domingo, 28 de dezembro de 2014

Proposta para a Fuvest. Progresso científico .

Creio que o exagero da atitude puramente intelectual, orientando, muitas vezes, a nossa educação, em ordem exclusiva ao real e à prática, contribuiu para pôr em perigo os valores éticos. Não penso propriamente nos perigos que o progresso técnico trouxe directamente aos homens, mas antes no excesso e confusão de considerações humanas recíprocas, assentes num pensamento essencialmente orientado pelos interesses práticos que vem embotando as relações humanas. Albert Einstein

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Um autor célebre, calculando os bens e os males da vida humana, e comparando as duas somas, achou que a última ultrapassa muito a primeira, e que tomando o conjunto, a vida era para o homem um péssimo presente. Não fiquei surpreendido com a conclusão; ele tirou todos os seus raciocínios da constituição do homem civilizado. Se subisse até ao homem natural, pode-se julgar que encontraria resultados muito diferentes; porque perceberia que o homem só tem os males que se criou para si mesmo, o que à natureza se faria justiça. Não foi fácil chegarmos a ser tão desgraçados. Quando, de um lado, consideramos o imenso trabalho dos homens, tantas ciências profundas, tantas artes inventadas, tantas forças empregadas, abismos entulhados, montanhas arrasadas, rochedos quebrados, rios tornados navegáveis, terras arroteadas, lagos cavados, pantanais dissecados, construções enormes elevadas sobre a terra, o mar coberto de navios e marinheiros, e quando, olhando do outro lado, procuramos, meditando um pouco as verdadeiras vantagens que resultaram de tudo isso para a felicidade da espécie humana, só nos podemos impressionar com a espantosa desproporção que reina entre essas coisas, e deplorar a cegueira do homem, que, para nutrir o seu orgulho louco, não sei que vã admiração de si mesmo, o faz correr ardorosamente para todas as misérias de que é susceptível e que a benfazeja natureza havia tomado cuidado em afastar dele. 
Os homens são maus, uma triste e contínua experiência dispensa a prova; entretanto, o homem é naturalmente bom, creio havê-lo demonstrado. Que será, pois, que o pode ter depravado a esse ponto, senão as mudanças sobrevindas na sua constituição, os progressos que fez e os conhecimentos que adquiriu? Que se admire quanto se queira a sociedade humana, não será menos verdade que ela conduz necessariamente os homens a se odiarem entre si à proporção do crescimento dos seus interesses, a se retribuir mutuamente serviços aparentes, e a se fazer efectivamente todos os males imagináveis. Que se pode pensar de um comércio em que a razão de cada particular lhe dita máximas directamente Não há um navio no mar cujo naufrágio não constituísse uma boa notícia para algum negociante; uma só casa que um devedor de má fé não quisesse ver queimada com todos os documentos; um só povo que não se regozijasse com os desastres dos vizinhos. É assim que tiramos vantagens do prejuízo dos nossos semelhantes, e que a perda de um faz quase sempre a prosperidade do outro. Mas, o que há de mais perigoso ainda é que as calamidades públicas são a expectativa e a esperança de uma multidão de particulares: uns querem as moléstias, outros, a mortalidade; outros, a guerra; outros, a fome.  Rousseau
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‘’Inquestionavelmente, o progresso científico e tecnológico tem gerado, a longo prazo, muitos benefícios aos países industrializados e, recentemente, para os países em desenvolvimento. A evidência mais flagrante nos países industrializados dessa ocorrência é a renda per capita ter aumentado quase dez vezes no espaço de dois séculos. Além disso, tal indicativo puramente quantitativo não dá idéia dos benefícios individuais e coletivos que acompanharam esse enorme aumento de renda: vida mais longa, menor mortalidade infantil, erradicação de certas doenças, nível de educação mais alto, meios de comunicação mais rápidos, melhores condições de vida e de trabalho, maior proteção social, maiores oportunidades de lazer etc. Onde quer que as desigualdades persistam, e embora ainda possam ser encontrados grandes (e algumas vezes crescentes) bolsões de pobreza nos paísesricos, o nível geral de progresso material é manifestamente positivo. Tudo isso é mais uma razão para se tentar melhorar a situação corrente da maioria dos países em desenvolvimento, cujas condições são tais que os benefícios do progresso científico e tecnológico não podem contribuir para o seu desenvolvimento de igual maneira, nos mesmos nível e rapidez.
Essa interpretação do progresso técnico a única objetiva decorre das cifras escolhidas pelos economistas com o propósito de calcular o crescimento do Produto Interno Bruto e da produtividade. Podem levar a conclusões irrefutáveis a respeito da qualidade e dos padrões de vida em uma abordagem econômica, o que já é resultado decisivo. Essa abordagem, porém, não vai além de fatos quantitativos sobre produção, consumo, semana de trabalho, saúde e higiene, expectativa de vida. Tão logo assumimos visão mais abrangente, o saldo do progresso revela-se mais ambíguo e torna-se um tema de reações e de convicções subjetivas. Nossos indicadores econômicos são quase incapazes de medir o custo social e os prejuízos (por exemplo, para o meio-ambiente) associados ao crescimento econômico e ao progresso técnico. Mas também são incapazes de avaliar todo o novo conhecimento e know-how técnico seguramente os produtos do progresso que têm permitido aos seres humanos estender seu conhecimento sobre a Natureza e sobre si próprios, reduzir o nível da superstição e agir mais racionalmente para atingir uma vida melhor. Certamente existem aspectos mais sombrios nessa avaliação da ciência e da tecnologia, desde corrida armamentista e existência de arsenal nuclear capaz de liquidar a humanidade, até as questões ambientais globais resultantes de um processo de industrialização que abala o futuro de toda a Terra. Ninguém pode hoje compartilhar o otimismo positivista do conceito de progresso iluminista: o caminho direto para maiores conhecimento e progresso material não leva necessariamente a caminho menos direto à felicidade e ao progresso moral’’. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141993000100002&script=sci_arttext

Proposta
Relacione os textos e escreva uma dissertação em que você se posicione a respeito do progresso científico.
Busque direcionar a sua argumentação para a seguinte questão: terá valido a pena a saga da humanidade em direção ao progresso científico e econômico?

Observação da Rose
Não deixe de considerar as idéias de Einstein e Rosseau antes de expor a sua tese.


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