sábado, 20 de setembro de 2014

EXERCÍCIOS P AULA ...ciclovia na avenida Paulista


O atual projeto da prefeitura para uma ciclovia na avenida Paulista deve ser implementado? Sim



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CHICO MACENA: IR E VIR COM MAIS SEGURANÇA
Em janeiro de 2015 fará sete anos que a ciclista Márcia Prado morreu pedalando na avenida Paulista. Na época muitos perguntaram: "O que ela estava fazendo lá? Ali não é local de bicicleta...". Um projeto para a avenida já poderia ter sido desenvolvido na reforma das calçadas realizada em 2008, mas não foi.
Durante muitos anos a Paulista virou palco de manifestações de cicloativistas e de cidadãos que defendem o direito de pedalarem com segurança e respeito.
A Paulista é um importante eixo de mobilidade da cidade. Por que, então, existe uma grande polêmica em torno dos 20 centímetros de faixa, hoje destinadas aos veículos e que, no futuro, serão utilizados para a construção da ciclovia da Paulista? Por que uma ciclovia na avenida pode ser tão interessante?
As avenidas Paulista e Bernardino de Campos permitem a interligação entre a região do Jabaquara, de Perdizes, da Lapa, de Pinheiros, do Pacaembu e as ciclovias do centro. Um eixo equivalente ao Norte-Sul ou Leste-Oeste. Esse eixo que contempla as universidades, equipamentos culturais e de serviços é composto de outros polos de atração e geração de viagens de todo e qualquer tipo de transporte, inclusive o de bicicletas.
As bicicletas já estão na avenida Paulista. A Pesquisa Origem e Destino de 2007, já indicava que a região gerava quase 2.000 viagens de bicicletas por dia. Se somar as zonas da pesquisa de 2007 ao longo desse eixo, o potencial de geração de viagens de bicicleta sobe para 10 mil. E um único dia em 2010, no cruzamento da Paulista com a avenida Brigadeiro Luís Antônio, passaram 733 ciclistas.
Desde os anos 1980, estudos vêm sendo feitos para demonstrar a necessidade das ciclovias na cidade. Em 2007, a cidade institucionalizou a demanda, por meio da lei nº 14.266, de minha autoria, que criou o Sistema Cicloviário do Município de São Paulo. A lei determina que o "transporte por bicicletas deve ser incentivado em áreas apropriadas e abordado como modo de transporte para as atividades do cotidiano, devendo ser considerado modal efetivo na mobilidade da população".
Bem, isso demonstra que a cidade já vem pensando no assunto há pelo menos três décadas. Entretanto, só agora, na gestão do prefeito Fernando Haddad, o assunto passou a ser prioridade. Nos últimos três meses, foram implantados 70,6 km de espaços específicos e compartilhados para o trânsito de bicicletas.
O atual projeto de construção da ciclovia na avenida Paulista reforça a política de mobilidade sustentável, garante a segurança dos pedestres e é parte desse programa maior que vem sendo discutido com a sociedade e que será palco de debates na Semana da Mobilidade, ação que ocorre até esta quinta-feira (25). Portanto, o programa de ampliação do sistema cicloviário da cidade tem planejamento e estudo técnico sólido, ao passo que hoje, 88% da população se declara a favor da ampliação de ciclovias, conforme pesquisa Ibope divulgada na última quinta (18).
A gestão Fernando Haddad quer construir uma cidade que, além de proporcionar segurança e proteção aos ciclistas, incentive a demanda, promova humanização, saúde, qualidade de vida, direcionamento do desenvolvimento urbano, ocupação dos espaços públicos da cidade e a possibilidade e o prazer de ver o sol e sentir o vento.
Não se trata de delírio. A política pública de mobilidade, que inclui a construção de ciclovias, é a garantia do direito de ir e vir com mais segurança. Pesadelo é não ter uma cidade para todos.
CHICO MACENA, 52, administrador de empresas, é secretário de Governo municipal de São Paulo e autor da lei do sistema cicloviário do município
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O atual projeto da prefeitura para uma ciclovia na avenida Paulista deve ser implementado? Não


