sexta-feira, 21 de novembro de 2014

CARTA AO DEPUTADO FELICIANO. ASSUNTO: O ENSINO DE CRIACIONISMO NAS ESCOLAS


Texto 1

O projeto de Lei apresentado pelo deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) na Câmara dos Deputados sugere tornar obrigatório na grade curricular de escolas públicas e privadas no Brasil o estudo sobre criacionismo. A teoria trata da interpretação bíblica da origem do universo e dos seres vivos.
De acordo com o texto, os ensinamentos devem incluir noções de que “a vida tem origem em Deus, como criador supremo de todo o universo e de todas as coisas que o compõe”.
O projeto, apresentado na última quinta-feira (13), será encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Na justificativa do texto, Feliciano sugeriu que a maioria da população brasileira crê no ensino criacionista.
“Este ensino tem como fundamento o livro de Gênesis contido no livro dos livros, a saber, a Bíblia Sagrada que é a verdadeira constituição da maioria das religiões do nosso país”, diz o pastor, no documento.
Outra justificativa apresentada pelo deputado é que as crianças “tem se mostrado confusas” em relação ao assunto. “As crianças aprendem nas suas respectivas escolas noções básicas de evolucionismo, quando chegam a suas respectivas igrejas aprendem sobre o criacionismo em rota de colisão com conceitos de formação escolar e acadêmica”, disse Feliciano.
Para o diretor do Sindicato dos Professores do Distrito Federal e docente em Filosofia Cleber Soares, o projeto proposto por Feliciano afronta o estado laico. Ele defende a construção da educação a partir, principalmente, do respeito da diversidade.
“Esse projeto questiona como construímos o estado brasileiro, que é diverso. Sou católico, mas não posso concordar com essa imposição”, afirma o professor.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o ensino religioso é, de forma facultativa, parte da formação básica do cidadão. As aulas sobre religião são garantidas em escolas públicas de ensino fundamental como forma de respeitar a diversidade cultural religiosa do Brasil. É vedada, segundo a lei, qualquer forma de proselitismo nessas aulas.
Segundo Soares, os professores não fazem objeção ao ensino religioso, mas sim ao doutrinamento. Ele explica que a inclusão do ensino religioso na grade curricular foi feita de forma a discutir a diversidade e não a imposição.
“Uma imposição como essa vai gerar mais intolerância em relação a opinião do outro”, defende Soares.
Para a Sociedade Brasileira do Design Inteligente, o criacionismo pode ser ensinado e discutido, juntamente com evidências científicas, em aulas de filosofia e teologia, não na disciplina de ciências.
“Ensine somente ciências em aula de ciências. É um erro colocar criacionismo em aula de ciência. Devemos discutir na ciência o que o mundo empírico nos revela”, defende Marcos Eberlin, integrante da sociedade.
Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias


texto 2

Quando Darwin lançou A Origem das Espécies, em 1859, o primeiro de seus livros que explicam a teoria da evolução, cientistas e intelectuais de todos os matizes foram obrigados a se posicionar diante dos argumentos do naturalista. Apesar do rigor científico das pesquisas que conduzira, suas conclusões ofendiam a todos. Conceitos arraigados havia séculos na biologia, como o de que as espécies não mudam ao longo do tempo, caíram por terra diante dos argumentos de Darwin. A criação do mundo como descrita na Bíblia foi desmontada. Entre todas as suas propostas, a mais difícil de engolir por seus contemporâneos foi a de que o homem não é um animal superior a todos os outros e tem ancestrais em comum com os macacos. "A publicação de A Origem das Espécies destituiu a vida humana de qualquer superioridade em relação aos animais, enterrou o conceito de divindade e pôs fim a milhares de anos de irracionalidade na comunidade científica e em parte da sociedade", disse a VEJA o filósofo Philip Kitcher, da Universidade Columbia e autor do livroLiving with Darwin (Vivendo com Darwin). Os ataques às idéias de Darwin prosseguiram por todo o século XX. O naturalista foi acusado de solapar os valores tradicionais da sociedade e de defender o determinismo genético. Os sociólogos o criticavam por reduzir a complexidade social ao resultado de ações individuais, instintivas e egoístas.
Depois de quase 150 anos da publicação de A Origem das Espécies, a vitória das idéias de Darwin é inequívoca. Entre os grandes nomes que revolucionaram a maneira de pensar, como Karl Marx e Sigmund Freud, Darwin é o único cujas idéias ainda servem de base sólida para avanços extraordinários do conhecimento. Até a teoria geral da relatividade, de Albert Einstein, tem de travar uma queda-de-braço constante com seus adversários, os teóricos da física quântica. Darwin só tem inimigos fora da ciência.

(...)

As escolas infantis russas também vêm sendo palco de campanhas contra o darwinismo. Há poucos meses, manifestando seu apoio a um grupo de pais de alunos que processou uma escola por manter apenas a teoria da evolução das espécies no currículo, o patriarca da Igreja Ortodoxa russa declarou que a teoria de Darwin é "baseada em argumentos deturpados" e que "não há provas concretas de que uma espécie possa se transformar em outra". O episódio que melhor simboliza a resistência das religiões a Darwin ocorre atualmente no Quênia e envolve o mais completo esqueleto humano pré-histórico já descoberto, desenterrado em 1984 e batizado de Turkana Boy. Um dos principais líderes evangélicos do Quênia, o bispo Boniface Adoyo, recusa-se a expor o achado arqueológico. Ele alega que não descende do Turkana Boy nem de algo que se pareça com ele.
(...)

É provável que o embate entre Darwin e as religiões nunca arrefeça. A fé humana já se provou resistente a todos os argumentos da lógica. Por outro lado, o edifício científico construído por Darwin, como se pode observar na exposição montada no Masp, é grande demais para ser renegado. Revista Veja. 

TEXTO 2
O papa Francisco afirmou na segunda-feira (27) que as teorias científicas da evolução e do Big Bang estão corretas e que não são incompatíveis com a existência de um criador.
"Quando lemos sobre a criação no Gênesis, corremos o risco de imaginar que Deus era um mágico com uma varinha capaz de fazer tudo. Mas não é isso", disse.
AFP
Papa Francisco inaugura busto do seu antecessor, papa Bento 16, no Vaticano
Papa Francisco inaugura busto do seu antecessor, papa Bento 16, no Vaticano
Segundo o papa, a teoria do Big Bang, que explica a origem do mundo, não se opõe à ideia de um criador divino –justo ao contrário, exige um criador.
A evolução, diz Francisco, também requer que antes os seres tenham sido criados.
"Deus criou os seres humanos e permitiu que se desenvolvessem de acordo com leis internas que deu a cada um para que alcancem sua realização", disse o papa na Academia Pontifícia de Ciências.
OUTROS PAPAS
Antes de Francisco, o papa Pio 12 já havia recebido bem as ideias do evolucionismo e do Big Bang.
O papa João Paulo 2º chegou a dizer em 1996 que a evolução era um "fato comprovado".
Já o papa Bento 16 defendia a tese de que a seleção natural por si só não explicaria a complexidade do mundo e, assim, haveria um "design inteligente" implícito na evolução.
Ou seja, a evolução não seria um processo do acaso, totalmente não planejado.
BUSTO
O papa Francisco inaugurou um busto do seu antecessor na sede da Academia Pontifícia de Ciências, no Vaticano, e disse algumas palavras em homenagem a Bento 16.
"Ninguém pode dizer que o estudo e a ciência fizeram com que ele e seu amor por Deus e pelo próximo diminuíssem. Ao contrário, o conhecimento, a sabedoria e a oração ampliaram seu coração e seu espírito", disse. 





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