sábado, 11 de outubro de 2014

PROPOSTA DE REDAÇÃO: OS SELFIES. SUSPENSA

NÃO FAÇAM ESTA PROPOSTA AINDA. VOU MELHORÁ-LA. DEU DEFEITO

"Ela não anda, ela desfila, é top, capa de revista. É a mais mais, 
ela arrasa no look. Tira foto no espelho pra postar no Facebook"

Leia toda a coletânea .Escreva um texto dissertativo argumentativo no qual você busque analisar se é possível escapar à necessidade de fazer os selfies. Deve-se considerar que ele faz parte do cotidiano de quem usa as redes sociais e que ele pode promover profissionalmente a imagem dos indivíduos.
TEXTO 1
O funk “Ela é Top”, de MC Bola, onipresente nas pistas brasileiras desde abril do ano passado, descreve uma típica garota carioca, de formas, gestuais e vestuário superlativos, que, não contente em chamar a atenção por onde passa, registra todos os seus provocantes trajes em fotos e os posta nas redes sociais. Tamanho sucesso tem explicação óbvia, além do ritmo pegajoso e hipnotizante. O hábito da musa de MC Bola é adotado por milhões de pessoas, homens e mulheres que, desde a mais tenra idade, numa viagem um tanto inconsequente e com altas doses de carência, diversão e despreocupação, abrem mão da privacidade e compartilham sua rotina e intimidade nas redes sociais, numa exposição sem limites e repleta de riscos. Até o presidente dos Estados Unidos embarcou nessa onda egocêntrica. Na terça-feira 10, Barack Obama, o primeiro ministro britânico, David Cameron, e a premiê da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt, ganharam a atenção do mundo ao registrarem um polêmico autorretrato pelo celular durante o funeral do líder africano Nelson Mandela.



TEXTO 2
O espetáculo – diz Debord – consiste na multiplicação de ícones e imagens, principalmente através dos meios de comunicação de massa, mas também dos rituais políticos, religiosos e hábitos de consumo, de tudo aquilo que falta à vida real do homem comum: celebridades, atores, políticos, personalidades, gurus, mensagens publicitárias – tudo transmite uma sensação de permanente aventura, felicidade, grandiosidade e ousadia. O espetáculo é a aparência que confere integridade e sentido a uma sociedade esfacelada e dividida. É a forma mais elaborada de uma sociedade que desenvolveu ao extremo o ‘fetichismo da mercadoria’ (felicidade identifica-se a consumo). Os meios de comunicação de massa – diz Debord – são apenas ‘a manifestação superficial mais esmagadora da sociedade do espetáculo, que faz do indivíduo um ser infeliz, anônimo e solitário em meio à massa de consumidores’".

