicas de uma mediação direta, em que as relações humanas e os conflitos não são vistos de forma isoladaBusca-se a justiça por meio de “soluções razoáveis”, construídas sob a lógica da interação como forma de estabelecer sistemas de valores que ajudam no manejo e resolução dos conflitos.
Porém, após a pacificação, existe um primeiro “choque de ordem” – ou seja, uma adaptação às regras, direitos e deveres, entre o favelado e a representação do Estado na favela (ou seja, a Polícia Militar). Este processo pode alterar a parcialidade dos processos de mediação. A condição do favelado como cidadão, acostumado a ser guiado por uma lógica tutelar e a receber seus direitos como concessões, converte-num indivíduo vulnerável diante possíveis arbitragens. Por outro lado, o fato de a polícia ser vista como representação do Estado outorga-se um comportamento tutelar que questiona a eficácia dos mecanismos de mediação imparcial.
Além disso, a hierarquia militar estrita leva uma negação de autonomia no desempenho do trabalho. A conduta do policial na mediação dos conflitos não será medida pela sua criatividade na condução de negociações bem sucedidas, mas pelo grau de obediência a ordens superiores. Assim, a preocupação do mediador policial ficará atrofiada ao cumprimento das regras, deixando relegadas a um segundo plano as regras de caráter moral. É o que o sociólogo canadense Erving Goffman denomina “mercador de moralidade”.
Nas mediações, muitos problemas surgem da ausência de conhecimento de regras “do asfalto”, do não favelado. a polícia, como diria o filósofo alemão Friedrich Hegel, está ainda conhecendo o “bem vivente que protege”, pelo que espera um comportamento de “pessoa de asfalto”, atuando também como educadora, psicóloga ou advogada. O fato de o Estado só estar presente na favela no âmbito da segurança traz como consequência a hipertrofia do papel da polícia, tendo que se apropriar de distintas funções, entre elas o ofício da mediação.
A aparição dos conflitos não deveria ser avaliada necessariamente como um fenômeno negativo: eles mostram que existem interesses incompatíveis, fator fundamental para desenvolver os mecanismos de acompanhamento nas mudanças sociais. No estudo da cosmologia do conflito, este deve ser problematizado através das formas em que é resolvido, da possível arbitrariedade latente em sua resolução, e de sua resolução pacífica. Não obstante, o conflito é um componente de interação humana necessário e o seu surgimento deveria ser entendido, no contexto da pacificação, como forma de liberdade, de acesso do cidadão à liberdade de expressão. No âmbito desta liberdade, surgem necessariamente as diferentes opiniões como princípio do conflito: surge o desacordo.
Porém, o ethos policial está orientado pela lógica do extermínio do conflito e o combate do inimigo, sendo que a resolução de conflitos possui, de acordo com os princípios nativos, um lugar periférico à atuação policial. Conflitos entre vizinhos, parentes, etc. são concebidos pelos policias como “feijoadas”, vistas como desimportantes diante dos “conflitos” concebidos como legítimos (como o combate ao tráfico).
Interessa, portanto, continuar refletindo sobre o modo como os policiais apropriam-se, ressignificam e reinterpretam o princípio da “mediação” no tratamento dos conflitos de proximidade nas favelas “pacificadas”.
TEXTO 2

