Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos
conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto
dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa sobre o
tema ‘’Torcidas Organizadas, o futebol sob a mira da violência’’, apresentando
experiência ou proposta de ação social, que respeite os direitos
humanos.Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos
e fatos para defesa de seu ponto de vista.
INSTRUÇÕES:
‡ Seu texto tem de ser escrito à tinta, na folha própria.
Desenvolva seu texto em prosa: não redija narração, nem poema.O texto com até 7
(sete) linhas escritas será considerado texto em branco. O texto deve ter, no
máximo, 30 linhas. O Rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
Texto 1
Há poucos anos, a simples menção ao termo “torcida organizada”
remetia automaticamente ao sentido de violência. O que a maioria das pessoas
desconhece é o fato de que a primeira torcida organizada no Brasil foi
feminina. Exatamente: No início das atuações do Atlético Mineiro, as mulheres
iam aos estádios com bandeirinhas uniformizadas para acompanhar seus maridos. É
obvio que nessa época a violência nem passava perto do estádio, o que significa
que torcida organizada não é e não deve ser sinônimo de violência.
Aos poucos, torcedores passaram a agrupar, no sentido de
organizar as torcidas para acompanharem seus times nos estádios. A primeira
manifestação desse tipo – a exceção das mulheres portadoras de bandeirinhas –
corresponde ao São Paulo Futebol Clube, em 1939. Logo em seguida, o
Internacional, no Rio Grande do Sul, e o Fluminense, no Rio de Janeiro, também
adotaram esse modelo.
Nesse sentido, nos moldes mais recentes, torcida organizada é
definida como um grupo de torcedores que acompanham constantemente os times
durante suas partidas no estádio, e se vestem e se comportam de maneira
coletiva. É bastante óbvio que, inserido em universo capitalista e comportando
um grande número de torcedores, os times e as associações responsáveis pelas torcidas
organizadas passaram a comercializar produtos referentes aos times a um alto
custo, fato que torna a massa das torcidas organizadas um meio altamente
lucrativo.
Mas foi na década de 90 do século XX que as torcidas atuaram em
episódios de extrema violência coletiva: casos de mortes eram constantemente
relatados após os términos das partidas, quando as torcidas se encontravam.
Ainda que muitas pessoas acreditassem que esse fosse um problema restrito às
grandes cidades brasileiras, os hooligans, na Inglaterra, são um excelente
exemplo de que o fanatismo esportivo está longe de ser característica
tipicamente brasileira.
Em todo caso, brasileira ou não, a violência precisava ser
combatida com políticas eficientes para esse propósito. E foi. O medo de ir ao estádio,
nas grandes cidades, ainda ronda a maioria das pessoas. Porém, as organizadoras
dos campeonatos têm oferecido melhores condições estruturais para os
torcedores, além de incorporar iniciativas em conjunto com a Polícia Militar,
para assegurar a entrada e saída dos torcedores. Fato que têm apresentado
melhorias consideráveis na organização dos estádios e que, por consequência,
permite maior segurança para os torcedores acompanharem os seus times de perto.
Por Paula Rondinelli
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/torcidas-organizadas.htm
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP
http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/torcidas-organizadas.htm
Texto 2
O futebol é a modalidade esportiva mais popular em quase todo o mundo.
Mais do que um esporte, é uma representação da cultura coletiva. Em países como
o Brasil, então, nem se fala. É coletivo e apaixonante. E, como sabemos, a
paixão tudo exacerba, tudo acentua, para o ‘bem’, ou para o ‘mal’.",
explica. O segundo lugar na lista fica com a Argentina, com sete mortes até
julho deste ano, e o terceiro, com a Itália, que tem cinco mortes no mesmo
período.
Estatísticas comprovam que atos de violência relacionados ao futebol são
praticados por cerca de 5% dos torcedores, segundo diz o pesquisador. E estes
5% são relativos às torcidas organizadas, e não ao número total de torcedores,
o que afasta ainda mais a ideia de que o futebol provoca a violência.