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ANDREA MATARAZZO: EXECUTIVO MUNICIPAL PERDEU O GUIDÃO
Temos assistido às ações da prefeitura para incentivar o uso da bicicleta, baseadas em tinta e pincel, sem projeto. O que os cidadãos já podiam constatar em sua vizinhança agora chega à avenida Paulista, um dos cartões postais da cidade.
Sobre este assunto adoto a seguinte premissa: sou favorável e acho importante a ciclovia como forma de equilibrar os modais de transporte, integrando-os, sem prejudicar o comércio nem transformar a cidade num caos.
Não tenho dúvidas de que a avenida Paulista pode ser objeto de estudo para receber uma ciclovia, já que liga um eixo plano da Consolação até o Jabaquara. Contudo, não estou nem um pouco convencido de que a melhor alternativa seja a retirada do canteiro central.
A Paulista possui 48 metros de largura e 2,5 km de extensão e, segundo dados da CET (Companhia de Engenharia e Tráfego), apenas a faixa de pedestres em frente ao Conjunto Nacional recebe mais de 3.000 pedestres por hora. Por toda a avenida passam 1,5 milhão de pessoas por dia e 20 mil carros por hora durante o pico da manhã.
O canteiro central exerce importante papel na segurança da travessia dos pedestres e na segregação dos sentidos por onde fluem automóveis, além de abrigar iluminação pública e floreiras que atuam como barreiras aos pedestres e tem importante função estética.
Além disso, existem na Paulista bens tombados pelo município e pelo Estado que devem ser consultados previamente. Por acaso foi estudada a possibilidade de melhorar as vias paralelas como alternativa à ciclovia ou ao trânsito?
As intervenções na avenida Paulista, estimadas em R$ 15 milhões, devem ser qualificadoras, e não degradadoras, ainda que em caráter experimental.
O caso da Paulista deve servir de reflexão: qual política pública queremos para a mobilidade? Entre 2009 e 2012 foi implementado em São Paulo o maior programa de incentivo à bicicleta existente até hoje no país: por meio da Lei Cidade Limpa (2006), viabilizou-se a cooperação com parceiros privados e, sem qualquer gasto da prefeitura, permitiu-se a publicidade institucional em troca de melhorias na infraestrutura pública.
Os projetos Bike Sampa, Ciclo Sampa e Ciclofaixa, que atendem centenas de milhares de ciclistas todas as semanas, são resultado dessa política. A prefeitura disponibiliza, em parceria, mais de 2.000 bicicletas em 200 estações, com manutenção, sinalização e mais de 100 km de ciclofaixas. Uma das primeiras ciclovias de São Paulo é de 2007, na Radial Leste.
O incentivo ao transporte por bicicletas deve vir acompanhado de ações para tornarem a cidade amiga do ciclista: bicicletários, sinalização vertical e horizontal, rotas adequadas (se possível segregadas), pavimentação decente, monitoramento do número de viagens feitas (da eficácia das ações) e priorização de áreas onde as bicicletas já são utilizadas, como no Jardim Helena.
As bicicletas, se bem incentivadas, podem contribuir para a redução do ruído urbano e da emissão de poluentes, além de despertar um hábito saudável. Há em curso na União Europeia a elaboração de uma rede com mais de 20 mil km de estradas para ciclistas, o que nos desafia a pensar algo ousado e inovador, como a ciclovia do Parque Várzeas do Tietê até Salesópolis, em implementação, que terá 175 km.
Onde estão os estudos da prefeitura para escolha das rotas? Haverá bicicletários e empréstimo de bicicletas? Como será medido o aumento das viagens feitas? Estacionamentos comerciais receberão bicicletas? O uso será compartilhado com skate e patins?
Assunto tão importante não pode ficar refém de tinta, pincel e de uma administração que perdeu o guidão faz tempo.
ANDREA MATARAZZO, 57, é vereador em São Paulo pelo PSDB. Foi secretário de Estado da Cultura de São Paulo (governo Alckmin) e secretário municipal das Subprefeituras/Serviços (gestão

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