"A esperança dos promotores da greve não é a de que o empregador, com a empresa parada, tente evitar a ruína satisfazendo a reivindicação; é a de que o cidadão, privado de coisas de que absolutamente necessita, exija do Estado a reposição da normalidade."Fonte - Diário Económico .
tEXTO 1 A
Às vezes lembro-me de uma história que o prof. Moreno, da época do cursinho, costumava contar em aula sobre uma tal ladeira do Amendoim. Conta ele que estava naquelas conversas de elevador em que um sujeito, espantado, falava-lhe sobre uma nova descoberta: uma ladeira no Ceará (ou lomba, para os gaúchos) a qual tinha a incrível habilidade de fazer com que os objetos jogados nela subissem, em vez de descer. Imagino a cara incrédula do professor, de quem pensa que não há como convencer alguém que não há como existir uma ladeira que contrarie as leis da gravidade: às vezes eu fico com a mesma cara quando tento expor meus argumentos sobre a greve dos professores para algum aluno que seja a favor dela.
Perdoem-me a arrogância do parágrafo acima, mas até o momento nenhum argumento (e olha que já escutei muitos!) convenceu-me a modificar minha opinião. E a arrogância provém do fato das agressões que venho recebendo de cerca de dez por cento dos alunos a favor da greve, que sempre vêm me passando um xalalá distorcendo meus preceitos morais: “Então tu és um reacionário! Tu és contra a educação brasileira!Tu és a favor de continuar pagando uma miséria aos mestres!”. Os outros noventa por cento são mais sutis: falam a mesma coisa, porém não na minha frente. Alguns deles, por serem meus amigos, são muitas vezes ingênuos: acreditam na história que estão os contando, e, por serem a favor da causa, são a favor greve.
Acontece que o problema é justamente esse: a mania populista de dicotomizar o mundo. Ou tu és a favor da greve por ser a favor da causa, ou tu és contra a greve por ser contra a causa. Poxa, mas algum aluno em sã consciência tem a cara-de-pau de ser contra melhores salários para os professores, melhores condições de trabalho, melhores condições de ensino? Posso estar muitíssimo enganado, mas acredito que não hajanenhum! E por nenhum (espero que todos tenham a capacidade de entender isso), quero dizer que eu me incluo nessa lista!
E lá vem mais dedos em riste em direção a minha face: “Seu reacionário! Típico de um burguês da classe média! A favor da causa, mas é só prejudicar as tuas férias que já ficas contra a greve!”. Mas vocês não entendem? É óbvio que eu quero férias (por que algum insano não gostaria de férias?). Mas o que isso tem a ver com ser um burguês da classe média reacionário?
A resposta é a seguinte: eu sou um estudante! E ponto. Eu não posso(simplesmente pelo fato de não poder), como classe estudantil, ser a favor de algo que me prejudica! E não é por egoísmo da minha parte, como pensam alguns. Eu não posso ser a favor porque me prejudicar é exatamente o objetivo da greve: se não prejudicassem os estudantes e o ensino, os professores não fariam greve. Mas ainda assim: não me entendam mal, pois eu não culpo os professores (eles têm todo o direito de fazer greve – e o devem fazer!) por tentarem me prejudicar: pelo que estou percebendo é a única maneira que eles têm para lutar contra seus problemas. O que não significa que eu tenha que gostar disso! Sou a favor da causa, mas contra fazerem greve, pois quero ter aulas. E é isso que todos deveríamos pensar. Se em vez de apoiar a greve dos professores os alunos se preocupassem em ir na direção certa – pressionar o governo para NÃO ter greve porque queremos ter aula –, aí sim seria possível ter algum resultado. Percebem a distorção da coisa? Nós temos que ser contra para ser a favor da causa, e não porque somos contra a causa. Ser contra a greve, não é ser a favor do governo e, sim, ser contra o governo permitir que os professores façam greve.