Desta maneira, as relações entre as pessoas transformam-se em imagens e espetáculo. "O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens", argumenta Debord. O consumo e a imagem ocupam o lugar que antes era do diálogo pessoal, através da TV e os outros meios de comunicação de massa, publicidades de automóveis, marcas etc. e produz o isolamento e a separação social entre os seres humanos. Por exemplo, a questão da droga será tratada na TV (algumas telenovelas brasileiras mais recentes abordaram tal assunto), e não no seio familiar. Ocorre aí uma devastadora inversão da noção de valores. O espetáculo se constitui a realidade e a realidade o espetáculo. Já não se tem um limite definido para as coisas''.http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/a-sociedade-do-espetaculo
MAIS
Num desdobramento, este esquema perpassa toda a programação da televisão, principalmente no horário noturno. O esquema é o seguinte: um programa alicerçado no real (noticiário, documentário, grandes reportagens) e em seguida outro no reino da ficção (novelas, filmes etc.), e por aí vai se alternando. Debord, enfaticamente, observa que esta imagem manipulada da realidade pelos meios de comunicação de massa faz com que o reino das emoções (raiva, felicidade etc.), assim como a justiça, a paz e a solidariedade, sejam apresentadas como espetáculo. Os meios de comunicação de massa criam a partir daí uma realidade própria para que a sociedade se solidarize e crie novos critérios de julgamento e justiça conforme seus conceitos manipuladores.
Estas novas tecnologias no campo da informação agem na capacidade de percepção dos indivíduos e dificultam a representação do mundo pelas atuais categorias mentais. A sociedade transforma-se numa sociedade do espetáculo, na qual a contínua reprodução da cultura é feita pela proliferação de imagens e mensagens dos mais variados tipos. A conseqüência é uma vida contemporânea super-exposta e invadida pelas imagens, operacionalizando um novo tipo de experiência humana, caracterizada por um modo de percepção que torna cada vez mais difícil separar-se ficção de realidade.
A mídia, principalmente a televisiva, passa então a atuar de maneira decisiva na definição das agendas e dos temas que norteiam todo o processo cultural e social relevantes. Como observa Debord, "o conceito de espetáculo unifica e explica uma grande diversidade de fenômenos aparentes. Sua diversidade e contrastes são as aparências dessa aparência organizada socialmente, que deve ser reconhecida em sua verdade geral. Considerado de acordo com seus próprios termos, o espetáculo é a afirmação da aparência e a afirmação de toda a vida – isto é, social – como simples aparência. Mas a crítica que atinge a verdade do espetáculo o descobre como a negação visível da vida; como negação da vida que se tornou visível".http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/a-sociedade-do-espetaculo
TEXTO 3
As redes sociais, conforme já mencionado, tem se tornado um meio 
cada vez mais eficiente para as pessoas se exibirem e, para tanto, um 
elemento adquire importância: o selfie (autorretrato). Definido pelo dicionário 
Oxford como uma foto tirada de si mesmo – geralmente através de smartphone
ou webcam e publicada em uma rede social –, o termo selfie surgiu em 
setembro de 2002, em um fórum de discussão. 
O culto à própria imagem torna-se mais perceptível a partir da exibição 
de selfies. Muitos acreditam que a condição essencial para fazer parte da 
sociedade é atualizar constantemente o seu autorretrato, visando a sua 
superexibição. Segundo Sibilia (apud SPREJER; KAZ; 2013, p. 34), “o que 
vemos é a legitimação de um discurso centrado no próprio exibicionismo, que 
antes era limitado por barreiras como o pudor e a censura ao mau gosto.”
Atualmente, parece que o sujeito vive do seu próprio espetáculo. Para 
Debord (1997, p. 14), o espetáculo “não é um conjunto de imagens, mas uma 
relação social entre pessoas, mediada por imagens.” Ou seja, as relações 
cotidianas desse sujeito são substituídas por representações. “Tudo o que era 
vivido diretamente tornou-se uma representação” (DEBORD, 1997, p. 13). O 
indivíduo se representa tal como seus membros (da rede social) creem que ele 
é ou deveria ser. 
(...)
Dessa forma, uma experiência não faz sentido se ela não for registrada, 
se ela não for compartilhada com o outro. O indivíduo “somente” passa a existir 
se os outros os virem e se ele gerar uma repercussão na rede social. Daí a 
ênfase dada ao selfie. Este tem sido cada vez mais popularizado “com a 
invenção dos celulares e tablets com câmeras dos dois lados, em que a pessoa 
pode se ver na tela enquanto fotografa.” (SPREJER; KAZ; 2013, p. 34). Além 
disso, sua proliferação tem relação com o narcisismo desenfreado da 
contemporaneidade. 
A palavra "imagem", em psicanálise, está ligada à relação do sujeito com 
as identificações que formam o “eu”. Freud (1914) problematizou essa relação 
através da “Teoria do Narcisismo”. O conceito de “Narcisismo” é bastante 
amplo e complexo. Portanto, ele aqui será compreendido como “a ideia de um 
originário investimento libidinal do eu.” (FREUD, 2010, p. 17). Em outras 
palavras, o narcisismo enquanto o amor que o indivíduo tem pela imagem de si 
mesmo, sentindo-se completo, onipotente, sem faltas, como se pudesse dizer: 
“eu sou autossuficiente”.
Na contemporaneidade, o narcisismo se instala marcando a fragilidade 
do "eu" e a obsessão do indivíduo consigo mesmo. Os usuários do Facebook 
tendem a expor as suas “identidades midiáticas” exaltando imagens perfeitas 
de si mesmos e evitando compartilhar aquelas mais modestas. O que se 
percebe é, ao mesmo tempo, certa idolatria e certa vontade de aparecer na 
rede social. Por isso, nas redes sociais, o culto.
texto 4
– Quando se faz uma selfie em um velório, a pessoa está mostrando que está antenada, atualizada, que está ali na despedida de uma pessoa famosa. Então ela faz 10 fotos para escolher a que ficou melhor. Em primeiro plano está a pessoa, não o morto. Isso expressa uma enorme carga de narcisismo, porque o morto não interessa – analisa Lana, que também é professora do curso de medicina da Universidade Federal do Piauí.
Diante dessa espetacularização do cotidiano, ser feliz (e, principalmente, mostrar que está feliz) virou uma obrigação. Como consequência, pesquisadores observam uma dificuldade social crescente em lidar com a tristeza e com o luto. Sucesso é ostentar alegria permanente nas redes sociais – mesmo que o sorriso só dure o tempo do clique. Confrontados com o imperativo da felicidade, tendemos a fugir da dor e do silêncio que permitiria reflexões mais profundas.
– Isto abre as portas para a “negação da morte”, o que leva muitas destas  pessoas a se comportarem como se o fato não tivesse realmente acontecido e mergulharem numa lógica delirante,  legitimada quase sempre por rígidos preceitos religiosos, para não ter que se defrontar com o que se poderia chamar de horror da perda – avalia o professor Jorge Coelho Soares, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/proa/noticia/2014/08/por-que-a-relacao-contemporanea-com-a-morte-passa-pelo-espetaculo-4581492.html

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