UPPs: retrato de um impasse brasileiro

Há inovações importantes na Polícia Pacificadora. Mas elas se perdem em meio à velha cultura que vê, nos pobres, inimigos do Estado. Por Gabriel Bayarri
por Gabriel Bayarri — publicado 16/06/2014 11:49, última modificação 16/06/2014 12:48
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[Este é o blog do site Outras Palavras em 
O ambicioso plano da Secretaria de Segurança do Estado de Rio de Janeiro para pacificar as favelas cariocas é só a ponta do iceberg de um largo processo. Iniciado em 2008, o programa já foi levado a 36 favelas, das mais de mil comunidades existentes no Estado, segundo a Federação de Favelas do Rio de Janeiro (Faferj). E o debate sobre as novas formas de polícia comunitária, aplicadas no modelo das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), está só começando. As UPPs seguem, por decreto, uma seleção dos territórios nos que se instalar. Devem ser sempre: 1) comunidades pobres 2) de alto grau de informalidade 3) com presença de grupos criminosos fortemente armados. (1)
No processo de implantação, o primeiro passo antes da inclusão da UPP será a intervenção tática, levada a cabo pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e/ou o Batalhão de Policia de Choque, com o objetivo de recuperar o controle estatal sobre áreas ilegalmente dominadas por grupos criminosos altamente armados. Hasteia-se a bandeira do BOPE no morro dominado, e após a demonstração de dominação, procura-se enfrentar o sistema de caos preestabelecido (2). Estabilização, implantação e controle são as etapas levadas a cabo pelos próprios policiais militares que formarão a UPP.
Os policiais que formam parte das UPPs recebem uma capacitação extra em questões como direitos humanos ou polícia cidadã. Trata-se de um curso composto de seis módulos: proteção social; primeiros socorros; gestão do espaço urbano e gênero; juventude e sexualidade. Esta formação complementar pretende acabar com a perspectiva estritamente belicista e punitivo-repressiva que caracteriza a PM. Não raro, a questão da formação policial emerge como uma componente, senão central, profundamente significativa no perfil das polícias brasileiras (em particular a Polícia Militar). Os centros de formação policial são apenas parcialmente capazes de moldar representações e construir conhecimento junto aos agentes de segurança (3). Na polícia, o saber adquirido nos centros de formação, divide espaço, ou mesmo é eclipsado, com os saberes adquiridos “na prática”, no dia a dia das ruas, não raro, transmitidos por policiais mais antigos (4). A Secretaria de Segurança, ciente desta realidade, promove a construção de uma polícia pacificadora jovem, cujos policiais que a constituem possam adquirir novos saberes na prática de seu serviço.
As funções dentro da UPP dividem-se entre o “Grupo de Polícia Pacificadora” (GPP), encarregado de patrulhar a favela, reforçar sua sensação de presença; o Grupo Tático de Polícia Pacificadora (GTPP), que apoia o anterior em situações críticas; e o setor administrativo. A normatização deu-se em 2009, quando o boletim da PM anunciou formalmente a anexação do programa UPP a seu corpo, e um bônus extra de 500 reais para os policiais que tiveram que trabalhar nas favelas recém-pacificadas, sendo o Morro de Santa Marta, localizado na zona Sul do Rio de Janeiro, o primeiro no que se aplicou a política.
Não obstante, a polícia de proximidade não surgiu com as atuais Unidades de Polícia Pacificadora das favelas. A necessidade de integrar polícia e população favelada através de ações colaborativas já tinha sido trabalhadas anteriormente através de dois programas: o Grupo de Aplicação Prático Escolar (GAPE) e os Grupos de Policia em Áreas Especiais (GPAEs), completamente novos para a PM. Nenhum teve continuidade.
Foram lançados no primeiro mandato de Leonel Brizola como governador do Rio de Janeiro, em 1983. Uma de suas prioridades foi tentar romper a lógica repressiva da ditadura militar, reconhecendo novos direitos humanos, opostos à violência policial. Isto levou a uma forte polarização da política de segurança pública. De um lado, os defensores do “discurso social”; de outro, os do “discurso de repressão”. Ante esta política de segurança pública, surge um novo conceito: a Política Pública de Segurança, que entende a pressão social e as ações de integração social como abordagens compatíveis, que contempla a ideia de “processo” e constiu-se, portanto, em contraponto às lógicas do extermínio e do conflito, tão arraigadas na PM. Assim, o desenho e planificação das UPPs, terceira tentativa de pacificação das comunidades, buscava, por primeira vez, uma política interdisciplinar que integrasse as políticas públicas de segurança com outras políticas de acesso a cidadania. Uma gestão integrada do território pacificado. Trata-se de uma transição das políticas de segurança pública para as políticas públicas de segurança. (5)
As UPPs fazem parte desse processo histórico. São construídas sob forte oposição, que parte de uma Polícia Militar com um histórico brutal de violência, treinada sob uma lógica de guerra e combate ao inimigo, atuando como fonte de reprodução de uma estrutura de significados, mas num entorno no qual se debatem vivamente novas formas de polícia comunitária através do tratamento da segurança como uma política pública, integradora. Devido a esse delicado equilíbrio no que se constituem as UPPs, seus objetivos como parte de uma política integradora devem ficar claramente demarcados; seria um retrocesso que acabem se transformando em atores políticos de base, na representação absoluta do Estado dentro das comunidades, correndo o risco de que sua gestão adquira traços totalitários no processo de democratização das relações sociais. A PM ainda está sujeita a uma ordem estatal, e não a uma ordem civil. A polícia enxerga a si mesma como extirpadora de conflitos e não como produtora de soluções — o que dificulta a interação com uma polícia comunitária e a transição de uma ordem repressiva para uma ordem preventiva. Assim, as UPPs constituiriam um “fato histórico” (1) que, em certo sentido, desafia a estrutura de significados construída pela corporação Polícia Militar.
A questão que surge é: como uma pacificação realizada num enfrentamento direto vai conseguir apropriar-se dos mecanismos característicos da polícia de proximidade nas favelas? Pois se entendemos as UPPs como um evento, este estará atrelado de forma indissociável a uma estrutura de significados que lhe precede, relacionando-se com esta de forma dialética. (4)
As UPPs constituem-se, portanto, como um modelo que permite integrar presente e passado através da manipulação de signos. Os próximos passos serão os mais delicados para esta política de segurança, monitorada pelo olhar internacional durante os grandes eventos — os que determinarão se a pacificação pode ser utilizada para conferir novos significados sobre a Polícia Militar ou se, na triste oposição, servirão só para reforçar as antigas formas de definir a realidade das práticas policiais.
TEXTO 3