Mas tudo que tenho encontrado são decepções. Cada vez mais, encontro alunos iludidos (mas por causa nobre, eu sei!), acreditando no velho discurso que temos de apoiar os professores. Isso é uma visão errada e mal-entendida da situação. Agora, estou ouvindo boatos de que os estudantes querem fazer greve juntos! E daí eu me pergunto: se o objetivo da greve é perturbar o sistema para conseguir resultados, o que um estudante está realmente objetivando ao fazer uma greve, prejudicando a si mesmo? É a tal ladeira do Amendoim…http://obisturi.com/2012/07/05/por-que-devemos-ser-contra-a-greve/
Lucas Primo
TEXTO 1 B
A greve dos metroviários de SP terminou com a decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). O reajuste salarial exigido pelos metroviários era de 12,2%, enquanto o Metrô ofereceu 8,7%. Com a decisão do TRT, o reajuste salarial foi de 8,7%.
Por que os metroviários de SP deflagraram a greve?
Nas palavras do presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres Júnior:
"Tem uma Copa do Mundo, o maior evento esportivo do mundo. Estamos em um momento único. Tem também eleições no fim do ano. Os protestos do ano passado entraram na nossa mente. Não pode ficar massacrando, batendo em trabalhador. Em 2007, nós recuamos e houve demissões. Nós podemos sair da luta derrotados se recuarmos ou se continuarmos a greve. Vão tentar nos retaliar agora ou depois. A nossa proposta é continuar a greve."
Para o TRT:
"O direito de greve não pode ser balizado em autoritarismo ou no exercício arbitrário de escolhas subjetivas. Não houve atendimento mínimo à população, gerando grande transtorno, inclusive, no âmbito da segurança pública."
Mas por que a greve foi considerada abusiva?
LEI Nº 8.987, DE 13 DE FEVEREIRO DE 1995
Esta lei dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal. No artigo 6º desta lei, in verbis:
"Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas".
A greve dos metroviários paralisou completamente o atendimento do serviço aos usuários, isto é, não houve continuidade, regularidade do serviço - 100% nos horários de pico e 70% fora desse horário. Além disso, alguns metroviários atearam fogo e houve depredação do patrimônio público. Por essas ações, a greve foi considerada abusiva pelo TRT.http://jus.com.br/artigos/29374/a-greve-dos-metroviarios-de-sp-abusiva-ou-de-pleno-direito
texto 2
O acordo que pôs fim à greve dos garis no Rio de Janeiro, firmado em 08 de março de 2014 entre o Município do Rio de Janeiro e a comissão dos representantes dos trabalhadores, representa um passo importante na reafirmação e consolidação da democracia brasileira. Não seria exagero afirmar que este foi um dos mais importantes movimentos grevistas deflagrados sob a égide da Constituição Federal de 1988.
O movimento dos garis reforçou a previsão constitucional de que a greve é um Direito Fundamental dos trabalhadores. Nesse sentido, o sindicato deve ser instrumento em defesa da melhoria das condições de vida dos trabalhadores, e não mero aparato burocrático de pacificação social.
A greve dos garis também teve o evidente mérito de reiterar os sentidos de normas que passavam por processo de enfraquecimento e limitação de seu alcance, em decorrência de uma aplicação jurisprudencial injustificadamente restritiva das normas afetas ao exercício do Direito de Greve.
Assegurando a greve como um Direito Fundamental, a Constituição Federal, no caput do artigo 9º, define que a titularidade desse direito pertence aos próprios trabalhadores, incumbindo a eles a competência de “decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”. Este entendimento foi reiterado no artigo 1º da Lei nº 7.783/1989.
Em contrariedade a tais dispositivos legais, diversas decisões judiciais entendem que greves de trabalhadores sem a participação de sindicatos constituem “greves selvagens”. Pugnando pela atipicidade de tais movimentos grevistas, firmou-se uma corrente jurisprudencial apontando sua ilegalidade.