Contudo, os números de crimes dos últimos anos não negam a existência do
problema nesse meio. Em seu livro “A violência e o futebol: Dos estudos
clássicos aos dias de hoje”, um produto do estudo, lançado em 2007, Murad
explica que as preocupações com relação à violência devem ser principalmente
direcionadas a determinados grupos infiltrados nesses coletivos de torcida;
“Uma minoria perigosa, armada, treinada e, pior, articulada com outras “
tribos” urbanas envolvidas com distintas práticas de violência”, como tráfico
de drogas, de armas, entre outros.
Dessa forma, a simples punição das torcidas por determinados crimes não
atinge, de fato, o criminoso. “No âmbito cível, as torcidas, enquanto
coletivos, podem ser alcançadas pela figura da responsabilidade solidária”,
afirma o pesquisador, em entrevista concedida ao G1. Entretanto, ele explica, como reflexo dos problemas sociais, a
violência entre torcedores deve ser abordado antes mesmo de chegar até as
torcidas organizadas. “É preciso desenvolver um plano estratégico nacional, com
medidas interligadas de curto, médio, e longo prazos; medidas de repressão,
prevenção e reeducação”, conclui o sociólogo, que lançou, no ano passado, o
livro "A violência no futebol", que atualiza os dados da pesquisa e
traz novas reflexões sobre o assunto.
texto 3
que
fazer com as torcidas organizadas? Se a violência nos estádios pode estar
relacionada a elas, deve-se ter cuidado ao pregar a extinção dessas
instituições, que, afinal de contas, são atores políticos parte da cultura do
nosso futebol. É o que afirma o pesquisador da Unicamp Felipe Lopes, que estuda
políticas públicas de segurança voltadas à prevenção da violência no futebol.
Para ele, apenas uma minoria dos torcedores organizados se envolve em atos
violentos, e a impunidade nesses casos é a principal causa do problema. Confira
a entrevista exclusiva do FOXSports.com.br com o pesquisador.
FOXSports.com.br:
Como as torcidas organizadas surgiram no Brasil?
Felipe
Lopes: Nos
anos 40, as chamadas charangas não tinham a configuração das torcidas
organizadas atuais. Elas surgem num determinado momento histórico e estavam
muito vinculadas a um determinado figurão, alguém de grande prestígio junto à
imprensa e ao clube, e elas tinham basicamente um caráter chapa-branca. As que
a gente conhece hoje surgem no fim da década de 60. Aqui em São Paulo surgiu
com a Gaviões, em seguida a Independente, e elas nascem com um caráter bastante
politico. A Gaviões nasce em 69 com o objetivo de derrubar o Wadih Helu, o
presidente da época, e democratizar o clube. Entre os fundadores da Gaviões,
tinha muita gente da Universidade de São Paulo e vários faziam parte de
movimentos de esquerda.
DENTRO DAS
ORGANIZADAS, É UMA MINORIA QUE SE ENVOLVE NESSAS CONFUSÕES
O que
deve ser feito para resolver o problema da violência nos estádios?
Para abordar o problema das torcidas
organizadas, não devemos trabalhar com estigmas, porque isso só leva a solução
injustas. Tem uma série de estudos que indicam que torcedores não organizados
também se envolvem em atos violentos. Dentro das organizadas, é uma minoria que
se envolve nessas confusões. Não
pode se fazer nenhum tipo de generalização. A primeira coisa é pensar a
violência de forma que a reflexão não seja ela mesma violenta. O grande desafio
é que você consiga oferecer segurança no estádio de tal modo que você não leve
necessariamente a um outro tipo de violência estrutural. Muitas vezes, a medida
estigmatiza um determinado grupo, retira a liberdade do cidadão. Precisamos ter
um debate democrático sobre o assunto.