Líder comunitário diz que UPP sozinha não resolve problema das favelas do Rio



Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil Edição: Davi Oliveira
O governo do estado do Rio de Janeiro está perdendo a oportunidade de retomar de forma definitiva os territórios historicamente controlados por facções criminosas armadas. A avaliação é de Roberto Borges, presidente da Associação de Moradores da Nova Brasília, que integra o Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro -Dois  blindados da Marinha pilotados por fuzileiros navais que foram usados na ocupação do complexo do Alemão levam jornalistas pelas ruas da favela e rotas de fuga na pedra do sapo que foi utilizada
Seis policiais já morreram nos complexos do Alemão e da Penha desde que foram implantadas UPPsValter Campanato/Agência Brasil

Na noite de ontem (6), o policial militar Rodrigo de Souza Paes Leme, de 33 anos, da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Nova Brasília, foi baleado quando fazia um patrulhamento na comunidade. Essa foi a sexta morte de policiais nos complexos do Alemão e da Penha desde que foram implantadas UPPs nessas favelas. Também morreu o policial militar baleado na comunidade da Vila Cruzeiro, depois de uma semana internado em hospital.

Saiba Mais


“A UPP sozinha não vai resolver o problema público de décadas. Cadê o resto do complemento que o governador prometeu ao Complexo do Alemão? A urbanização, a educação melhor, a saúde? O PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] fez o teleférico, que não era nossa prioridade, e algumas coisas no entorno, mas no interior do Complexo do Alemão está pior. Os moradores estão morando pior do que antes, há ruas sem calçamento, o esgoto corre a céu aberto, tem famílias vivendo abaixo da linha da pobreza”, disse Borges.
Questionado sobre se ainda existiam muitos criminosos armados atuando na comunidade, o presidente da associação de moradores disse que não queria responder. “Sobre isso eu não quero falar. Eu falo sobre a questão social. Sobre segurança, eu não estou dando minha opinião”, disse.
O vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, disse que não dá para resolver um “abandono de 40 anos” em quatro anos. “Não temos a utopia de que vencemos a guerra. É um processo, tem que ter pelo menos uns 20 anos de intervenções lá dentro, permanentemente”, disse.
Segundo ele, o PAC ainda não foi concluído no Complexo do Alemão e, por isso, ainda há muitas obras previstas para o conjunto de favelas. “Até o meio do ano, vamos entregar mais 300 moradias e dar início a mais 1.600, só no Complexo do Alemão. Estamos vencendo paulatinamente, conseguindo terrenos, fazendo infraestruturas. A gente não saiu de lá e vamos continuar a fazer diversas intervenções que estão previstas”
Pezão disse que a previsão é concluir o PAC em um ano. Ele também defendeu o teleférico, ressaltando que é importante porque já transportou 9 milhões de pessoas desde que foi inaugurado, inclusive turistas. “Isso está possibilitando abrir um comércio forte no local”, disse. 
TEXTO 3 
LEIA O CASO AMARILDO AQUI...
http://noticias.terra.com.br/brasil/cidades/amarildo-a-historia-do-pedreiro-desaparecido-apos-ser-detido-em-upp,7f0a8e609df20410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

NÃO É PRECISO LER ESTE PRÓXIMO LINK
MAS SE QUISER ...ELE É DIDÁTICO POIS APRESENTA EM ITENS OS PROBLEMAS MAIS GRAVES DAS UPPS