Como exemplo, pode-se citar a decisão proferida pela Seção de Dissídios Coletivos do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região nos autos do processo 20142200200002002[1] em 22 de maio de 2002. No caso em questão, a greve fora deflagrada por um grupo de trabalhadores sem a intervenção do sindicato da categoria. O magistrado relator entendeu que este fato implicaria na ilegalidade do movimento.
Como o sindicato suscitado insiste no argumento de que não patrocina a greve, conforme afirmado em sua defesa e esclarecido pelo seu advogado da tribuna, o movimento é flagrantemente "selvagem" (não representado).
Registre-se que os trabalhadores presentes à audiência reconheceram a existência de greve parcial, da qual não tomam parte, desconhecendo, todavia, os motivos que levaram alguns trabalhadores à deflagração da parede.
Diante do quadro acima exposto, não há como deixar de reconhecer a abusividade do movimento de greve, vez que iniciada sem observância dos requisitos fixados pela Lei de Greve.
Abusiva a greve, impõe-se o desconto dos dias de paralisação e, como decorrência natural, o término do movimento.http://jus.com.br/artigos/26893/a-legitimidade-da-comissao-dos-representantes-dos-trabalhadores
TEXTO 3
Os professores municipais de São Paulo decidiram nesta terça-feira manter a greve que já dura 35 dias. Um grupo de cerca de 2.300 docentes, segundo estimativa da Polícia Militar, fez uma assembleia no viaduto do Chá, na frente da prefeitura, após passeata que passou ela avenida Paulista e pela rua da Consolação.
Além dos professores, servidores das demais áreas da administração municipal também participavam do ato e decidiram entrar em greve a partir de quarta-feira (28). Segundo o Sindsep (Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo), são 212 mil servidores de áreas como saúde, cultura, meio ambiente, entre outras, além de aposentados.
Segundo Vlamir Lima, dirigente do sindicato, a prefeitura quer negociar por categoria, enquanto os servidores pedem um acordo conjunto. Os grevistas pedem 11,43% de aumento salarial, reposição da inflação e piso de R$ 820, aponta Lima. Hoje, o piso é de R$ 755.
O sindicato representa todos os servidores, inclusive uma parcela dos professores. A única área que não deve aderir a greve é a GCM (Guarda Civil Metropolitana).
Além de servidores de diversas áreas, o protesto dessa terça-feira também teve a participação de engenheiros e arquitetos da prefeitura.
Joel Silva/Folhapress | ||
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Professores municipais decidem manter greve; outras áreas também param a partir de quarta-feira |
Já os profissionais de educação estão em greve desde o dia 23 de abril e exigem incorporação de abonos ao salário. Um projeto da gestão de Fernando Haddad (PT), porém, se compromete a incorporar o percentual aos salários a partir de 2015, de forma escalonada e sem definir a forma como isso ocorrerá.
O mesmo projeto também concedeu o bônus de 15,38%, o que elevou o piso salarial dos professores com jornada semanal de 40 horas/aula para R$ 3.000 –o valor era de aproximadamente R$ 2.600. Além desse percentual dado a quem recebe o piso, Haddad também concedeu bônus de 13,43% aos salários dos demais profissionais.
Além das incorporações de bônus, a categoria também pede maior segurança nas escolas, redução do número de alunos por sala/turma/agrupamento, direito a 15 minutos de intervalo para os educadores dos CEIs (Centros de Educação Infantil), entre outros.
CET
Funcionários da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) também fizeram uma paralisação nesta terça-feira. Segundo o Sindiviários (Sindicato dos Trabalhadores no Sistema Viário e Urbano do Estado), cerca de 2.050 funcionários aderiram a paralisação, de um total de 4.300.
Com isso, alguns serviços como implantação de faixas reversíveis sofreram atrasos. A CET informou que apesar do atraso, todas as faixas operaram pela manhã.
A faixa reversível da Radial Leste foi parcialmente montada, desde o viaduto Alcântara Machado (rua Placidina) até a ligação leste-oeste.