A IMPUNIDADE
DIMINUIRIA A VIOLÊNCIA E NISSO O ESTADO TEM UMA RESPONSABILIDADE ENORME
Mas na
prática o que pode ser feito?
A impunidade diminuiria a violência e nisso
o Estado tem uma responsabilidade enorme. A legislação prevê uma série de
coisas que poderiam ser aplicadas. Diversos conflitos entre torcidas acontecem
por motivo de vingança. Quando o Estado não faz esse papel de punir, outros
grupos assumem isso. A mídia também tem uma participação nesses eventos. Ela
não mata, concretamente, mas ajuda que a violência ocorra. Na Inglaterra, até
os anos 60, a violência tinha pouca exposição pública. A partir de 66, na Copa
da Inglaterra, os grandes jornais ingleses começam a mandar repórter não só
para cobrir o que acontecia dentro de campo, mas também nas arquibancadas.
Quando você manda um repórter para cobrir a violência nas arquibancadas, tudo
isso ganha visibilidade. Essa grande visibilidade junto com o tratamento
sensacionalista que recebia, acabou servindo para uma construção discursiva dos
estádios como um lugar ocupado só por vândalos, bandidos. Isso contribui para
chamar pessoas a fim de brigar para esses lugares. Outro dia eu vi na
mídia brasileira algo que não acontece mais na Inglaterra: um ranking de
torcidas que mais matam. Isso serve como um troféu para esses pequenos grupos
que se envolvem em ações violentas e também como dispositivo de vingança. As
soluções passam por todos os setores, dada a complexidade do problema.
O PRÓPRIO ESTÁDIO
NÃO CONSEGUE RESOLVER A QUESTÃO DA SEGURANÇA E QUER PRIVATIZAR ISSO
A
torcida organizada em si é necessariamente violenta?
A torcida organizada tem uma minoria que se
envolve em atos violentos, como existe fora das organizadas e em toda sociedade
brasileira. Eu conheço vários dirigentes de organizadas e o discurso de parte
muito significativa deles é contrario à violência, porque eles sabem muito bem
que esse tipo de ação prejudica a imagem deles. Essa ideia de que toda
liderança de torcida é violenta é abusiva e embasada numa serie de
estereótipos. Imagina para a Gaviões, com 100 mil associados, ter um controle
do comportamento dos torcedores. O próprio estádio não consegue resolver a
questão da segurança e quer privatizar isso.
O
comportamento violento dessa minoria é incitado pelo grupo?
Quais seriam algumas das motivações
possíveis para a violência? Uma delas é o status. A violência oferece status
para a pessoa que age violentamente diante de outros integrantes que também
agem violentamente. Outra explicação é que a violência tem um elemento de
prazer muito intenso. Sobretudo se você teve uma trajetória onde esse tipo de
pratica é visto positivamente. Ainda mais se você não oferece nenhum tipo de
lazer ou canalização desse tipo de agressividade.
Qual é
o papel da violência dentro da torcida organizada?
A violência está muito vinculada com um
princípio de masculinidade, muito forte no esporte, sobretudo no futebol. Tem
uma expressão recorrente nas torcidas espanholas e sul-americanas, que é “Hay
que tener aguante”: é preciso aguentar a cachaça, os times na pior situação e
aguentar também a porrada. Essa violência tem uma vinculação estreita com um
princípio de virilidade nas torcidas, mas não só nas torcidas, em toda a
sociedade. E a mídia reforça sistematicamente um determinado tipo de
masculinidade normativa.
Qual é
o perfil do torcedor da torcida organizada?
Tem uma pesquisa muito grande da professora
Heloisa Reis que estuda os jovens torcedores organizados do Estado de São
Paulo. Tem uma porcentagem muito grande com ensino superior completo, uma parte
significativa de torcedores que moram com suas famílias e são financeiramente
responsáveis por ela.
http://www.foxsports.com.br/noticias/93123-a-culpa-da-violencia-nao-e-so-das-torcidas-organizadas-diz-pesquisador
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