Proposta
Elabore um parágrafo dissertativo em que, primeiro, você parafraseie em um só período a tese de Tchekhov ; segundo, dê como exemplo um escritor – pode usar os autores dos livros da Fuvest- cujo trabalho apresente as características aí expostas no primeiro período.
Bom trabalho,amiguinho.
Mande p email...ou pelo fcb. Não venha com isso para a aula...
Que o mundo «está
infestado com a escória do gênero humano» é perfeitamente verdade. A natureza
humana é imperfeita. Mas pensar que a tarefa da literatura é separar o trigo do
joio é rejeitar a própria literatura. A literatura artística é assim chamada
porque descreve a vida como realmente é. O seu objetivo é a verdade -
incondicional e honestamente. O escritor não é um confeiteiro, um negociante de
cosméticos, alguém que entretém; é um homem constrangido pela realização do seu
dever e a sua consciência. Para um químico, nada na terra é puro. Um escritor
tem de ser tão objetivo como um químico.
Parece-me que o escritor não deveria tentar resolver questões como a existência de Deus, pessimismo, etc. A sua função é descrever aqueles que falam, ou pensam, acerca de Deus e do pessimismo, como e em que circunstâncias. O artista não deveria ser juiz dos seus personagens e das suas conversas, mas apenas um observador imparcial.
Parece-me que o escritor não deveria tentar resolver questões como a existência de Deus, pessimismo, etc. A sua função é descrever aqueles que falam, ou pensam, acerca de Deus e do pessimismo, como e em que circunstâncias. O artista não deveria ser juiz dos seus personagens e das suas conversas, mas apenas um observador imparcial.
Têm razão em exigir que um artista deva ter uma
atitude inteligente em relação ao seu trabalho, mas confundem duas coisas:
resolver um problema e enunciar corretamente um problema. Para o artista, só a
segunda cláusula é obrigatória.
Acusam-me de ser objetivo, chamando-lhe indiferença em relação ao bem e ao mal, falta de ideias e ideais, etc. Querem que, ao descrever ladrões de cavalos, diga: «Roubar cavalos é mau». Mas isso é sabido há séculos sem que eu tenha de o dizer. Deixem que um júri os julgue; a minha tarefa é simplesmente mostrar que gênero de pessoas são. Escrevo: estão a lidar com ladrões de cavalos e, assim, deixem-me dizer-lhes que não são mendigos, mas gente bem alimentada que segue um culto especial e que roubar cavalos não é simplesmente roubo, mas uma paixão. Claro que seria agradável combinar arte com sermões, mas, quanto a mim, é impossível por questões técnicas. Para descrever ladrões de cavalos em setecentas linhas, tenho de falar, pensar e sentir à maneira deles. De outro modo, a história não será tão compacta como os contos deveriam ser. Quando escrevo, conto inteiramente com o leitor para que este acrescente os elementos subjetivo que faltam na história.
Anton Tchekhov, in "Cartas"Tema(s): Escrita
Acusam-me de ser objetivo, chamando-lhe indiferença em relação ao bem e ao mal, falta de ideias e ideais, etc. Querem que, ao descrever ladrões de cavalos, diga: «Roubar cavalos é mau». Mas isso é sabido há séculos sem que eu tenha de o dizer. Deixem que um júri os julgue; a minha tarefa é simplesmente mostrar que gênero de pessoas são. Escrevo: estão a lidar com ladrões de cavalos e, assim, deixem-me dizer-lhes que não são mendigos, mas gente bem alimentada que segue um culto especial e que roubar cavalos não é simplesmente roubo, mas uma paixão. Claro que seria agradável combinar arte com sermões, mas, quanto a mim, é impossível por questões técnicas. Para descrever ladrões de cavalos em setecentas linhas, tenho de falar, pensar e sentir à maneira deles. De outro modo, a história não será tão compacta como os contos deveriam ser. Quando escrevo, conto inteiramente com o leitor para que este acrescente os elementos subjetivo que faltam na história.
Anton Tchekhov, in "Cartas"Tema(s): Escrita
FONTE: O CITADOR, SITE PORTUGUÊS.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Se tiver dúvida, pergunte.