Já à tarde, a montagem das faixas está sendo realizada sem atrasos, sem alteração, segundo a CET.
O trânsito também ficou acima da média no período da manhã e voltou a ficar alto por volta das 17h desta terça-feira.
A principal reivindicação da categoria é aumento salarial de 12,3% e revisão do plano de carreira. A inflação acumulada desde o último reajuste, em maio de 2013, foi de 6,3%. O piso é R$ 1.553,51 para 220 horas/mês.
A CET afirmou em nota que está em plena negociação com o sindicato e, por isso, "estranha a atitude do sindicato no dia de hoje". A companhia afirmou ainda que "houve três encontros com os representantes sindicais nas últimas três semanas. Amanhã, haverá nova rodada de negociações.
Na quarta-feira, o serviço deve ser retomado por todos os trabalhadores e uma nova reunião está marcada entre a companhia e representantes dos funcionários. http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/05/1460902-professores-decidem-manter-greve-em-sp-outras-areas-tambem-param.shtmlQuem é contra a greve dos garis?
A maneira mais rápida de transformar um país em mais desenvolvido e justo é aumentando os salários das profissões menos valorizadas. Quem se diz de esquerda e garante defender justiça social e está contra a greve dos garis ou não sabe em que lugar histórico deveria estar ou simplesmente é "poser"

Renato Rovai, em seu blog
O Brasil é um país injusto. Muito injusto. Mas é pior que isso.
Além de ter uma das piores distribuições de renda, tem uma burguesia com mentalidade escravista.
Herdeira por princípio da Casa Grande.
E esse sentimento é tão definidor de classe social que mesmo pessoas que se reivindicam de esquerda não conseguem dele se libertar.
Não são poucos alguns grupos que se dizem de esquerda que preferem a ir a lugares caros a ter que se misturar com “gente que não sabe se comportar”.
Não são poucos os que fazem questão de ter uma babá vestida dos pés à cabeça de branco para que ela possa ser identificada sem risco como uma serviçal e não como uma pessoa da família.

Não são poucos os que se posicionavam contra as cotas para negros e utilizavam o argumento da meritocracia.
Não são poucos os que não veem problema em atacar a greve dos garis para defender um governo que os escraviza.
Ou esse pessoal que se diz de esquerda e que fica atacando o legítimo movimento de um grupo de homens e mulheres que ganham 803 reais por mês aceitaria fazer uma experiência de um dia na função?
Ou esse pessoal que se diz de esquerda e que está somando o adicional de insalubridade ao salário para dizer que ele é maior do que realmente é acha que a profissão de gari não é insalubre?
Ou esse pessoal que se diz de esquerda e que diz que a greve não é oportuna por ter sido foi feita no Carnaval é contra greve dos professores em dias de aula e prefere que eles sejam realizadas apenas aos finais de semana?
Ou esse pessoal que se diz de esquerda e que está feliz da vida vendo garis sendo acompanhados por policias para trabalhar não conhece a história e não sabe qual era o papel do capitão do mato na escravidão?
Ou esse pessoal que se diz de esquerda simplesmente não é de esquerda?

A greve dos garis do Rio precisa de toda a solidariedade do movimento social e sindical.
Não é possível que trabalhos penosos, insalubres e que no Brasil ainda são realizados sem o maquinário adequado (sem varredeiras mecanizadas) sejam tão mal remunerados.
A maneira mais rápida de transformar um país em mais desenvolvido e justo é aumentando os salários das profissões menos valorizadas.
Quem diz defender justiça social e está contra greve dos garis ou não sabe em que lugar histórico deveria estar ou simplesmente é poser.
Faz bico de esquerdinha, mas no fundo no fundo quer manter seu status quo e continuar tendo o papel de sinhozinho numa triste página da história que temos enorme dificuldade em virar.http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/03/quem-e-contra-greve-dos-garis.html
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